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Lam. A. 350 |
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A principal forma de esteatose com importância clínica ocorre
no fígado (lam. A. 48.) Quando
macrófagos fagocitam lípides, seu citoplasma fica finamente
vacuolado e claro, e o fenômeno é conhecido como esteatose
por absorção. Aqui usamos uma lâmina de infarto
cerebral antigo para demonstrar esta alteração.
Infarto é uma necrose (morte celular ou tecidual) de causa vascular, geralmente isquêmica, isto é, por falta de suprimento sanguíneo àquele território. No cérebro, infartos por obstrução de ramos arteriais são freqüentes. O tecido nervoso, muito rico em lípides, sofre necrose, e os restos necróticos são fagocitados por macrófagos pertencentes em parte à micróglia, e em parte provenientes de monócitos do sangue, que afluem à área infartada. Esses macrófagos que fagocitam lípides do tecido nervoso necrótico são chamados células grânulo-adiposas, porque os lípides parecem grânulos claros no citoplasma. Isto acontece porque os lípides são incorporados em fagossomos e, portanto, ficam isolados em organelas no citoplasma e não confluem em vacúolos maiores. Nisto o fenômeno difere da esteatose no hepatócito, onde os vacúolos de lípide se formam no retículo endoplasmático liso e não são limitados por membranas, podendo fundir-se e originar gotículas grandes. |
Este fragmento de córtex cerebral tem dois giros, um normal e outro com infarto dito laminar, que afeta as camadas centrais do córtex. É no centro desta área de infarto, ocorrido algumas semanas antes da morte do paciente, que se observam as células grânulo-adiposas. |
O infarto foi completo no córtex cerebral, da 2a. à 6a. camadas, isto é, aí sofreram necrose os neurônios e os astrócitos, restando uma cavidade preenchida por macrófagos de citoplasma espumoso (células grânulo-adiposas) que fagocitaram os restos necróticos. Na 1a. camada cortical, chamada camada molecular, os astrócitos sobreviveram e sofreram hipertrofia, formando astrócitos gemistocíticos. Estes também são vistos, e em maior número, na substância branca subcortical. |
CÓRTEX
NECRÓTICO PARA VER
CÉLULAS GRÂNULO-ADIPOSAS FAGOCITANDO LÍPIDES |
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As células grânulo-adiposas neste caso são numerosas porque o infarto é antigo (cerca de um mês) e houve tempo para a migração e acúmulo dos macrófagos que lhes deram origem. Constituem, portanto, um bom exemplo de esteatose por absorção em macrófagos. |
O motivo para ver esta lâmina agora é a esteatose microgoticular por absorção em células grânulo-adiposas. Porém, é interessante aproveitar para observar outro tipo de célula (que nada tem a ver com esteatose), muito proeminente neste corte de cérebro com lesão antiga. Trata-se dos astrócitos gemistocíticos. Estão presentes em volta da área de infarto; no caso, isto significa na camada molecular (a mais superficial) do córtex, e na substância branca limítrofe ao infarto. |
A
SUBSTÂNCIA BRANCA SUBCORTICAL NA ÁREA
DO INFARTO
TAMBÉM CONTÉM MUITOS ASTRÓCITOS GEMISTOCÍTICOS |
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CÓRTEX CEREBRAL NORMAL PARA COMPARAR | |
O giro vizinho ao do infarto neste corte tem aspecto normal e serve para recordar a estrutura do córtex cerebral. Notar os neurônios, com núcleo redondo, cromatina frouxa, nucléolo evidente e citoplasma basófilo. Os neurônios aqui demonstrados têm forma aproximadamente triangular e são chamados neurônios piramidais do córtex cerebral. Os núcleos pequenos e escuros entre eles são de células da glia. O material róseo mais ou menos homogêneo que preenche todo o espaço restante é chamado neurópilo e é constituído por prolongamentos celulares tanto dos neurônios como das células da glia, pelos axônios que chegam e pelas sinapses. Sua estrutura só pode ser bem observada em microscopia eletrônica. Para mais detalhes sobre o córtex cerebral normal, medula espinal normal, leptomeninges, tipos de células da glia e capilares cerebrais, siga os links. |
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