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4. Microscopia eletrônica |
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Este tumor
apresentava em microscopia eletrônica dois componentes:
a) Um componente lipidizado, de células com metaplasia adiposa, que acumulavam gotículas lipídicas como adipócitos normais. O tamanho das gotículas era variável, predominando uma gotícula única que aparentemente ocupava toda a célula. Havia, mais raramente, células com várias gotículas menores, sugerindo que, com o tempo, haveria fusão e confluência das mesmas. Nas áreas com metaplasia adiposa as células não apresentavam as feições epiteliais das áreas secretoras (abaixo). As células formavam complexos prolongamentos em dedos de luva, que se encaixavam como peças de um quebra-cabeça. As junções intercelulares eram pobres, sem desmossomos, predominando junções pontuais do tipo macula adherens, que lembravam rebites soldando focalmente as membranas de células vizinhas. Por vezes, as junções eram mais extensas, do tipo zonula adherens. b) Havia também um componente secretor, em que as células assumiam caráter epitelial, com desmossomos. Estas células formavam canais bordejados por microvilos, onde era encontrado o produto secretado, na forma de corpos pseudopsamomatosos, já demonstrados em microscopia óptica (HE, PAS, e imunohistoquímica). Para outros casos de meningioma secretor, clique (1) (2). Este caso, portanto, demonstra a versatilidade e variabilidade das células dos meningiomas, umas assumindo diferenciação para epitélio, outras com caráter nitidamente mesenquimal, qual seja, armazenamento de lípides. |
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As células lipidizadas são indistinguíveis de adipócitos normais. O citoplasma circundando a grande gotícula lipídica é simples e pobre em organelas, reconhecendo-se algumas pequenas mitocôndrias e elementos do retículo endoplasmático. Parece haver uma fina membrana basal ao longo da membrana plasmática. |
Prolongamentos citoplasmáticos de células que não armazenam lípides encaixam-se em complexos padrões interdigitantes. Nestas áreas, poucas junções intercelulares são observadas. Na inserção, corte de congelação corado por Oil Red O mostrando em vermelho lípides acumulados nas células neoplásicas (lipidização, metaplasia adiposa). |
Gotículas lipídicas em formação. Em algumas células, notam-se gotículas pequenas em vesículas citoplasmáticas, pertencentes ao retículo endoplasmático liso, onde lípides (triglicérides) são sintetizados. Estas gotículas devem depois fundir-se à gota maior que preenche a célula. |
Em poucas células, o citoplasma está preenchido por numerosas pequenas gotas de lípide, cada uma circundada por membrana única. Interpretamos como uma fase inicial da metaplasia adiposa, ou seja, da transformação da célula meningotelial em célula lipidizada com gotícula grande e única, como visto acima. |
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Junções intercelulares. Nas áreas do meningioma sem caracteres epiteliais ou glandulares (ver abaixo), as células formam complexos prolongamentos interdigitantes que, em vários locais, estão soldados uns aos outros por pequenas junções puntiformes. Estas aparecem como diminutos focos eletrodensos simétricos nas membranas das duas células vizinhas. Quando pontuais, assemelham-se ao conhecido na literatura como macula adherens. Quando mais largos ou extensos, corresponderiam às junções chamadas zonula adherens. Para mais sobre junções do tipo adherens, clique. |
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Células com diferenciação epitelial ou secretora. Estas células formam grupos coesos em meio às outras do meningioma e são notadas em HE pelos vacúolos redondos que freqüentemente contêm material hialino, os chamados corpúsculos pseudopsamomatosos. Em microscopia eletrônica, observa-se que estas células se unem às vizinhas por desmossomos, e formam canais ricos em microvilos na sua membrana limitante interna. Os canais podem ser intracelulares quando pequenos, mas os maiores são provavelmente formados por duas ou mais células, com limites reconhecíveis. Para outros exemplos de meningioma secretor, inclusive com estudo ultraestrutural, clique (1) (2). |
Canais secretores pequenos estão preechidos por microvilos orientados em várias direções. O que está no centro da foto abaixo é compartilhado por duas células, cujos limites estão tentativamente delineados na foto legendada. Canais destas dimensões passariam facilmente despercebidos em microscopia óptica. |
Microvilos. São estruturas tortuosas e elegantes que podem ser comparados aos encontrados na bordadura em escova das células absortivas intestinais. A membrana externa é continuação da membrana celular ou plasmática. No centro é possível distinguir um pequeno foco eletrodenso que, por analogia a outros tipos de células, deve corresponder a um feixe de filamentos de actina que serve como citoesqueleto do microvilo. |
Lipofuscina. Esses grânulos eletrodensos irregulares, com vacúolos de material mais homogêneo, correspondem a lipofuscina, um pigmento de desgaste habitualmente visto em células que não se dividem, como neurônios e miocardiócitos. Sua origem é em lisossomos que incorporaram refugos intracelulares indigestos, como organelas degeneradas. São inócuos à célula e seu encontro sugere longa vida e senescência. Para exemplo de lipofuscina em um subependimoma, clique. |
Caso do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Centro Médico de Campinas, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff e residentes. Campinas, SP. |
Para mais imagens deste caso: | |||
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