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Fem. 8 a 5 m. Clique para TC, RM, destaques da microscopia, HE, IH : S-100, CD45, CD3, CD20, CD68, CD1A, GFAP, SNF, NF, CD34, Ki67, texto. |
Destaques da microscopia. | ||
HE. Infiltrado polimórfico com predomínio de histiócitos, invasão cerebral a partir da leptomeninge | Infiltração pelos espaços de Virchow-Robin | Infiltração a partir da substância branca |
Lesão
cerebral, aspecto geral
Macrófagos são as células principais Mitoses. Células de Touton. |
Emperipolese (fagocitose de células inflamatórias intactas) em células gigantes | Emperipolese em macrófagos mononucleares |
Linfócitos | Plasmócitos | Neurônios remanescentes |
S-100. Positivo forte em macrófagos, nuclear e citoplasmático. Numerosas figuras de emperipolese (núcleos azuis) | CD45. Emperipolese - células fagocitadas positivas, células hospedeiras negativas | CD3. Predomínio de linfócitos T no infiltrado |
CD3. Emperipolese de linfócitos T | CD20. Linfócitos B em minoria no infiltrado | CD68. Positivo citoplasmático intenso nos macrófagos do infiltrado |
CD1A. Totalmente negativo, afasta histiocitose de Langerhans | GFAP. Astrócitos reativos demonstram natureza infiltrativa da lesão | SNF. Positivo em neurônios e axônios remanescentes |
NF. Idem | CD34. Positivo em capilares, na maioria retilíneos e pouco ramificados | Ki-67. Positividade em cerca de 10% dos núcleos no total, mais freqüente em linfócitos que em macrófagos |
HE. Córtex cerebral - infiltração a partir da leptomeninge e dos espaços de Virchow-Robin. A lesão acometia tanto a leptomeninge e o espaço subaracnóideo como a substância branca profunda. O componente meníngeo infiltrava o córtex ao longo dos espaços perivasculares de Virchow-Robin. |
Infiltração dos espaços de Virchow-Robin. Os espaços perivasculares de Virchow-Robin são fundos de saco que acompanham os vasos que penetram no cérebro, em continuidade com o espaço subaracnóideo. Processos inflamatórios ou neoplásicos nas leptomeninges podem insinuar-se no parênquima cerebral por esta via. No caso, as células do infiltrado que compõem a lesão formam manguitos perivasculares nas camadas superficiais do córtex. |
Córtex cerebral - infiltração a partir da profundidade. A parte profunda da lesão situada substância branca também infiltrava o córtex cerebral na forma de lingüetas. |
Lesão no parênquima cerebral. A lesão não é propriamente neoplásica, e sim constituída por um infiltrado celular misto, em que predominam macrófagos de citoplasma róseo abundante, com componentes menores de linfócitos, plasmócitos e células gigantes multinucleadas. Nestas é possível observar numerosos exemplos de emperipolese, o curioso fenômeno de fagocitose de células inflamatórias viáveis, na maior parte linfócitos, que ficam visíveis no citoplasma dos gigantócitos. A emperipolese é a característica mais marcante da doença de Rosai-Dorfman, uma histiocitose não-Langerhans (ver texto e tabela). Emperipolese por macrófagos mononucleares também ocorre, mas é mais difícil de reconhecer em HE, sendo melhor documentada na imunohistoquímica para proteína S-100 e células hematológicas (CD45). |
Macrófagos. Histiócitos ou macrófagos são o principal componente do infiltrado na doença de Rosai-Dorfman. São células volumosas em arranjo compacto, com citoplasma róseo de limites geralmente bem definidos, núcleo de cromatina densa, contorno irregular, às vezes retorcidos ou chanfrados, com nucléolo pequeno. Poderiam ser facilmente confundíveis com células de Langerhans (1)(2)(3), mas estas são positivas para CD1A, que foi totalmente negativo neste caso. Há ocasionais mitoses típicas. Células gigantes do tipo Touton, com núcleos dispostos em coroa ao redor de um centro de citoplasma anucleado, são pouco freqüentes. Clique para outros exemplos (1)(2). | |
Emperipolese em células gigantes. O fenômeno da emperipolese é a existência de células viáveis, geralmente linfócitos, plasmócitos ou macrófagos, no citoplasma de outras células, sendo que ambas parecem em boas condições de saúde. Para revisões recentes, clique (1)(2). Aqui vemos gigantócitos esparsos no infiltrado de macrófagos mononucleares, contendo uma ou mais células fagocitadas no citoplasma, aparentemente linfócitos e outros macrófagos. Os núcleos da célula gigante podem estar aglomerados na porção central da célula, na periferia, ou esparsos. | |
Emperipolese em macrófagos mononucleares. Emperipolese em macrófagos monocelulares é menos óbvia na HE devido à dificuldade de identificar os limites celulares com segurança. Fica-se freqüentemente em dúvida se as células estão realmente uma dentro da outra ou meramente acoladas ou superpostas. Com imunohistoquímica para proteína S-100 a decisão é mais fácil, pois o núcleo e o citoplasma do macrófago hospedeiro ficam positivos, enquanto a célula hospedada é negativa. | |
Linfócitos. Além dos macrófagos mono- ou multinucleados, participam do infiltrado na doença de Rosai-Dorfman linfócitos, com forte predomínio de linhagem T (ver CD3) e poucos plasmócitos esparsos. Os linfócitos podem agrupar-se em torno de vasos ou mesclar-se aos macrófagos. |
Plasmócitos. Reconhecíveis por seu citoplasma fortemente basófilo e núcleo excêntrico. Em alguns é possível observar a cromatina 'em roda de carroça'. Raramente são binucleados. | |
Neurônios. Observaram-se também células com morfologia sugestiva de neurônios (núcleo redondo, vesiculoso, nucléolo evidente, citoplasma basófilo), que foram consideradas como células do córtex cerebral invadido pela histiocitose. A interpretação encontra apoio na imunohistoquímica para sinaptofisina e neurofilamento. | |
Doenças histiocíticas (histiocitoses). Histiocitose de células de Langerhans. Terminologia. Este termo foi endossado em 1987 pela Sociedade Histiocítica (http://www.histiocytesociety.org) para designar as várias condições clínico-patológicas até então conhecidas como doença de Hand-Schüller-Christian, doença de Letterer-Siwe e granuloma eosinófilo do osso, substituindo o termo histiocitose X, proposto em 1953, o ‘X’ indicando a falta de conhecimento sobre a etiologia e fisiopatologia da doença. A classificação mais recente lista 3 grupos principais, ou seja –
Clínica, localização. Envolvimento leptomeníngeo e/ou dural é comum em todos os tipos, especialmente na doença de Rosai-Dorfman, onde é clássica a semelhança radiológica com meningioma. A forma mais comum da histiocitose de células de Langerhans é uma lesão osteolítica do crânio, antigamente referida como ‘granuloma eosinófilo’. Lesões ósseas multifocais com envolvimento hipotalâmico eram previamente designadas doença de Hand-Schüller-Christian. O cérebro pode ser o sítio primário de manifestação, tipicamente hipotálamo, infundíbulo e quiasma óptico. Contudo, extensão secundária a partir de lesões ósseas é muito mais comum. Alterações radiológicas fora do crânio podem ajudar, como a esclerose simétrica de ossos longos, virtualmente patognomônica da doença de Erdheim-Chester. Histopatologia e imunohistoquímica da histiocitose de células de Langerhans. A lesão é caracterizada por número variável de células de Langerhans além de elementos não neoplásicos reativos, que incluem eosinófilos, neutrófilos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e algumas células multinucleadas. As células de Langerhans mostram núcleos indentados ou convolutos, às vezes com condensação linear da cromatina dando aspecto em grão de café. Histoquímica para CD1A é o meio mais comum para confirmar o diagnóstico. Positividade para S-100 e langerina (CD207) também ajudam. A demonstração ultraestrutural de grânulos de Birbeck foi de importância histórica para definição da doença, mas atualmente microscopia eletrônica raramente é utilizada. Histiocitoses não Langerhans. Doença de Rosai-Dorfman A principal histiocitose não Langerhans é a doença de Rosai-Dorfman, que mais comumente apresenta massas solitárias ou múltiplas baseadas na dura-máter e que radiologicamente simulam meningiomas. Lesões intracerebrais são raras. Envolvimento cerebral isolado corresponde a 5% dos casos. Em 50% dos casos há manifestações associadas, como linfoadenopatia maciça com histiocitose sinusal, febre, leucocitose, aumento da velocidade de hemossedimentação, hipergamaglobulinemia policlonal e perda de peso. Histologicamente, as lesões da doença de Rosai-Dorfman são vagamente nodulares e claras no aumento fraco. São compostas de um infiltrado misto de histiócitos grandes e pálidos, com nucléolos proeminentes, positivos para S-100 e CD68, mas negativos para CD1A. Plasmócitos são comuns, não raro com corpúsculos de Russell no citoplasma. O infiltrado inflamatório é policlonal, representando um processo reativo e não uma verdadeira neoplasia. O fenômeno da emperipolese consiste no englobamento de linfócitos ou plasmócitos intactos no citoplasma de histiócitos grandes ou células gigantes e é observado em 70% dos casos. Na maioria dos casos a doença é autolimitada e o prognóstico excelente. Tratamento consiste na remoção cirúrgica de novas lesões. Doença de Erdheim-Chester. Pode envolver cérebro, meninges, plexo coróide, região selar e medula espinal de pacientes adultos (idade mediana 43 anos). Nas meninges, a lesão consiste principalmente de histiócitos xantomatosos, com núcleos vesiculosos, nucléolos e citoplasma abundante, às vezes fusiforme. Pode haver células de Touton (com núcleos em coroa na periferia da célula, também vistas no xantogranuloma juvenil). Os histiócitos são positivos para CD68 e fator XIIIa, negativos para CD1A. S-100 é negativa ou só fracamente positiva. Associa-se infiltrado linfoplasmocitário, eosinófilos e fibrose. Há envolvimento neurológico em 30% dos casos e quase sempre sintomas não neurológicos, especialmente dor óssea (esclerose de ossos longos). Ao contrário da doença de Rosai-Dorfman, a doença de Erdheim-Chester é progressiva e de mau prognóstico, freqüentemente fatal em alguns anos. Fonte.
Paulus W, Perry A. Lymphomas and histiocytic tumors. Chapter 14 in
Perry A, Brat DJ. Eds. Practical Surgical Neuropathology. Churchill
Livingstone Elsevier, Philadelphia. 2010. pp 326-32.
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Doença | Clínica | Localização | Histologia | Imuno |
Histiocitose de células de Langerhans | Crianças (freqüentemente < 10 anos). Diabetes insipidus. | Tumor ósseo no crânio, disseminação secundária ao sistema nervoso central. Hipotálamo | Células de Langerhans com núcleos recurvados ou sulcados. Eosinófilos abundantes. | CD1A+, S100+, CD68+
Grânulos de Birbeck na microscopia eletrônica. |
Doença de Rosai-Dorfman | Crianças ou adultos. Só cerebral ou sistêmica. Imita meningioma na imagem | Baseada na dura | Infiltrado forma lóbulos e é rico em plasmócitos. Emperipolese em 70%. | S100+, CD1A- |
Doença de Erdheim-Chester | Adultos, afeta ossos, pele, pulmão. | Hipotálamo, hipófise, órbita, meninges, SNC | Histiócitos xantomatosos, às vezes fusiformes. Células gigantes de Touton | S100+, CD1A-,
fator XIIIa+ |
Xantogranuloma juvenil | Crianças pequenas ou maiores. Pode ter doença sistêmica ou cutânea. | Meníngea, ventricular, parenquimatosa. | Histiócitos xantomatosos, às vezes fusiformes. Células gigantes de Touton | S100+, CD1A-,
fator XIIIa+ |
Sarcoma histiocítico | Crianças ou adultos. Só cerebral ou sistêmica. | Meníngea, parenquimatosa. | Anaplasia | S100-, CD1A- |
Agradecimentos. Caso do Centro Infantil Boldrini, Campinas, SP. Preparações histopatológicas e imunohistoquímicas pelos membros do Laboratório de Patologia do Centro Boldrini - Aparecido Paulo de Moraes, Irineu Mantovanelli Neto e Adriana Worschech. |
Para mais imagens deste caso: | |||
RM | HE, texto | IH. S100, CD45, CD3, CD20, CD68, CD1A | IH. GFAP, SNF, NF, CD34, Ki67 |
Textos sobre macrófagos,
células dendríticas, células
de Langerhans, grânulos
de Birbeck, Langerina,
histiocitoses em geral, histiocitose X ou de células de Langerhans, doença de Rosai-Dorfman, CD1a, CD68. |
Histiocitoses, mais casos:
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