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5. Microscopia eletrônica. |
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Fem. 37 a. Espécime colhido por ocasião da biópsia de congelação - material a fresco recebido diretamente da mesa cirúrgica. Imersão imediata de pequenos fragmentos (1-2 mm) no fixador adequado (líquido de Karnovsky) é essencial, pois a preservação da ultraestrutura é inversamente proporcional ao tempo entre a retirada da amostra e a fixação. |
Neste tumor indiferenciado, a microscopia eletrônica permite analisar em detalhe a morfologia das células e suas interrelações. As células têm contorno irregular, pródigo em finos prolongamentos que se entrelaçam ou se agrupam, formando um reticulado análogo ao neurópilo da substância cinzenta normal do tecido nervoso. Há grande irregularidade dos núcleos, muitos com profundas dobras da membrana. Células com núcleos polilobados ou multinucleadas são comuns. Organelas citoplasmáticas, como o complexo de Golgi, mitocôndrias, centríolos e microtúbulos, são de observação freqüente. Havia raras evidências de diferenciação neuronal incipiente. Foi possível estudar uma só mitose. Já figuras de apoptose povoam praticamente todos os campos, com corpos apoptóticos livres ou englobados pelo citoplasma de várias células. |
Destaques da microscopia eletrônica. | ||
Núcleos. Irregulares, polilobados, com constrições da membrana nuclear. | Organelas citoplasmáticas - Complexo de Golgi. | Microtúbulos. Seu encontro em prolongamentos citoplasmáticos sugere diferenciação neuronal |
Centríolos. | Mitocôndrias. Na foto, exemplo com morfologia aberrante | Neurópilo tumoral. Prolongamentos citoplasmáticos em paralelo |
Diferenciação neuronal. Expansões citoplasmáticas ricas em ribossomos, originando prolongamentos ricos em microtúbulos | Mitose. Só uma mitose atípica foi estudada | Apoptose. Corpos apoptóticos englobados por células neoplásicas viáveis |
Clique para espécime, esfregaço, congelação, destaques da parafina em HE e da imunohistoquímica. | ||
Tentativa
de correlação entre um campo em HE
e imagem de microscopia eletrônica. Notar variabilidade dos núcleos,
alguns com contorno caprichosamente
recortado, corpos apoptóticos, e tecido róseo entre os núcleos na HE, que corresponde a trama de prolongamentos celulares em ME (neurópilo). |
Núcleos.
Vários núcleos apresentavam contorno muito irregular. Dobras e reentrâncias da membrana nuclear (carioteca) por vezes pareciam segregar parcelas de cromatina. Estas ficavam presas à porção principal do núcleo pelos folhetos da carioteca em íntimo contato, lembrando cordão umbilical, ou um meso, como o mesocólon. |
Dobras
da membrana nuclear.
Ao lado, exemplo extremo de dobras da membrana nuclear. Célula contém também corpos apoptóticos englobados no citoplasma. |
Organelas
citoplasmáticas.
O complexo de Golgi era proeminente em várias células neoplásicas, em forma de cisternas empilhadas como panquecas, e vesículas associadas às bordas. O Golgi está envolvido no processamento e destino das proteínas produzidas pela célula. Os lisossomos aparecem como estruturas arredondadas e eletrodensas, responsáveis pela degradação controlada de macromoléculas intracelulares. |
Microtúbulos.
São constituídos por subunidades a e b da proteína tubulina arranjadas em um cilindro oco com diâmetro externo de 25 nm. Cada cilindro é formado por 13 protofilamentos em paralelo. Microtúbulos são estruturas rígidas, encontradas em prolongamentos neuronais (dendritos e axônios), e sugerem que os perfis celulares aqui observados podem estar associados a células tumorais com diferenciação neuronal. |
Centríolos e centrossomo. Centríolos são estruturas cilindricas duplas e dispostas perpendicularmente entre si. Cada cilindro é constituído por nove tripletos de microtúbulos, arranjados radialmente como roda de carroça, e ligados por várias proteínas. Os centríolos ajudam a organizar o fuso mitótico e também servem (em versão modificada) como corpos basais de cílios e flagelos. O centrossomo é uma concentração difusa e mal definida de proteínas, que circunda o par de centríolos à maneira de uma nuvem. É no centrossomo que se encontram as proteínas (g-tubulinas) que promovem a nucleação dos microtúbulos para formar o fuso mitótico. |
Mitocôndrias.
Mitocôndrias eram de modo geral normais no espécime. Esta curiosa organela aberrante foi achado isolado em um prolongamento celular. O diagnóstico de mitocôndria é baseado na dupla membrana externa e cristas. |
Neurópilo
tumoral.
O espaço entre os corpos das células neoplásicas é ocupado por finos prolongamentos citoplasmáticos compactamente arranjados, à maneira do neurópilo da substância cinzenta normal do cérebro, como no córtex. |
Neurópilo.
Os prolongamentos citoplasmáticos são de variados diâmetros. Ajustam-se entre si como peças de um quebra-cabeça, praticamente sem deixar espaço extracelular. A arquitetura interna e composição de organelas é variável, sendo comuns perfis ricos em microtúbulos, coexistindo com mitocôndrias, lisossomos, vesículas e canais do retículo endoplasmático liso. |
Neurópilo
pode lembrar pseudorrosetas de Homer Wright.
Os prolongamentos citoplasmáticos por vezes agrupam-se, lembrando as pseudorrosetas de Homer Wright vistas em tumores de linhagem neuronal, como meduloblastomas, neurocitoma central, e neuroblastoma periférico. |
Diferenciação
neuronal incipiente.
Ocasionalmente, estruturas lembrando neurônios imaturos eram encontradas. Ao lado, um perfil citoplasmático com polaridade. A parte em cima e à direita, mais larga, continua-se por um prolongamento com microtúbulos, análogo ao que se observaria em um dendrito ou axônio. A semelhança é acentuada por junções eletrodensas em ambas extremidades da estrutura - que lembram sinapses, embora sem vesículas de transmissor. |
Outro
exemplo sugestivo de diferenciação neuronal.
Neste outro perfil, a semelhança com um neurônio é acentuada por rosetas de ribossomos no citoplasma da extremidade bulbosa, ausentes no prolongamento rico em microtúbulos que se estende à esquerda. |
Estruturas
lembrando sinapses.
Não raro, observavam-se junções eletrodensas do tipo adherens entre prolongamentos celulares. A morfologia lembrava sinapses entre terminais axonais e espinhas dendríticas, com a importante diferença que nenhum dos perfis em contato continha vesículas secretoras. O encontro destas estruturas no neurópilo de um tumor imaturo sugere diferenciação neuronal incipiente. |
Mitose.
Uma figura de mitose, presumivelmente atípica, mostra cromossomos condensados em pequenos grupos irregulares e espalhados pelo citoplasma. A membrana nuclear está ausente, já que se desintegra no início do processo. A célula assume contorno arredondado. Os centríolos não estão visíveis, ambos fora do plano de corte. |
Fuso mitótico.
É constituído por microtúbulos que irradiam a partir dos centrossomos, estes fora do plano de corte. Os microtúbulos se inserem nos centrômeros dos cromossomos condensados e os tracionam para os polos da célula na anáfase. |
Apoptose.
Figuras de apoptose eram comuns neste tumor, consoante com a rápida proliferação e degradação celulares de um tumor altamente maligno (ver Ki-67). Corpos apoptóticos, com variada morfologia e em diferentes fases, não raro estavam englobados por células vizinhas viáveis, como no exemplo ao lado. |
Na apoptose, células geneticamente inviáveis acionam um mecanismo de morte celular programada que leva à condensação da cromatina e fragmentação desta e do citoplasma. Os corpúsculos resultantes (corpos apoptóticos) são englobados e digeridos pelas células vizinhas sem produzir reação inflamatória. A célula ao lado, com núcleo exuberantemente polilobado, contém três corpos apoptóticos no seu citoplasma. Para mais sobre apoptose, clique. |
Preparações de microscopia eletrônica pelas técnicas, Sras. Marilúcia Ruggiero Martins e Geralda Domiciana de Pádua. A elas, nossos agradecimentos. |
Para mais imagens deste caso: | ||||
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