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1. HE |
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Este caso mereceu atenção pelo seu aspecto histológico, que nos levou ao diagnóstico de um raro astrocitoma pilocítico associando áreas clássicas de baixo grau a outras anaplásicas, com alta celularidade, atipias marcadas, extensas áreas de necrose, proliferação vascular e figuras de mitose. O caso adquire maior interesse em face da idade do paciente, na 7a década (62 anos). Temos na casuística quatro outros exemplos de astrocitoma pilocítico na terceira idade, aos 63, 68, 72 e 73 anos, todos em cerebelo. |
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Nas áreas pilocíticas, chamava a atenção o aspecto classico dos astrocitomas pilocíticos, com células longas e afiladas, frouxamente dispostas em feixes multidirecionados. Os prolongamentos celulares eram muitas vezes espessos, de aspecto hialino, contendo fibras de Rosenthal. Muitas células apresentavam atipias nucleares, por vezes acentuadas, mas o encontro destas em astrocitomas pilocíticos é bem conhecido, sem implicar em maior agressividade do tumor. Para outro caso com notável pleomorfismo celular, clique. |
Aspecto pilocítico clássico. Nas áreas melhor diferenciadas, as células neoplásicas são astrócitos pilocíticos clássicos, ou seja, células bipolares com longos prolongamentos levemente ondulados em arranjo aproximadamente paralelo, mas por vezes formando enovelados densos. A celularidade é baixa, contrastando com as atipias nucleares (ver abaixo). | |
Inclusões hialinas, fibras de Rosenthal. Os astrócitos pilocíticos caracteristicamente mostram no citoplasma acúmulos de uma proteína hialina, a alfa B-cristalina, que pode se apresentar como formas alongadas em cenoura (fibras de Rosenthal) ou formar aglomerados globulares, os corpos hialinos ou hialinos granulosos (ver texto sobre alfa B-cristalina ). Ambas formas são próprias de tumores de baixo grau histológico. Este exemplo, porém, associava-se a áreas mais agressivas, com os comemorativos habituais de tumores de alto grau (ver abaixo). | |
Pleomorfismo, atipias nucleares. Aberrações nucleares as mais diversas eram evidentes, mesmo nas áreas bem diferenciadas, ricas em astrócitos pilocíticos clássicos e fibras de Rosenthal. Para outro caso de astrocitoma pilocítico, este em cerebelo, com notável pleomorfismo celular, clique. | |
Proliferação vascular. Proliferação endotelial (chegando a envelados glomerulóides de capilares, chamados pseudoglomérulos) era comum neste espécime, mesmo em áreas melhor diferenciadas. Por vezes, até figuras de mitose eram observadas nos vasos. Para aspecto dos pseudoglomérulos em CD34 (um marcador de endotélio), clique. Lembrar, porém, que mesmo astrocitomas pilocíticos clássicos (portanto, benignos, ou OMS grau I) podem apresentar proliferação vascular exuberante, dos quais temos vários exemplos (1) (2) (3) (4). Assim, proliferação endotelial por si só (como atipias nucleares por si sós) em astrocitomas pilocíticos não é sinônimo de agressividade. |
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Nas áreas anaplásicas havia maior celularidade, com células fusiformes de núcleos hipercromáticos e variadas atipias, freqüentemente mantendo arranjo em feixes. Figuras de mitose, proliferação vascular e necrose completavam o quadro de anaplasia. Apesar disso, corpos hialinos e hialinos granulosos ainda podiam ser observados, reminescentes das áreas melhor diferenciadas. Entre estes dois extremos havia graus intermediários de anaplasia. |
Atipias celulares incluiam núcleos grandes e hipercromáticos, cromatina grosseira, perda da relação núcleo-citoplasma, e nucléolos evidentes. Várias células tinham forma de girino, sendo diversas binucleadas. | |
Corpos
hialinos.
Inclusões hialinas de variada morfologia (corpos hialinos e hialinos-granulosos) eram observadas entre as células deste astrocitoma pilocítico, mesmo nas áreas anaplásicas. |
Mitoses, observadas com maior freqüência nas áreas anaplásicas do tumor, incluiam figuras típicas e atípicas. | |
Proliferação
vascular.
Exuberante proliferação de capilares formando por vezes grandes tufos glomerulóides foram observados em diversas áreas. Para aspecto com imunohistoquímica para CD34, clique. |
Além de capilares de paredes finas como os acima, havia vasos proliferados com espessamento da parede, empilhamento de células, e atipias também nas células endoteliais. Alguns pequenos vasos mostravam trombose recente e, mais raramente, organizada. | |
Necrose. Além de áreas extensas de necrose coagulativa, pequenos focos eram observados em meio a áreas viáveis do tumor, por vezes com trombose em pequenos vasos. |
Caso do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Centro Médico de Campinas, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff e residentes. Campinas, SP. |
Para mais imagens deste caso: | RM | IH |
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