Astrocitoma  pilocítico  cerebelar  com marcadas  atipias  nucleares

 
Fem.  21 anos 
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Aspecto geral do tumor. 

Neoplasia astrocitária, muito fibrilar e moderadamente celular, composta por células arranjadas em feixes multidirecionados. Chamam a atenção, já em aumento fraco, marcadas atipias nucleares nas células neoplásicas. 

Embora muito proeminentes e preocupantes à primeira vista, atipias nucleares não representam sinal de malignidade nos astrocitomas pilocíticos, e não alteram o bom prognóstico habitualmente associado com estes tumores. 

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Arranjo fasciculado é uma das feições mais características deste tumor, e corresponde ao chamado padrão pilocítico ou de células em cabeleira. Os prolongamentos celulares, que são abundantes e fibrilares dispõem-se paralelamente. O outro padrão histológico comum dos astrocitomas pilocíticos, o padrão protoplasmático com degeneração microcística, não está representado neste caso.  Outro aspecto comum e importante para o diagnóstico são as fibras de Rosenthal (ver quadro seguinte). 
Fibras de Rosenthal e corpos hialinos granulosos.   São estruturas proteicas comuns nos astrocitomas pilocíticos.  Os corpos hialinos granulosos podem ser também observados em outros gliomas de baixo grau, como o ganglioglioma e o xantoastrocitoma pleomórfico. O encontro de uma ou outra formação deve acautelar contra um diagnóstico de agressividade biológica em um tumor neuroectodérmico. 
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Atipias  nucleares. Células gigantes multinucleadas, com núcleos aberrantes, hipercromatismo, nucléolos proeminentes, citoplasma abundante, são uma feição altamente saliente deste espécime. Apesar de morfologicamente impressionantes, não significam agressividade. Não é comum observá-las em um astrocitoma pilocítico, pelo menos não neste grau, mas deve-se conhecê-las para não dar um diagnóstico equivocado de malignidade em um tumor de baixo grau.  Ver Ki-67
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Córtex cerebelar  Uma pequena área de córtex cerebelar com sua clássica estrutura em três camadas foi encontrado na periferia de um dos fragmentos. 

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
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GFAP. Há forte positividade difusa no citoplasma e prolongamentos das células neoplásicas, coerente com a natureza astrocitária e altamente fibrilar do tumor.  As fibras de Rosenthal são constituídas de um núcleo da proteína alfa-B cristalina e, portanto, a parte central das mesmas não reage. A reação é vista na parte periférica, onde há filamentos intermediários constituídos por GFAP. 

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VIM. Fortemente positiva, em padrão citoplasmático semelhante ao do GFAP. É a melhor técnica para demonstrar a morfologia das células neoplásicas, com seu contorno irregular e exuberantes prolongamentos. Porém, algumas células não reagem, notando-se apenas seus núcleos corados por hematoxilina (coloração de fundo). 
Células vimentina - negativas.

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S-100. Positividade nuclear e citoplasmática variável. 

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NSE. Grande parte das células tem positividade citoplasmática, e, em algumas, também nuclear. 

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NF. De modo geral, o tumor é negativo para neurofilamento, um antígeno característico de neurônios bem diferenciados. Porém, em raras células há positividade citoplasmática, aparentemente genuína. O anticorpo é útil para mostrar axônios pré-existentes entre as células neoplásicas, indicando a natureza infiltrativa da neoplasia.  Na última fileira, controle interno positivo, mostrando córtex cerebelar com células de Purkinje e axônios na camada granulosa. 

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SNF. Como com neurofilamento, o tumor é predominantemente negativo. Contudo, demonstram-se algumas células com positividade citoplasmática para este antígeno, considerado específico para neurônios. A reação não seria esperada num tumor claramente astrocitário, mas é muito nítida para ser descartada como simples artefato. Ou é reação cruzada com algum outro antígeno, ou poderia indicar diferenciação neuronal. Como há positividade também para NF (em raras células) e para cromogranina (em maior número de células), esta última possibilidade merece ser mantida em pauta.  Como com neurofilamento, observam-se axônios entre as células neoplásicas, provavelmente pertencentes ao tecido cerebelar, e divulsionados pelo crescimento tumoral. 

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CGR. Como com neurofilamento e sinaptofisina, a grande maioria das células neoplásicas são  negativas para cromogranina. Contudo, demonstram-se algumas células com positividade citoplasmática, mais uma evidência sugestiva de diferenciação neuronal, um fenômeno não habitual em astrocitomas pilocíticos. Com CGR axônios não aparecem. 

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CD34. Rede capilar delicada e bem distribuída, sem sinais de proliferação vascular. 

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Ki-67. Há poucos núcleos marcados com Ki-67 (avaliado como positivo em menos de 1% das células, sem efetuar contagem). Os poucos que reagem são núcleos menores. Os grandes núcleos atípicos e hipercromáticos são praticamente sempre negativos, indicando que estas células não são agressivas ou anaplásicas. 
Núcleos marcados. São poucos e pertencem a células menores. 
Mitoses. Apesar da natureza presumivelmente benigna do tumor foram observadas duas mitoses. Nas células em mitose há marcação forte dos cromossomos na placa metafásica mas, também, em menor intensidade, do citoplasma. 

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p53. Positividade em grande parte dos núcleos, aberrantes ou não, inclusive em várias células multinucleadas, sugerindo que uma mutação do gene p53 teria papel na gênese deste tumor. Há, porém, vários núcleos negativos. 
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