Cisto  aracnóideo  intradiplóico
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Foram trazidas em consulta duas lâminas coradas por HE, uma da lesão óssea (abaixo) e outra da membrana que a revestia internamente.  Na lâmina de osso, dois fragmentos de idêntico aspecto mostram cavidade ovalada, delimitada pelas tábuas interna e externa do crânio, grandemente afiladas. A face lateral é formada pela díploe (osso esponjoso) escavada. As trabéculas chegam até a margem da cavidade, onde se observa remodelação óssea por ação de osteoclastos e osteoblastos.  A face interna da cavidade é forrada por fina lâmina de tecido conjuntivo frouxo vascularizado, com apenas um agrupamento de células aracnóideas.  O restante desta membrana foi destacada no ato cirúrgico e enviada em separado (portanto, não passou por descalcificação). 
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Margens da cavidade  no osso.

A cavidade era revestida por membrana de células aracnóideas estudada em separado. Aqui contém sangue proveniente da retirada cirúrgica. 

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Periferia da lesão. 

Tecido conjuntivo frouxo ricamente vascularizado está em contato com o osso. Um único bloco de células aracnóideas é reconhecível (detalhes abaixo).  O restante  da camada de aracnóide foi retirada no ato cirúrgico e está estudada em separado abaixo. 

O osso foi descalcificado,  o que leva a perda da coloração dos núcleos. 

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Ilhota de células aracnóideas.  Esta única ilhota de células da aracnóide encontrada na face interna da cavidade  óssea testemunha a natureza da lesão. As células são fibroblastos, mas formam um bloco coeso porque têm propriedades epiteliais, como os fibroblastos da camada superficial da aracnóide. A coloração nuclear está prejudicada pela descalcificação, mas há outras células melhor preservadas no fragmento enviado em separado, que não foi descalcificado. As fotos foram obtidas de dois cortes próximos. O aspecto lembra os redemoinhos próprios dos meningiomas, tumores benignos das células aracnóideas. 
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Osteoblastos. 

Na margem do osso voltada para a cavidade há remodelação óssea, com deposição de osso novo (osso trançado ou woven bone) por osteoblastos (ao lado), e remoção óssea por osteoclastos (quadro seguinte).  O aspecto não difere de outras lesões ósseas como reparo de fraturas ou inflamação crônica

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Osteoclastos.  Os osteoclastos são células fagocitárias multinucleadas especializadas na remoção de tecido ósseo. Aqui os vemos na margem da lesão, erodindo as trabéculas de osso lamelar ou antigo. Não raro, uma indentação fica visível na superfície por ação do osteoclasto. 
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Membrana aracnóidea. 

Esta fina camada composta principalmente por células da aracnóide foi enviada em separado e, por informação cirúrgica, revestia internamente a cavidade óssea descrita acima.  As células são fibroblastos da superfície da aracnóide, formam blocos compactos e ocasionalmente redemoinhos, lembrando a arquitetura dos meningiomas transicionais. Não há mitoses. 

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Arquitetura epitelial.  As células da camada superficial da aracnóide são fibroblastos, mas apresentam também características de epitélio, justapondo-se umas  às outras através de junções complexas, para vedar qualquer passagem do líquor contido no espaço subaracnóideo. Clique para exemplos no cérebro e medula espinal. Junções entre células aracnóideas são facilmente observadas em microscopia eletrônica em meningiomas (1) (2). 
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Redemoinhos.   Em alguns locais as células adotam a clássica configuração em casca de cebola, característica da aracnóide normal e dos meningiomas
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Caso do Laboratório PC&C (Patologia Cirúrgica & Citologia), gentilmente contribuído pelo Dr. Nevair Roberti Gallani (neurocirurgião) e Dra. Rita Barbosa de Carvalho (patologista), Campinas, SP.
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Cisto aracnóideo intradiplóico 

Cistos aracnóideos intradiplóicos são raros. A maior parte dos relatados na literatura são pós traumáticos. Há um pequeno número de lesões idiopáticas, possivelmente congênitas, em adultos e com certo predomínio em idosos. 

As lesões são osteolíticas, apresentando-se como uma expansão ovalada da díploe, com afilamento das tábuas externa e interna do crânio. A tábua externa é contínua, e geralmente há um fino pertuito na tábua interna. O cisto é preenchido por líquor e o defeito ósseo é revestido internamente por fina membrana fibrosa com agrupamentos de células aracnóideas. 

O diagnóstico diferencial com cisto epidérmico pode ser feito por ressonância magnética em imagens pesadas em difusão. O conteúdo do cisto epidérmico brilha por ser constituído de material pastoso que impede o movimento das moléculas de água. No cisto aracnóideo intradiplóico o conteúdo é de líquor (água livre), que não dá sinal em difusão. 

  •  Asahi T et al. Nontraumatic convexity intradiploic arachnoid cyst. Neurol Med Chir (Tokyo) 38:374-6, 1998.
  • Hasegawa H et al.  Nontraumatic intradiploic arachnoid cysts--report of five cases. Neurol Med Chir (Tokyo)  32:887-90, 1992.
  • Iplikcioglu AC et al. Non-traumatic intradiploic arachnoid cyst. Acta Neurochir (Wien) 148:659-62, 2006.
  • Rosenberg AE et al. Giant cystic arachnoid granulations: a rare cause of lytic skull lesions. Hum Pathol. 24:438-41, 1993.
  • Yamaguchi S et al. Intradiploic arachnoid cyst identified by diffusion-weighted magnetic resonance imaging--case report. Neurol Med Chir (Tokyo) 42:137-9, 2002.
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