Neupatimagem-UNICAMP

Meningioma psamomatoso espinal.
1. HE e colorações especiais

Fem. 44 a. Clique para : TC, RM, HE, Masson, imunohistoquímica para EMA, S-100, Ki-67.
Espécime. O material enviado consistia de poucos fragmentos pequenos, irregulares, acinzentados, de aspecto incaracterístico, medindo em conjunto cerca de 1 cm. Eram de consistência firme, mas não dura, e não opunham resistência ao corte com navalha, nem produziam o característico ruído de metal contra areia. Contudo, alertados pelos aspectos radiológicos, que indicavam alto conteúdo de cálcio, descalcificamos a amostra por 24 horas antes do processamento. Não fosse esta providência, teria sido impossível obtenção de bons cortes de parafina, dada a natureza densamente mineralizada dos corpos psamomatosos.

Destaques da microscopia.

HE. Grande riqueza de corpos psamomatosos	Poucas células neoplásicas, agrupadas entre os corpos psamomatosos	Masson. Curioso padrão concêntrico de camadas vermelhas e azuis nos corpos psamomatosos


EMA. Positividade citoplasmática nas células neoplásicas, corpos psamomatosos negativos	S-100. Marcação citoplasmática nas células neoplásicas.	Ki-67. Positividade em < 1% dos núcleos das células neoplásicas

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Meningioma psamomatoso - Aspecto geral em HE.

A lesão consistia em miríades de corpos psamomatosos com escasso tecido neoplásico de permeio, inclusive poucos vasos. Chama a atenção o aspecto concêntrico ou em alvo dos corpúsculos, com alternância de camadas basófilas e acidófilas. O motivo desta feição nos escapa. Possivelmente reflete intensidades variáveis na deposição de sais de cálcio, sendo as mais basófilas mais mineralizadas. Alternância semelhante é vista no tricrômico de Masson.

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Na tomografia computadorizada,

a grande quantidade de corpúsculos calcificados resulta em atenuação semelhante à de tecido ósseo. Para mais sobre os exames de imagem deste caso, clique.

Confluência de corpos psamomatosos.

Em certos locais, os corpos psamomatosos eram maiores e chegavam a confluir.

Tecido neoplásico viável. Em algumas áreas, notavam-se agrupamentos de células do meningioma. Essas eram incaracterísticas, com núcleo de cromatina densa, poucas atipias, citoplasma escasso de limites imprecisos. Havia abundantes fibras colágenas de permeio. Os próprios corpos psamomatosos são compostos por colágeno, variavelmente calcificado.
Natureza híbrida (epitelial e conjuntiva) das células do meningioma. A intensa produção de colágeno pelas células do meningioma reflete a natureza fibroblástica das mesmas. Ao mesmo tempo, produzem EMA, ou antígeno epitelial de membrana. No conjunto, as observações salientam o caráter dual (epitelial e conjuntivo) das células aracnóideas que originam o tumor.

COLORAÇÕES ESPECIAIS

Tricrômico de Masson.

Esta antiga e tradicional coloração para tecido conjuntivo (para procedimento técnico, clique) presta-se ao estudo dos meningiomas por diferenciar o colágeno, que se cora em azul, do citoplasma das células tumorais que aparece em róseo (os núcleo em roxo). Foi assim digno de nota que os corpos psamomatosos, que deveriam ser visualizados totalmente em azul, apresentaram uma curiosa alternância de bandas azuis e vermelhas.

Padrão em alvo alternando círculos vermelhos e azuis. O motivo do padrão em alvo não fica claro, mas pode estar relacionado às propriedades químicas do colágeno, talvez modificada pela deposição de sais de cálcio. Em HE, já havia sido notada a coexistência de círculos mais acidófilos e basófilos. É de interesse a comparação com um meningioma de asa do esfenóide que provocou intensa hiperostose. Naquele caso, as trabéculas ósseas hipertróficas mostravam-se fortemente vermelhas no Masson após a descalcificação. Como a matriz óssea é composta por fibras colágenas, deveriam aparecer em azul. Isto sugere que a afinidade do material proteico pelo corante vermelho se deva a algum componente que favoreça a deposição dos sais de cálcio.

Confluência de corpos psamomatosos.

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Agradecimentos. Processamento e cortes histológicos pelos técnicos Aparecido Paulo de Moraes e Viviane Ubiali. Colorações especiais pelo técnico Sérgio Roberto Cardoso. Departamento de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP, Campinas, SP.

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