Paracoccidioidomicose  cerebral  -  focos múltiplos simulando metástases. 1. Macro, HE
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Masc. 47 a.  Paciente com lesões cerebrais múltiplas simulando metástases (ver ressonância magnética).  Estudo de uma das lesões revelou tratar-se de paracoccidioidomicose. Nesta página, macroscopia da lesão e HE. Na página seguinte, colorações especiais - Grocott e PAS
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Espécime cirúrgico. 

Nódulo esférico com 2 cm. de diâmetro, superfície externa levemente irregular, consistência firme e elástica. 

Ao corte, um curioso arranjo em camadas concêntricas.  Todo o interior era constituído por material necrótico, que continha abundantes fungos nas colorações especiais. A reação inflamatória era restrita à periferia e corresponderia à orla de impregnação por contraste na ressonância magnética

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Destaques  da  microscopia. 
HE.  Periferia da lesão - tecido fibroso, microabscessos, granulomas. Foto - microabscesso.  Fungos (Paracoccidioides brasiliensis) livres no tecido.  Fungos no citoplasma de gigantócitos, alguns em brotamento
Lesões vasculares Necrose coagulativa no centro da lesão  Margem de tecido nervoso gliótico - astrócitos gemistocíticos, macrófagos xantomatosos  
Grocott.  Impregnação suave sem contracoloração, para detalhes morfológicos dos fungos Brotamento múltiplo em roda de leme  Grocott + hematoxilina. Contracoloração mostra relações entre fungos e células 
Grocott + HE Grocott + verde luz PAS + hematoxilina.
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Periferia da lesão.    A margem externa do nódulo era constituída por tecido fibroso denso, com vasos e focos de infiltrado inflamatório polimórfico. Este era em parte de neutrófilos, que podiam aglomerar-se em microabscessos, e em agrupamentos de células inflamatórias crônicas inespecíficas (linfócitos, plasmócitos e macrófagos). Fungos com padrão morfológico compatível com Paracoccidioides brasiliensis eram observados irregularmente na periferia do nódulo, não raro em grandes quantidades. O centro da lesão era totalmente necrose coagulativa
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Exsudato  de  neutrófilos, microabscessos.  Por definição, abscesso é uma coleção de exsudato purulento que forma uma cavidade nova (para exemplos clique (1) (2). Comparar com empiema (exsudato que preenche uma cavidade pré-existente) e flegmão (exsudato que permeia entre elementos de um tecido). Aqui há vários microabscessos, que em colorações especiais abaixo, mostram fungos (paracoccidioides) entre os neutrófilos. 
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Reação inflamatória crônica, granulomas, fibrose.    A cápsula da lesão era constituída por tecido fibroso denso com focos de células inflamatórias crônicas, além dos microabscessos, e continha fungos soltos, agrupados ou fagocitados por células gigantes. 
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Fungos  soltos ou  agrupados no tecido.   Podia haver grande abundância de fungos livres em aglomerados compactos. Estes mostravam na HE protoplasma (a parte viva do parasita) em tom basófilo forte, delimitado pela cápsula incolor. Detalhes nas colorações de Grocott e PAS. A morfologia dos microrganismos é compatível com Paracoccidioides brasiliensis. 
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Células  gigantes  com  fungos.   Parasitas eram também vistos fagocitados por células gigantes, que geralmente tinham os núcleos periféricos.  Provavelmente se reproduziam por brotamento no citoplasma destas células, como em exemplo neste quadro. 
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Lesões  vasculares.   Eram proeminentes na periferia da lesão. Manifestavam-se como espessamento fibroso da íntima de pequenas artérias (endarterite produtiva) ou compressão destes vasos por massas de parasitas a sua volta. O resultado era redução do suprimento sanguíneo, levando a necrose coagulativa das áreas internas da lesão.  Aspecto semelhante é observado na toxoplasmose, no caso por endarterite produtiva (clique para exemplos) (1)(2)(3).
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Centro da lesão, necrose coagulativa. 

Ao lado, estrutura compatível com vaso necrótico, hialinizado, com luz obstruída. Apesar da natureza acelular do material necrótico, numerosos fungos eram demonstráveis nas colorações especiais

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Periferia da lesão, transição para tecido nervoso. Astrócitos  reacionais.   Externamente à área fibrótica e inflamada discutida acima, o tecido nervoso mostrava as alterações reacionais inespecíficas observadas em lesões de qualquer natureza. As células encontradas eram os astrócitos gemistocíticos, com seu citoplasma róseo, homogêneo e abundante, em vidro fosco, irradiando finos prolongamentos periféricos.  Macrófagos xantomatosos (quadro seguinte) representam células fagocitárias do material degenerado, como bainhas de mielina. 
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Macrófagos  xantomatosos. 
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Agradecimento.  Caso do Hospital Santa Casa de Limeira, SP, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima e Paulo Roland Kaleff e residentes.  Preparações histológicas pela técnica Viviane Ubiali.  Depto de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP. 
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Para mais imagens deste caso: TC, RM HE Colorações especiais
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Para mais sobre paracoccidioidomicose (do curso de graduação).    Neuroimagem
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laringe
língua
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Lâminas:
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Banco de imagens: 
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Linfonodo : 
esfregaço, congelação
parafina HE
Grocott
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