Necrose - 1
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NECROSE

Definição:  Necrose é morte de parte de um organismo vivo. 
Pode atingir células isoladas, áreas de um tecido ou órgãos inteiros. Tecido necrótico = Tecido morto. 
Autólise: digestão de um tecido morto por suas próprias enzimas. Vale tanto para um tecido necrótico num organismo vivo como para a decomposição  do organismo após a morte.

Necrofanerose.  Aparecimento das características morfológicas da necrose no tecido ( ou seja, picnose nuclear, eosinofilia do citoplasma).  Notar que necrose é o evento fisiológico da parada de funcionamento da célula como máquina organizada. Outra coisa são as modificações estruturais da célula, tecido ou órgão observáveis com métodos morfológicos (observação direta, microscópio óptico ou eletrônico). Isto é que é necrofanerose.
            O tempo para necrofanerose varia com o tipo de tecido, temperatura, circunstâncias metabólicas e o método de observação empregado.  P. ex., ao microscópio óptico, o tempo para necrofanerose é tipicamente de 6 horas. Com o microscópio eletrônico, alterações irreversíveis (ruptura da membrana celular, degeneração das mitocôndrias), são demonstráveis já minutos após a necrose.

 

Características morfológicas de células necróticas: 

picnose  nuclear, cariolise;  eosinofilia do citoplasma. 
NECROSE
NORMAL
HIPÓFISE
CORAÇÃO
 
Picnose: retração e adensamento do núcleo, com perda da individualidade dos grânulos de cromatina.

Cariorrexe:  fragmentação do núcleo picnótico. 

Cariolise:  coloração nuclear pálida e fraca. 

Eosinofilia : o citoplasma perde a leve basofilia que lhe é característica, passando a cor-de-rosa forte (afinidade pela eosina). Isto ocorre por digestão do RNA do citoplasma (p. ex. dos ribosomos).

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NECROSE  COAGULATIVA   E   LIQUEFATIVA

Necrose  coagulativa: permanência das células necróticas no tecido como restos ‘fantasmas’. São removidos lentamente por fagocitose a partir da periferia da área necrótica. 

Necrose  liqüefativa: as células necróticas são removidas rapidamente por fagocitose em toda a área necrótica. 

Cada tipo é mais observado em certos tecidos que em outros, e depende de circunstâncias. 

Exemplos de necrose coagulativa. 

1) INFARTOS.  A maioria dos INFARTOS  (necroses por falta de irrigação de um tecido, ou seja, por  isquemia),  são do tipo coagulativo.  Exemplos: infarto do miocárdio, do rim, do baço.  Uma notável exceção é o cérebro, onde as necroses, inclusive os infartos, são quase sempre liqüefativas.

Num infarto com necrose coagulativa ocorre geralmente  parada completa da circulação sangüínea nos capilares da área necrótica. Com isto não chegam neutrófilos nem macrófagos, que são células fagocitárias essenciais para a rápida ‘limpeza’ dos restos necróticos. As células mortas permanecem por longo tempo onde estavam. 

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Ocorrem as alterações nucleares (picnose, seguida de cariólise; cariorrexe é mais rara) e eventualmente o núcleo desaparece totalmente. O citoplasma passa a eosinófilo. Este conjunto de alterações constitui a necrofanerose (ou manifestação morfológica da necrose). O tempo decorrido até este ponto é geralmente de poucos dias (tipicamente 4 dias a 1 semana). 

O material necrótico é removido lentamente a partir da periferia porque lá existe circulação capilar íntegra, de onde provêm células fagocitárias. A remoção do material necrótico por fagócitos é chamada heterólise

Macroscopicamente, a área de necrose coagulativa é firme e pálida (por ausência de circulação), bem delimitada do tecido normal.  Quando a causa é isquêmica (infarto), é característica a forma em cunha, com o ângulo voltado para o centro do órgão, isto é, para o vaso ocluído.

2) Tumores de crescimento muito rápido, superando a capacidade de suprimento pelos vasos do próprio tumor.

3) Lesões intensas por agentes físicos  (ex, queimaduras graves), ou químicos (ácidos e bases fortes). 

4) Necrose caseosa.   É um tipo especial de necrose coagulativa que se instala no meio da  reação inflamatória provocada por certas doenças, principalmente a tuberculose. A área necrótica fica com aspecto macroscópico de queijo fresco (lembra mais queijo mineiro, ou ricota).   Microscopicamente, o aspecto é róseo, finamente granuloso. É freqüente a calcificação (abaixo). 

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5) Gangrena.   É uma forma especial de necrose isquêmica em que o tecido necrótico sofre modificação por agentes externos como ar ou bactérias.  Exemplos:
a) No cordão umbilical após o nascimento: fica negro e seco. 
b) Nas extremidades inferiores, após obstrução vascular por aterosclerose, especialmente em diabéticos,  traumatismos com lesão de vasos, moldes de gesso excessivamente justos, congelamento, etc. 

GANGRENA SECA.   A área necrótica perde água para o ambiente, ficando seca, retraída e com aspecto mumificado.  Fica também negra, por alteração da hemoglobina. 

GANGRENA ÚMIDA.  Quando o tecido necrótico se contamina com bactérias saprófitas, que digerem o tecido, amolecendo-o, fala-se em  gangrena  úmida. Estas bactérias são geralmente anaeróbicas e produzem enzimas proteolíticas e fosfolipases. 

GANGRENA  GASOSA.  Quando as bactérias contaminantes  pertencem ao gênero Clostridium, pode haver também produção de gases, daí a  gangrena  gasosa. 

Em órgãos internos pode também haver gangrena quando houver a combinação de necrose com infecção por agentes bacterianos.  Exemplos:  pulmão, vesícula biliar, intestino. 
 

6) Esteatonecrose. Necrose do tecido adiposo, mais comum na pele (hipoderme), mama, retroperitônio e epíploo. Lesões traumáticas, isquêmicas ou químicas podem levar à ruptura de células adiposas. O exemplo mais observado é na pancreatite aguda.  A ação de lipases pancreáticas libera ácidos graxos dos triglicérides e estes reagem com íons Ca++  dos líquidos intersticiais formando sabões insolúveis de cálcio, que têm aspecto semelhante a cera de vela.  Os próprios ácidos graxos livres e as enzimas pancreáticas são lesivos às células vizinhas intactas, favorecendo a disseminação da necrose. 

Exemplos de necrose liqüefativa. 

1) INFARTOS.  O melhor exemplo de uma necrose liqüefativa é um  infarto cerebral

No infarto cerebral, ao contrário do do miocárdio, por exemplo, não costuma haver parada completa, e sim uma redução acentuada da circulação, suficiente para matar os neurônios, mas que não impede a chegada de células sanguíneas ao local da lesão. 

Há rápido aparecimento de células fagocitárias (ou seja, macrófagos, neste caso também chamados de  células grânulo-adiposas).  Os macrófagos são em parte provenientes da micróglia, (e, portanto, já residentes no tecido); e em parte provêm de monócitos do sangue.  Removem em poucos dias o material necrótico. Isto se traduz macroscopicamente pelo amolecimento do tecido necrótico, que fica transformado em papa, daí o nome necrose liqüefativa. Outros órgãos onde a necrose é geralmente liqüefativa são os pulmões e intestinos.

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A necrose liquefativa é própria de tecidos ricos em lípides, como o cérebro e a supra-renal, mas não é bem claro o quanto isto contribui para a liquefação rápida da necrose. 

2)  ABSCESSOS.  Abscessos são áreas de infecção bacteriana purulenta  que produzem uma nova cavidade no tecido. Esta nova cavidade resulta de uma necrose liqüefativa, por ação das enzimas proteolíticas das próprias bactérias, e dos neutrófilos atraídos para combatê-las. 

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Lembrar  :
GANGRENA É NECROSE QUE SOFREU AÇÃO DO AR OU DE BACTÉRIAS.
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