Glioblastoma multiforme da glândula pineal.  1.  HE 
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A biópsia do tumor de pineal constava apenas de pequenos fragmentos em um bloco de parafina, encaminhado de outro serviço para revisão diagnóstica antes do tratamento. A lâmina de HE mostrou um glioma de alto grau, preenchendo os critérios para glioblastoma multiforme (astrocitoma difuso grau IV). A natureza astrocitária das células foi confirmada na reação imunohistoquímica para GFAP. Para dados clínicos e exames de imagem, clique.
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Destaques  da  microscopia. 
HE.  Neoplasia astrocitária de alto grau, hipercelularidade, atipias.  Multinucleação.  Pseudoinclusões intranucleares
Proliferação endotelial, trombose, necrose.  Mitoses, algumas atípicas.  Corpora arenacea (próprios da pineal) no tumor e áreas necróticas. 
GFAP. Positivo em grande parte das células neoplásicas, várias multinucleadas  GFAP. Pseudoinclusões intranucleares VIM. Positividade em maior proporção de células que GFAP. 
VIM. Mitoses típicas e atípicas em células positivas e negativas. S-100.  Positividade predominantemente citoplasmática, às vezes também nuclear NF. Negativo na amostra. Destaque para algumas mitoses atípicas
CD34.  Positivo em vasos, negativo no tumor. Capilares proliferados com luz ocluída Ki-67. Positividade em cerca de 10 a 15% das células neoplásicas p53. Negativo em toda a amostra.
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HISTOLOGIA  -  HE
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Aspecto geral.

Neoplasia de linhagem astrocitária, altamente celular, com vasos espessados por proliferação endotelial e extensas áreas de necrose. 

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Alta celularidade, atipias, multinucleação, pseudoinclusões. As células apresentavam características de astrócitos atípicos, com prolongamentos citoplasmáticos que se imbricavam, formando uma rede fibrilar de fundo. Havia considerável variação do volume e cromatismo nucleares (discariose), muitas células multinucleadas e algumas com pseudoinclusões intranucleares. 
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Proliferação endotelial, trombose, necrose.   Alguns pequenos vasos intratumorais mostravam espessamento da parede e redução da luz por hiperplasia das células endoteliais. Outros apresentavam trombose parietal ou oclusiva, resultando em extensas áreas de necrose coagulativa. 
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Mitoses.   Observavam-se algumas figuras de mitose, inclusive atípicas. Vários outros exemplos foram encontrados nas preparações imunohistoquímicas, principalmente para Ki-67
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Concreções calcáreas (corpora arenacea). 

O encontro destas concreções calcáreas redondas e de estrutura concêntrica no tecido tumoral ou em áreas necróticas endossa o ponto de vista de que o tumor tenha se originado efetivamente no parênquima da pineal. Os chamados corpos arenáceos são abundantes na pineal normal, e responsáveis pela radioopacidade da mesma em tomografia computadorizada.  É altamente incomum o encontro de calcificações como esta em glioblastoma multiforme nas localizações habituais (hemisférios cerebrais). 

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Glioblastoma multiforme da glândula pineal. 

Tumores da região pineal correspondem a apenas 0,4 a 1% dos tumores intracranianos em adultos.  A maioria é constituída por tumores de linhagem germinativa (germinomas e afins) (50 a 75%), seguida pelos originados no parênquima pineal (pineocitomas, pineoblastomas) (11 a 28%) (Moon et al, 2008). Os gliomas, derivados dos elementos de suporte (astrócitos), são os mais raros.  Ocasionais meningiomas e tumores mesenquimais não meningoteliais podem também ser encontrados. 

Glioblastoma multiforme da glândula pineal é extremamente raro.  Em uma série de 48 casos de tumores da pineal coletados ao longo de 10 anos (35 crianças, 13 adultos), Cho et al (1998) só observaram um caso. O trabalho mais antigo que encontramos na breve pesquisa pelo PubMed foi o de Kalyanaraman (1979).   Pople et al (1993) descreveram um exemplo em uma menina de 6 anos e o consideraram o segundo caso da literatura.  O caso brasileiro de Gasparetto et al. (2003) (mulher, 29 anos) teria sido o 11o.  Amini et al (2006) publicaram 3 casos em adultos, mencionando ter encontrado 13 casos até então. O exemplo de Moon et al (homem, 68 anos) seria o mais recente, que traria o total de casos publicados a 17, segundo os autores. 

Referências 

  • Amini A, et al. Glioblastoma multiforme of the pineal region. J Neurooncol. 2006 Sep;79(3):307-14.
  • Cho BK, et al. Pineal tumors: experience with 48 cases over 10 years. Childs Nerv Syst. 1998 Jan-Feb;14(1-2):53-8.
  • Gasparetto EL, et al. Glioblastoma multiforme of the pineal region: case report. Arq Neuropsiquiatr. 2003 Jun;61(2B):468-72.
  • Kalyanaraman UP. Primary glioblastoma of the pineal gland. Arch Neurol. 1979 Nov;36(11):717-8.
  • Moon KS, et al.  Primary glioblastoma in the pineal region: a case report and review of the literature. J Med Case Rep. 2008 Aug 27;2:288.
  • Pople IK, et al. Intrinsic malignant glioma of the pineal gland. Childs Nerv Syst. 1993 Nov;9(7):422-4. 
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Para mais imagens deste caso: RM HE, texto IH
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