Neupatimagem-UNICAMP

Cavernoma frontal.
1. Macro, imagens sob lupa

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Masc., 18 a. Clique para história clínica, resumo dos exames de imagem, aspectos sob lupa estereoscópica, microscopia em HE e tricrômico de Masson. Breve texto sobre malformações vasculares do SNC : telangiectasias, cavernomas, malformações arterio-venosas (MAVs).

Espécime.

Foi enviada a peça abaixo, de aspecto pouco expressivo na inspeção externa, exceto pela cor escura, acentuadamente ferruginosa.

Após corte ao longo do maior eixo, ficou claro que se tratava de um giro cerebral com o cavernoma na sua parte profunda. O córtex apresentava cor amarelada devido à impregnação por hemossiderina, conseqüente a anos de pequenos sangramentos da malformação. A substância branca da medular do giro apresentava-se gliótica e cavitada. Uma pequena área hemorrágica recente, superficial e em cunha, foi atribuída ao trauma cirúrgico.

FOTOGRAFIA SOB LUPA ESTEREOSCÓPICA

As fotos abaixo foram obtidas do mesmo espécime sob microscópio estereoscópico, usando maior resolução de imagem para aproveitar a maior finura de detalhe. O espécime foi mergulhado em álcool absoluto em uma placa de Petri, o que permite recuperação dos tons de vermelho perdidos com a fixação formólica. A foto sob superfície líquida com iluminação oblíqua elimina reflexos indesejáveis.

Visão mesoscópica. Estas fotos permitem observação com detalhe intermediário entre a macroscopia a olho nu e a microscopia em objetiva panorâmica. Tal transição é desejável por abranger todo o espécime de uma só vez, e por permitir insights sobre a estrutura, preservando as cores da impressão macroscópica. Exposições pelo fotógrafo do Depto de Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Sr. Adilson Abílio Piaza.

Estrutura do cavernoma. A malformação é constituída por vasos dilatados, de paredes extremamente delgadas, que na grande maioria parecem preenchidos por trombos parietais ou oclusivos. Trombos mostram diferentes fases de evolução, indo desde a cor vermelha como a de um coágulo a branca como de tecido fibroso. Em plano de corte favorável, nota-se a estratificação em camadas (linhas de Zahn), que se formam durante a trombose, por repetidos ciclos de deposição de elementos figurados do sangue. Entre os vasos não há praticamente tecido nervoso.

Mais fotos. A malformação foi amplamente documentada nas duas metades, e as melhores fotos são apresentadas abaixo para proveito geral, sem restrição numérica.

Córtex cerebral, substância branca, gliose. O córtex cerebral vizinho ao cavernoma tem cor amarelada atribuída à deposição de hemossiderina. Clique para aspecto histológico. Tem também gliose, tanto do tipo fibrilar com astrócitos gemistocíticos, como do tipo pilocítico, com fibras de Rosenthal. A substância branca do giro apresenta também intensa gliose, e aqui aparece com textura esponjosa e cor rósea. A estrutura branca à direita, que parece soltar-se de uma cavidade, pareceu-nos compatível com um trombo organizado, mas não foi possível comprovação histológica (desapareceu no desbaste do bloco).

Cavernoma, trombos.

Trombo parietal em organização.

Nesta formação trombótica em forma de cogumelo, o pedúnculo aderido à parede vascular é branco, formado por tecido fibroso resultante da organização. Acima, seguem-se várias camadas mais e menos claras, que fazem transição para um ápice róseo, onde a organização deve ainda ser incipiente. Clique para histologia de trombos recentes, em organização e recanalização.

Em áreas vizinhas há um trombo já totalmente organizado, e vários vasos, provavelmente permeáveis, que enfatizam a finura de paredes e a irregularidade de contorno dos canais vasculares do cavernoma.

Trombo parietal pedunculado.

Esta caprichosa estrutura nos pareceu compatível com um trombo parietal, já parcialmente organizado, que ficou ancorado no vaso por apenas um fino pedúnculo. O sangue em volta parece fluido pela homogeneidade, embora, a rigor, esta impressão só poderia ser confirmada na peça a fresco.

Delgadez das paredes vasculares. Esta área central em grande aumento mostra como as estruturas vasculares são finas e delicadas, constituídas apenas por delgada camada de colágeno, que aqui aparece em branco. Conferir com os aspectos histológicos em HE e tricrômico de Masson.

Hemossiderose.

Os vasos de paredes muito finas são também muito frágeis e propensos a hemorragias espontâneas. As hemácias são fagocitadas e o ferro da hemoglobina, no citoplasma de macrófagos, se transforma em hemossiderina que tem cor de amarela a marrom.

As áreas amareladas podem também conter hematoidina (= bilirrubina ou pigmento biliar, livre no tecido). Ver exemplo em meningioma.

Para pigmentos derivados da hemoglobina (hemossiderina, bilirrubina) na Patologia Geral, clique.