Neoplasias do SNC: 
características de imagem

 
 

Astrocitomas difusos de baixo grau.

TC (tomografia computadorizada).  Massa localizada ou difusa, hipodensa na tomografia sem contraste, e que não sofre impregnação com contraste. 

RM (ressonância magnética).  É hipointensa em T1 e discretamente hiperintensa em T2, sem impregnação pelo contraste paramagnético (gadolínio). Não há necrose. Pode haver degeneração cística. Há calcificações em 15 a 20% dos casos. Raramente, pode haver edema ou hemorragia. 

Glioblastoma multiforme. 

Como o tumor, as imagens também são  multiformes. 

   TC. Na TC sem contraste é uma lesão muito heterogênea, habitualmente com áreas centrais de baixa densidade, que refletem necrose ou formação de cistos (95% dos casos). Calcificação é rara. Hemorragia em diferentes estágios é freqüente. Há edema periférico, que circunda o tumor e se estende ao longo dos tratos de substância branca. O reforço após contraste é forte e heterogêneo, sendo comum um halo espesso de captação de contraste na periferia do tumor.  Gliomatose cerebral. Este termo é empregado quando não há massa tumoral predominante, mas infiltração difusa dos hemisférios cerebrais, sendo o reforço pós contraste leve ou ausente. 

   RM.    O aspecto também é heterogêneo. Em T1 observa-se massa de sinal misto, mal delineada, com formação de cistos ou necrose, e parede irregular espessa, com reforço marcante e heterogêneo após contraste. Como são tumores altamente vascularizados é possível observar-se 'flow void' (vasos com ausência de sinal) e hemorragias em diversos estágios.  Em T2 destaca-se também o aspecto heterogêneo, com áreas de hipo-, iso- e hipersinal. As áreas de necrose correspondem a hipersinal. As margens do tumor se confundem com o edema circunjacente, não sendo possível diferenciar edema de tumor. 

Astrocitoma  pilocítico

       TC. São tipicamente massas arredondadas ou ovais, bem demarcadas,  de bordas lisas, hipo- ou isodensas. São calcificados em 10% dos casos. Há sempre reforço pelo contraste, que é forte ou variável (heterogêneo). Algumas lesões se reforçam de forma sólida e homogênea, e outras têm nódulo mural que se reforça num grande cisto. 

       RM. Quando císticos, aparecem com iso ou hiposinal em T1, hipersinal em T2.  Nódulos murais e tumores sólidos aparecem como lesões isointensas em T1 e T2 que se reforçam com contraste de forma forte e heterogênea. 

Meduloblastoma 

Constituem 10 a 15% dos tumores cerebrais primários em crianças e  um terço das neoplasias pediátricas da fossa posterior. Incidência maior antes dos 15 anos, com predominância do sexo masculino. 

TC.  Tipicamente é uma massa vermiana (75%), aspecto piriforme ou arredondado, que desloca o IVº ventrículo. 25% ocorrem em regiões laterais. Um fino crescente de líquor pode às vezes ser identificado ao redor da lesão. São homogeneamente hiperdensos na TC sem contraste. Calcificações em 15% dos casos. Hemorragias são raras. Com contraste, há reforço moderado e homogêneo. Contudo, esta aparência típica é vista só em 30% dos casos. Outras feições são comuns: alterações císticas, 65%, isodensidade na TC sem contraste em 3% e ausência de impregnação em 3%.  Em crianças, 15 a 20% dos meduloblastomas estão situados fora da linha média. Em adultos a localização preferencial é fora da linha média. 

RM.  O tumor preenche o IVº ventrículo e se estende inferiormente pelo foramen de Magendie para a cisterna magna. Hidrocefalia é comum. É heterogeneamente hipointenso em relação à substância cinzenta em T1 , com cistos hiperintensos em T2 em 75 a 80% dos casos. A porção sólida da lesão varia de hipo a hiperintenso em T2. O reforço por contraste é variável. Impregnação moderada é típica. Muitos tumores mostram só reforço parcial. Em crianças mais velhas e adultos, os meduloblastomas são encontrados principalmente nos hemisférios cerebelares e com freqüentes  alterações císticas. As margens do tumor são menos bem definidas, e alguns podem assemelhar-se ao meningioma. Em 50% dos casos há disseminação liquórica. Em 5% pode haver disseminação extracraniana, principalmente para osso. São metástases líticas, mas podem também ser osteoblásticas. Disseminação meníngea já está presente na fase inicial dos sintomas em 10 a 50% dos casos. Aparecem na TC e RM como focos lineares de reforço (em T1 com contraste) nas cisternas e sulcos. O método de escolha para detecção é a RM  em T1 com contraste. É superior a RM sem contraste, TC, mielografia e mielotomografia. 

Meningioma 

TC: Em  70 - 75 % dos casos o tumor é hiperdenso. São feições comuns: calcificação (20-25%), áreas císticas (10 - 20 %) e edema perilesional (60 %). Na grande maioria (> 90%) há reforço forte e uniforme por contraste iodado.  Hemorragia é rara. 

RM:O tumor é isointenso com a substância branca. É discretamente hipointenso em T1 e hiperintenso em T2 em relação ao córtex. Em 95% há reforço (impregnação) forte com contraste. Há fenda liquórica ou vascular ao redor da imagem. Em 60% observa-se a chamada cauda dural (trata-se de alteração reacional da dura, não infiltração pelo tumor). 

Localização dos meningiomas: 25% parasagital, 20% na convexidade,  15 a 20% na borda esfenoidal, 5 a 10% na goteira do olfatório, 5 a 10% paraselar, 10% na fossa posterior ao longo do clivus (próximo ao poro acústico), 2% em outras localizações, como intraventricular, região pineal e baínha do nervo óptico, e 1% extracraniano  (nariz, seios da face).

Schwannoma 

Excetuando-se os nervos olfativo e óptico, que são tratos do próprio sistema nervoso central, todos os outros nervos cranianos e espinais têm raízes compostas em parte por células de Schwann (como os nervos periféricos), sendo portanto locais potenciais de schwannomas.  São mais comuns os schwannomas do nervo vestíbulo-coclear (90%). De 5-6% podem acometer o N. trigêmeo, vindo em terceiro lugar o N. facial. Outros nervos cranianos são envolvidos só raramente, exceto se há neurofibromatose do tipo 2. Schwannomas múltiplos são uma das características desta doença, sendo o schwannoma bilateral do nervo acústico considerado diagnóstico. 

TC: Schwannomas são iso- ou hipodensos em relação ao cérebro. Calcificações ou hemorragias são incomuns.  Praticamente todos se reforçam intensamente pelo contraste iodado. A impregnação pode ser homogênea ou, especialmente em lesões maiores, pode ser heterogênea devido a degeneração cística, alteração xantomatosa ou áreas de hipocelularidade (Antoni B) adjacentes a áreas hipercelulares (Antoni A) ou colágenas. Às vezes se associam a cistos aracnóideos, por represamento de líquor no local. 

RM: O tumor apresenta-se como massa extraaxial, com orla de líquor ou de vasos, e comprime o tronco e o córtex cerebelar. Nos schwannomas do nervo vestíbulo-coclear, a porção extracanalicular é tipicamente maior que a intracanalicular. 75% destes tumores são levemente hipointensos em relação ao cérebro em cortes pesados em T1 (isto é, são mais hidratados) e o restante é isointenso. Nas seqüências pesadas em T2 e em DP (densidade de prótons) apresentam hipersinal de leve a marcante, dependendo da quantidade de água ou dos focos de degeneração cística.  Todos mostram intenso reforço após contraste. A impregnação é homogênea em 2/3 dos casos, levemente heterogênea em 10% e fortemente heterogênea com degeneração cística em 22%.   Pode haver edema peritumoral em 30%  e cistos aracnóideos associados em 7%.  O principal diagnóstico diferencial é o meningioma do ângulo ponto-cerebelar. Quando é possível identificar a cauda dural, esta fala a favor deste último, mas o diagnóstico muitas vezes é difícil. Outras lesões incluem metástases, hemangiomas e doenças inflamatórias como a sarcoidose. 

Metástases

Metástases constituem de 25 a 33% de todas as lesões tumorais cerebrais.  80% são múltiplas. São mais freqüentes em idosos. Locais comuns são no crânio (na calota, especialmente dos tumores de pulmão e mama),  no parênquima (que é o sítio preferencial,  principalmente na junção entre substância branca e cinzenta), e nas leptomeninges. Menos habitualmente são vistas na dura-máter e em placas piais ou subpiais. Raramente, há a encefalite carcinomatosa e a encefalite límbica, esta última uma doença paraneoplásica. 

No crânio, podem-se observar desde pequenas metástases diplóicas até grandes áreas de destruição óssea. Metástases ósseas muitas vezes envolvem também a dura-máter. Metástases leptomeníngeas são menos comuns que as parenquimatosas. O espaço subaracnóideo pode ser difusamente envolvido, comprometendo principalmente as cisternas basais. 

Tumores de origem de metástases ao SNC em ordem decrescente: pulmão, mama, melanoma, tumores gastrointestinais e gênito-urinários. 

TC. Sem contraste, mostram-se como massas iso- ou hiperdensas. Raramente calcificam.  Com contraste, têm reforço sólido ou anular. É característico que apresentem acentuado edema ao redor. 

RM.  São hipointensas em T1 e iso- ou hiperintensas em T2. Reforçam-se moderada a intensamente com contraste.  Em geral apresentam grande edema ao seu redor. Pulmão e mama são origem comum de metástases císticas ou necróticas.  Pode haver hemorragia em diferentes estágios, sendo mais comuns no melanoma. 
 


 
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