|
|
|
Caso de
leucodistrofia metacromática, forma infantil. A leucodistrofia
metacromática é uma doença de armazenamento do grupo
das esfingolipidoses, por deficiência de aril-sulfatase A, uma enzima
lisossomal que atua no catabolismo dos sulfátides. Estes são
lípides complexos que entram na composição de membranas,
inclusive da baínha de mielina, entre outras funções.
Para mais sobre esfingolipidoses,
clique.
Para casos de neuroimagem, clique (1)
(2) (3).
Para texto ilustrado sobre leucodistrofias, inclusive sobre leucodistrofia metacromática, clique. |
Destaques desta página. | ||
Cortes de celoidina de lobo frontal, temporal, occipital e cerebelo, corados por LFB-Nissl, mostrando extensa desmielinização da substância branca | Idem, tronco cerebral (ponte, bulbo) e medula espinal | Aspectos histologicos. Macrófagos contendo substância metacromática (sulfátide) na substância branca das folhas cerebelares e em neurônios do núcleo denteado. Cresil-violeta |
Acúmulo de substância metacromática (sulfátide) em neurônios e macrófagos no tronco cerebral (foto, neurônios motores do núcleo do facial) | Armazenamento em macrófagos no córtex cerebral. Neurônios não acumulam | Substância branca cerebral : rarefação axonal, alterações degenerativas nas baínhas de mielina, armazenamento em macrófagos |
Lobo
frontal,
ao nível dos giros frontais superior e médio. Linha média à direita, giro do cíngulo e corpo caloso embaixo. Desmielinização total da substância branca profunda e da medular dos giros, com tênue preservação parcial das fibras subcorticais em U. Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. |
Lobo
temporal
e formação hipocampal. Extensa desmielinização da substância branca superficial, profunda e periventricular. Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. |
Lobo
occipital.
A cavidade no centro é o corno posterior do ventrículo lateral. Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. |
Cerebelo.
Desmielinização completa das regiões posteriores do hemisfério cerebelar. Na porção anterior (à direita na foto), em torno do núcleo denteado, a mielina está melhor preservada. Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. Embaixo, corte vizinho corado por HE. |
Ponte,
nível inferior.
Extensa
desmielinização da base da ponte, afetando tanto fibras transversais
quando os tratos piramidais. Há relativa preservação
da decussação do corpo trapezóide (no limite entre
o tegmento e a base da ponte), e de parte do tegmento pontino próximo
ao assoalho do IV ventrículo.
|
Bulbo,
nível médio.
A desmielinização afeta certos tratos e poupa outros. As pirâmides (trato córtico-espinal ou piramidal) estão totalmente desmielinizadas e atróficas, assim como as fibras em torno do núcleo olivar inferior e no seu hilo. |
|
Ao contrário, há preservação do pedúnculo cerebelar inferior ou corpo restiforme, do lemnisco medial (trato sensitivo somático), e nervos cranianos como o hipoglosso (XII), e glossofaríngeo, vago e acessório (IX, X, XI). Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. Para bulbo normal, clique. |
Medula
espinal torácica.
As áreas mais afetadas estão nos funículos laterais, e envolvem especialmente o trato córticospinal lateral ou piramidal. Os funículos posteriores estão preservados. Corte de celoidina corado por LFB - Nissl. Para medula espinal torácica normal, clique. |
Leucodistrofia metacromática, aspectos histológicos. As preparações abaixo são do mesmo paciente, feitas em diferentes regiões do sistema nervoso central. Algumas empregam cortes de celoidina, outras cortes de parafina, e foram coradas por hematoxilina e eosina (HE), luxol fast blue - cresil violeta (LFB-Nissl), PAS, e técnicas para substância metacromática (azul de toluidina ou cresil violeta). As alterações incluem acúmulos de macrófagos ricos em material metacromático (sulfátide) na substância branca, rarefação e alterações degenerativas das bainhas de mielina, e armazenamento de sulfátide no citoplasma de alguns tipos de neurônios, mas não em outros. |
Córtex cerebelar. Pequenos grupos de macrófagos na substância branca das folhas cerebelares, mais intensamente logo abaixo da camada granulosa. Neste corte de celoidina corado por cresil violeta, os macrófagos acumulam sulfátide, que se cora em tom arroxeado forte ou purpúrico. O corante, que é azul escuro, muda de cor para mais avermelhado ou, por vezes, marrom, daí o termo coloração metacromática. No corte à esquerda, embaixo, nota-se também o núcleo denteado com material metacromático em seus neurônios (detalhes abaixo). Notar que as células de Purkinje estão reduzidas em número, mas não apresentam armazenamento. Celoidina, cresil violeta. | |
Córtex
cerebelar.
Em maior aumento, os macrófagos aparecem como pontos vinhosos na substância branca das folhas cerebelares, por vezes agrupados. Não se nota substância metacromática no córtex. |
Clusters
de macrófagos
na interface entre a camada granulosa do córtex cerebelar e a substância branca das folhas. Células de Purkinje não armazenam. |
Núcleo
denteado.
Acúmulo de sulfátide em neurônios. Cresil violeta para substância metacromática. |
Núcleo
denteado, cresil violeta.
Os neurônios ficam com o citoplasma abarrotado de esfingolípide (sulfátide) não degradado por falta da enzima aril-sulfatase. O núcleo mostra-se picnótico e deslocado para a periferia, o que é visto com melhor resolução nos cortes de parafina abaixo, corados por HE e LFB-Nissl. |
Núcleo
denteado, HE.
Neurônios de contorno globoso e núcleo rechaçado para a periferia. Corte de parafina, HE. |
Núcleo
denteado, LFB-Nissl.
Neurônios de contorno globoso e núcleo rechaçado para a periferia. O material armazenado cora-se em azul. Notar baínhas de mielina de axônios que transitam pelo núcleo denteado, com densidade reduzida. Corte de parafina, LFB - Nissl. |
Substância
branca cerebelar, HE.
Macrófagos acumulando sulfátide são notados como células globosas de citoplasma róseo finamente granuloso e núcleo picnótico, entre os axônios. Por vezes, nota-se agrupamento perivascular dos mesmos (foto abaixo). Parafina, HE. |
Camada
granulosa do córtex cerebelar, PAS.
Macrófagos acumulando sulfátide entre os núcleos de neurônios granulosos. O material armazenado é fortemente positivo ao PAS (para procedimento técnico deste, clique). |
Ponte,
tegmento, cresil violeta.
Neste corte de celoidina do tegmento pontino, células que acumulam sulfátide aparecem como pontos escuros. Parte são neurônios motores dos núcleos dos nervos abducente (VI) e facial (VII). Corte de celoidina corado por cresil violeta. |
Ponte,
tegmento.
Acúmulo de sulfátide em neurônios do núcleo do abducente (VI par craniano). Nesta coloração metacromática, o material armazenado no citoplasma toma tom arroxeado, apesar do corante ser azul. A mudança de cor (metacromasia) se deve à natureza ácida do lípide acumulado, que contém radicais SO4 (sulfato). Corte de celoidina corado por cresil violeta. |
Ponte,
cresil violeta.
Acúmulo de sulfátide em neurônios do núcleo do facial (VII par craniano) na ponte. O acúmulo rechaça o citoplasma e o núcleo para um lado da célula. Corte de celoidina corado por cresil violeta. O corte de celoidina é espesso, o que borra os detalhes citológicos. |
Núcleo
do facial, LFB-Nissl.
Neste corte de parafina corado por LFB-Nissl, o material acumulado aparece como área azul pálida em vidro fosco, contrastando com os corpúsculos de Nissl (substância tigróide) e o núcleo com nucléolo proeminente dos neurônios motores multipolares. O corte mais fino permite melhor detalhe citológico. |
Base
da ponte, cresil violeta.
Mesmo corte das fotos acima, mostrando que os neurônios dos núcleos pontinos (ou núcleos da base da ponte) não acumulam sulfátide, em contraste com os neurônios motores de nervos cranianos (VI e VII). O material metacromático encontra-se em macrófagos. |
|
Os neurônios do córtex cerebelar, inclusive as células de Purkinje, também não acumulam, enquanto os neurônios do núcleo denteado acumulam. Isto enfatiza as diferenças metabólicas entre os vários tipos de neurônios do sistema nervoso. |
Base
da ponte, cresil violeta.
Clusters de macrófagos com sulfátide entre fibras transversais da base da ponte. Corte de celoidina corado por cresil violeta. |
Bulbo,
substância reticular, PAS.
Macrófagos com material PAS-positivo acumulado no citoplasma, em espaços perivasculares de Virchow-Robin. Corte de parafina corado por PAS. |
Medula
espinal, LFB-Nissl.
Motoneurônios
com substância de armazenamento no citoplasma. Núcleo intacto,
com nucléolo proeminente. Citoplasma não afetado contém
corpúsculos de Nissl.
|
Córtex
cerebral, HE.
Os neurônios corticais, aqui reconhecíveis pelo formato piramidal, não acumulam sulfátides. Estes, porém, são encontrados em células globosas dispersas pelo neurópilo, presumivelmente macrófagos. Corte de parafina corado por HE. |
Córtex
cerebral, LFB-Nissl.
Com LFB-Nissl, os neurônios aparecem em roxo com sua forma triangular (piramidal). O material armazenado toma cor azul escura quase negra, e aparenta estar em outras células, algumas formando aglomerados perivasculares (foto seguinte). Corte de parafina corado por LFB-Nissl. |
Córtex
cerebral, PAS.
O material armazenado PAS-positivo situa-se em células globosas esparsas no neurópilo, estando os neurônios piramidais aparentemente livres. Corte de parafina corado por PAS. |
Substância
branca cerebral, PAS.
Macrófagos ricos em sulfátide povoam a substância branca do hemisfério cerebral, arranjando-se preferencialmente em torno de pequenas veias. Corte de parafina corado por PAS. |
Substância
branca cerebral, cresil violeta.
Neste corte de celoidina observam-se macrófagos contendo substância metacromática (sulfátide) em espaço perivascular, e grumos esparsos do mesmo material aparentemente livres entre os axônios da substância branca. |
Substância
branca occipital, LFB-Nissl.
Neste corte de parafina, observa-se intensa rarefação dos axônios mielínicos da substância branca, que transitam em várias direções. Em torno da pequena artéria à esquerda, acúmulos de macrófagos ricos em sulfátide, que se cora em azul intenso no LFB. |
Substância
branca occipital, LFB-Nissl.
Macrófagos com material citoplasmático granuloso e corado por LFB, esparsos entre os poucos axônios mielínicos remanescentes. Corte de parafina corado por LFB-Nissl. |
Substância
branca occipital, LFB-Nissl.
Aqui chamam a atenção irregularidades nas baínhas de mielina da substância branca, como dilatações bulbosas e vacuolizações, compatíveis com processo degenerativo. |
Para
mais sobre leucodistrofias : Texto
ilustrado linkado
Para outras doenças desmielinizantes e degenerativas, ver também Neuroimagem, Neuropatologia, Banco de imagens |
|||
Adrenoleucodistrofia. Foto - desmielinização da substância branca frontal com preservação das fibras em U | Leucodistrofia metacromática. Foto - armazenamento de substância metacromática (sulfátides) em neurônios do núcleo do facial na ponte | Leucodistrofia metacromática. Foto - armazenamento de substância metacromática em macrófagos na substância branca cerebelar | Leucodistrofia sudanófila. Foto - desmielinização e cavitação da substância branca frontal, e dilatação ventricular |
Leucodistrofia sudanófila. Foto - desmielinização da substância branca temporal com preservação das fibras em U | Leucodistrofia de células globóides - 3 casos. Foto - desmielinização da substância branca occipital com preservação das fibras em U | Leucodistrofia de células globóides. Foto - células globóides (macrófagos) na substância branca cerebelar | Leucodistrofia de Pelizaeus - Merzbacher. Foto - Aspecto tigróide da substância branca |
Leucodistrofia de Alexander. Foto - megalencefalia e aspecto friável da substância branca | Leucodistrofia de Alexander. Foto - abundantes fibras de Rosenthal na medula lombar | Leucodistrofia de Canavan. Foto - vacúolos na substância branca | M. 5 a. Distrofia muscular congênita por deficiência de merosina, associada a leucodistrofia. Foto - biópsia muscular |
LEUCODISTROFIAS .- CCasos de neuroimagem | |||
M. 6 a. Adrenoleucodistrofia | M. 11 a. Adrenoleucodistrofia | M. 10 a. Adrenoleucodistrofia | M. 7 a. Leucodistrofia metacromática |
F. 30 a. Provável leucodistrofia metacromática, forma do adulto | F. 56 a. Provável leucodistrofia metacromática, forma do adulto | M. 5 a. Leucodistrofia associada a distrofia muscular congênita por deficiência de merosina | M. 11 a. Doença de van der Knaap (leucoencefalopatia megalencefálica com cistos subcorticais). Acompanhamento de 11 anos. Melhores imagens de 4 exames |
Exames em detalhe | |||
Caso com correlação neuropatológica | |||
M. 43 a. Leucodistrofia com alteração vacuolar na substância branca lembrando a doença de Canavan | HE, LFB-Nissl | Imunohistoquímica | |
Módulo Neuro - Página Inicial | Outros módulos | Técnicas histológicas | e-mails : gradanat@fcm.unicamp.br_
__gradanat@unicamp.br |