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Espécime. Grande massa neoplásica enviada em peça única, com cerca de 8 cm. no maior diâmetro, aderida por um istmo ao polo temporal. Na foto à D, peça vista pelo verso. | |
O tecido neoplásico era macio, esponjoso e de cor pardacenta. Ao corte, a parte central era esbranquiçada e mais compacta. |
O lobo temporal que acompanhava o tumor aos cortes mostrava córtex cerebral e substância branca normais. O limite com o tumor era preciso, aparentemente sem infiltração da margem. |
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Aspecto geral do tumor. | . |
Tecido
neoplásico de linhagem
astrocitária, com células volumosas, em geral acentuadamente atípicas, dispostas em torno de eixos conjuntivo- vasculares tomando aspecto pseudopapilífero. |
Pleomorfismo acentuado. Era certamente a feição mais chamativa deste exemplar. Havia grande variação de tamanho e forma das células, núcleos enormes, pseudoinclusões bizarras, multinucleação. Contudo, apesar de todas aberrações, não foram observadas figuras de mitose. É esta desproporção entre o pleomorfismo do tumor e a quantidade de mitoses que deve levantar, na mente do patologista, a hipótese de xantoastrocitoma pleomórfico, e evitar o diagnóstico errôneo de glioblastoma multiforme. | |
Atipias nucleares, pseudoinclusões. Pseudoinclusões são lingüetas de citoplasma que se insinuam em dobras da membrana nuclear, criando a ilusão de material intranuclear. Quanto mais irregular o núcleo, maior a chance de aparecerem pseudoinclusões. Em si, não têm maior significado. Ver seu aspecto na imunohistoquímica para GFAP, VIM e em microscopia eletrônica. | |
Depósitos citoplasmáticos. Outra curiosa feição deste espécime foi o grande número de células com material acumulado em certa área do citoplasma, de aspecto mais claro e finamente granuloso, contorno arredondado e limites nítidos. Geralmente, havia apenas uma destas inclusões por célula, que deslocava o núcleo. Só poucas células tinham aspecto realmente xantomatoso. | |
Vasos.
O tumor era ricamente vascularizado, com muitos vasos anômalos. Havia vasos de parede hialinizada, espessada, com várias luzes, inclusive formações glomerulóides, e trombose. |
Necrose
coagulativa.
Uma pequena quantidade de focos de necrose coagulativa era observada no tumor, em descompasso com a intensidade do pleomorfismo celular. |
Aspecto gemistocítico. Em áreas, o tumor tinha o aspecto clássico de um astrocitoma gemistocítico e lembrava o chamado astrocitoma subependimário de células gigantes da esclerose tuberosa. Contudo, este diagnóstico está afastado em vista dos exames de imagem, que não mostravam relação do tumor com o sistema ventricular. Além disso, a paciente não apresentava estigmas daquela doença. | |
Delimitação
entre o tumor e o cérebro.
Como já notado na macroscopia, havia um limite nítido entre o tumor e o tecido nervoso vizinho. Não foi observada a infiltração em gradiente característica dos astrocitomas difusos. Isto é compatível com o bom prognóstico associado ao xantoastrocitoma. |
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Tricrômico
de Masson.
Cora colágeno em azul e as células tumorais num tom arroxeado a róseo. Aqui, mostra áreas com feixes densos de colágeno, mas, na maior parte, o tumor era pobre em tecido fibroso, que estava restrito aos vasos e a poucas fibras delicadas entre as células. |
Reticulina. Como colágeno, era restrita aos vasos e seu entorno. Ocasionais áreas com fibras entre as células neoplásicas, mas de modo geral escassas. | |
ORO. Coloração para gorduras neutras em cortes de congelação (aqui executada no material já fixado em formol, pois não dispúnhamos de material a fresco). Foi negativa nas células neoplásicas, positiva apenas em macrófagos (achado inespecífico, pois pode aparecer em qualquer tumor ou tecido lesado não neoplásico). Mostra que as células neoplásicas não armazenam lípide, o que confirmamos também por microscopia eletrônica. Portanto, o termo xantoastrocitoma a rigor não é adequado para este espécime em particular, embora, do ponto de vista de entidade nosológica, enquadre-se bem dentro do conceito - tumor astrocitário em pessoa jovem, associado a epilepsia, superficial, sólido-cistico, captante, e com boa delimitação em relação ao cérebro, esperando-se bom prognóstico. | |
PAS.
Reação histoquímica para grupos açúcar, é utilizada para demonstração de glicogênio. Para este fim, usam-se como controles cortes pré-incubados com diastase (amilase salivar). Se o material reativo desaparecer nos cortes pré-incubados, considera-se positivo para glicogênio. |
No presente caso, os depósitos intracitoplasmáticos foram fortemente positivos no PAS, indicando sua natureza glicídica. A digestão do corte com saliva removeu o material, indicando tratar-se de glicogênio. Este é o primeiro caso de nossa experiência em que isso ocorre e não encontramos precedente na literatura. O material acumulado lembra um pouco os assim chamados corpos amiláceos, substância acumulada em prolongamentos astrocitários e constituído por poliglucosan. Contudo, corpos amiláceos não são digeridos por diastase. | |
PAS sem diastase. Coloração de fundo por hematoxilina. | |
PAS com diastase + hematoxilina. Os depósitos citoplasmáticos não reagem mais após digestão pela amilase salivar. Raras células ainda estão positivas (ou a digestão não foi suficiente ou se trata de outro tipo de polímero). | |
Caso do Hospital da Santa Casa de Limeira, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima e Paulo Roland Kaleff. |
Para mais imagens deste caso: | TC | IH | ME |
Características de imagem dos xantoastrocitomas | Textos sobre xantoastrocitoma pleomórfico (1) (2) | Xantoastrocitomas - mais casos: neuroimagem, neuropatologia |
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