Ganglioglioma  associado a  tumor neuroepitelial disembrioplásico (DNT). 
1 - HE (DNT, ganglioglioma)

 
ESPÉCIME  CIRÚRGICO.  A nova cirurgia teve a finalidade de  ampliar ressecção anterior, retirando tecido das margens da lacuna cirúrgica. Ao corte, o córtex cerebral parecia espesso e tinha aspecto homogêneo, hidratado e levemente translúcido. Foi realizada ampla amostragem para inclusão em parafina. Provavelmente, o bloco mais à E na fileira de baixo foi o utilizado para os cortes que ilustram o caso. 
Reconstrução hipotética das relações entre  imagem, peça e lâmina, baseada em semelhanças morfológicas.  Não temos evidência conclusiva de que o fragmento cirúrgico tenha sido retirado do sulco demonstrado na imagem de IR da RM de 15/3/05.  Contudo, é bem possível que aspecto frouxo e hidratado do córtex cerebral que margeia aquele sulco, que tem forte hiposinal em T1, poderia corresponder ao DNT demonstrado nesta página e nas seguintes. 

 
LÂMINAS   ESCANEADAS
HE

A imagem ao lado mostra um sulco cerebral e partes de dois giros. O córtex da profundidade do sulco, que aparece em róseo mais forte, corresponde microscopicamente a uma área de ganglioglioma. O restante do córtex, que tem textura mais frouxa, apresenta as feições do tumor neuroepitelial disembrioplásico ou DNT.  Duas pequenas áreas arredondadas mais frouxas pertencem ao DNT mas têm textura diferente (ver detalhes). 

Vimentina. 

Lâmina de reação imunohistoquímica para vimentina. A pequena área de ganglioglioma no córtex da profundidade do sulco está fortemente marcada devido à maior densidade do tecido e riqueza em astrócitos fibrosos.  Vimentina é ótima para demonstrar áreas fortemente glióticas. 


 
PARAFINA  -  HE
Área superficial de córtex com DNT. 

A camada molecular é mais densa devido à gliose. Todas as camadas abaixo têm o aspecto frouxo característico do DNT, com espaços claros ricos em fluido, por vezes contendo neurônios 'flutuantes'  (ver mais abaixo). 

Nódulos frouxos. 

Em dois locais, demonstrados na lâmina escaneada, o tecido era mais hidratado e claro que o córtex em volta e continha menos neurônios. 

Limite com o ganglioglioma. 

A transição era brusca, notada pelo caráter mais denso do ganglioglioma (na metade esquerda da foto), sem os espaços vazios do DNT.  O ganglioglioma continha concreções calcáreas esparsas, ausentes no DNT. 


 
Área de DNT.  Grande parte do córtex cerebral retirado na segunda cirurgia tinha a arquitetura clássica do tumor neuroepitelial disembrioplásico (DNT). Havia manutenção da população neuronal, e da disposição dos neurônios em colunas, mas o neurópilo era muito mais frouxo e mais celular que o normal. Predominavam pequenas células com núcleos redondos e escuros, lembrando oligodendrócitos.  Os neurônios, na maioria, eram circundados por fluido, parecendo 'boiar' em espaços vazios ('neurônios flutuantes' ou floating neurons).  Alguns neurônios pareciam ter orientação invertida, com o dendrito apical para 'baixo' ou seja voltado para a substância branca. Mais exemplos nos quadros de imunohistoquímica. Leptomeninge para cima em todas as fotos. 
Neurônios 'flutuantes'. 
Nódulos  frouxos. Nestas duas pequenas áreas intracorticais de contorno arredondado, a textura era ainda mais frouxa e hidratada. As pequenas células lembrando oligodendrócitos predominavam de forma absoluta, e poucos neurônios eram notados.  Esta arquitetura com nódulos hidratados intracorticais é uma das características do DNT. 

 
Area de ganglioglioma.  O ganglioglioma, que ocupava o córtex da profundidade do sulco, era mais denso que o DNT, e continha astrócitos fibrosos e neurônios, melhor demonstrados respectivamente por VIM e NSE. Concreções calcáreas estavam dispersas pelo tecido, o que não ocorria na área de DNT. 



 
IMUNOHISTOQUÍMICA -  DESTAQUES

 
D. N .T.
A imunohistoquímica salienta aspectos de um córtex malformado, com aberrações celulares e arquiteturais. Para detalhes, veja antígenos neuronais e antígenos gliais
NSE. Melhor marcação para neurônios.
NF. Axônios e anomalias neuronais.
SNF.  Positividade no neurópilo.  CGR.  Positividade nos neurônios. 
VIM. 

Destaca anomalias de astrócitos e neurônios.

GFAP.
S-100. 

 
GANGLIOGLIOMA
A imunohistoquímica mostra arranjo compacto de células neuronais e gliais morfologicamente aberrantes, e envolvimento dos neurônios por prolongamentos celulares VIM e S-100 positivos, mas GFAP negativos.   Para detalhes, veja página do ganglioglioma
NSE. Melhor marcação para neurônios.
SNF. 
Positivo entre as células tumorais.
NF.  Positividade em neurônios e axônios. CGR.  Positividade focal nos neurônios. 
VIM. 

Astrócitos anômalos e neurônios 'presos'.

S-100.
GFAP.

 
CÉLULAS  'PLUMIFORMES'
 Células neurais de natureza incerta, possivelmente imaturas ou displásicas, destacadas por CD34, VIM, e talvez S-100, mas negativas para GFAP. Para detalhes, veja outra página
CD34. 

Células bipolares com exuberante arborização.

VIM. 
S-100
GFAP. 
Não se notam células como as acima, mas há muitos astrócitos anômalos.

 
Para mais imagens deste caso:  TC, RM IH, ganglioglioma
DNT, IH para neurônios DNT, IH para glia e outros DNT, células 'plumiformes'
Sobre gangliogliomas Características de imagem dos gangliogliomas Neuroimagem e neuropatologia de outros casos de ganglioglioma
Sobre o DNT Características de imagem dos DNTs Neuroimagem e neuropatologia de outros casos de DNT
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