Meningioma  secretor  com  extensa  metaplasia  adiposa.
1. Macro, HE

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Espécime.   O material foi enviado como abundantes fragmentos irregulares, de consistência macia,  que chamavam a atenção pela cor amarela e por alguns flutuarem no líquido fixador.  Ambos atributos sugeriam riqueza em tecido adiposo. 

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Lâminas  escaneadas - HE. 

Permitem visão mesoscópica do tecido, revelando diferentes texturas. Nos fragmentos triangulares, a porção mais convexa é mais clara, indicando maior concentração de células adiposas, e correspondem à periferia da massa neoplásica.  Comparar com imagens de TC e RM

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Correspondência entre áreas  do  tumor  ricas e pobres em lípides em um fragmento corado por HE e uma imagem de RM em T1 sem contraste. 

As áreas mais densas, pobres em lípides, estão mais  próximas à implantação na grande asa do esfenóide. As áreas ricas em lípides situam-se na periferia da massa neoplásica e dão forte hipersinal em T1. 

Para destaques (TC, RM) e detalhes (TC, RM) dos exames de imagem  deste meningioma, clique. 
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Lâminas  escaneadas - VIM. 

Permitem perceber o quão pouco do tumor é efetivamente células neoplásicas, que são positivas para vimentina no citoplasma (marcadas em marrom). 

A parte superficial, onde predominam adipócitos maduros, marca-se pouco, devido à preponderância de lípides nas células. 

A parte profunda é constituída principalmente por colágeno, que não se marca. 

Para mais da imunohistoquímica deste caso, clique


 
HISTOLOGIA  -  HE
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Aspecto geral do tumor.  Este meningioma combina três padrões histológicos básicos. É um meningioma transicional, com redemoínhos, em que várias células exibem diferenciação secretora, com corpúsculos pseudopsamomatosos. Ainda mais proeminente é a extensa diferenciação ou metaplasia adiposa, em que as células tumorais armazenam lípides em grandes vacúolos, tornando-se indistinguíveis de adipócitos normais. Fibras colágenas espessas atravessam o tumor, irradiando a partir da base de implantação na grande asa do esfenóide. 
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Destaques  da  microscopia. 
HE.  Metaplasia adiposa (lipidização) das células do meningioma Áreas de meningioma transicional com redemoínhos. Pseudoinclusões Diferenciação secretora e corpos pseudopsamomatosos
Masson. Abundante tecido fibroso entre as células tumorais PAS. Destaca os corpos pseudopsamomatosos  ORO. Cora gordura em células com metaplasia adiposa
CEA. Positivo nas células com diferenciação secretora e nos corpos pseudopsamomatosos  EMA. Positivo nos corpos pseudopsamomatosos mas geralmente negativo nas células secretoras  AE1AE3.  Positivo nas células secretoras, mas não nos corpos pseudopsamomatosos 
S-100. Positivo focal e em células com metaplasia adiposa VIM.  Positivo na grande maioria das células tumorais, destaca células com lipidização incipiente RP. Positividade em cerca de 70% dos núcleos das células neoplásicas, inclusive nas lipidizadas.
Ki-67. Positivo em menos de 1% dos núcleos. 
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Metaplasia adiposa.  A extensa lipidização das células neoplásicas lhes dá aspecto de adipócitos comuns. As células do meningioma derivam dos fibroblastos da aracnóide e têm, portanto, linhagem mesenquimal, como o tecido adiposo. O fenômeno metaplásico (transformação de um tipo de tecido em outro de linhagem semelhante) é mais notado na periferia do tumor. Em outras áreas, há mistura entre o tecido adiposo e o aspecto habitual nos meningiomas, qual seja, padrão transicional com redemoinhos. 
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Área de meningioma transicional.  Nestas, a proporção de células lipidizadas era bem menor, predominando células alongadas ou ovaladas, dispostas em blocos frouxos, com freqüente arranjo em redemoínhos.  Espessos feixes de fibras colágenas densas cruzam o tumor. 
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Pseudoinclusões.  São dobras de membrana nuclear que criam a ilusão de um vacúolo ou inclusão dentro do núcleo. São de observação comum em meningiomas, embora nem todos as apresentem. 
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Diferenciação epitelial e corpos secretores (pseudopsamomatosos).  A porção do tumor com diferenciação epitelial é mal distinta em HE do padrão transicional, chamando a atenção apenas pelo encontro de vacúolos redondos aparentemente vazios, e/ou dos chamados corpos pseudopsamomatosos. Estes são amorfos, eosinófilos, não calcificados e circundados por um halo claro.  Para detalhes da ultraestrutura deles e das células que os produzem, clique
Obs. Não confundir corpos pseudopsamomatosos com corpos psamomatosos.  Corpos psamomatosos são calcificações que ocorrem em redemoinhos ou em vasos dos meningiomas transicionais. Os corpos pseudopsamomatosos são amorfos, eosinófilos, constituídos por glicoproteínas secretadas pelas próprias células neoplásicas, e contidos em canais formados por elas e bordejados por microvilos.   Não havia corpos psamomatosos neste caso de meningioma. Para corpos psamomatosos clássicos, clique (1) (2).
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Ausência dos corpos pseudopsamomatosos em lúmens intracelulares.

Hipóteses. 

É comum que células claramente secretoras, em tudo semelhantes às que contêm os corpos pseudopsamomatosos, apresentem lúmens vazios, sem os corpúsculos. Propomos duas hipóteses.

  1. 1)  Acreditamos que esses corpúsculos tenham sido eliminados durante a microtomia e ulterior processamento do corte, por serem muito densos e hialinos (qual uma pequena conta de vidro) e que resistam ao corte pela navalha.  Além disso, estão relativamente soltos dentro do lúmen, e podem cair quando o corte é desparafinado, hidratado e corado. 
  2. 2) A outra hipótese é que nem todos lúmens intracelulares contenham corpúsculos. Em microscopia eletrônica, onde o problema acima não ocorre, há vários lúmens bordejados de microvilos e aparentemente vazios, sem corpúsculos.  Em ME, o material está incluído em resina (Araldite) e esta não é retirada após obtenção dos cortes. Se os corpúsculos tivessem caído, restaria um buraco, o que não se observa. 
Se a segunda hipótese for a verdadeira (isto é, que nem todos lúmens contenham corpúsculos), é possível que o material glicoproteico que compõe os corpúsculos seja produzido com diferentes densidades ou graus de hidratação. 
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Caso do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Centro Médico de Campinas, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff e residentes. Campinas, SP.
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Para mais imagens deste caso:
TC, RM Colorações especiais IH ME
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