Histoplasmose  cerebral.  10. Microscopia eletrônica
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Masc. 54 a.  Clique para : página de resumo do caso com história clínica, estudos de imagem (RM 2011; RM e TC 2012), macroscopia do cérebro, HE (lesões no III ventrículo, lesão gliótica-fibrótica na comissura anterior, lesões nos ventrículos laterais, lesões no IV ventrículo e meninges da base), tricrômico de Masson, reticulina, Grocott + HE, Grocott + verde luz, PAS, imunohistoquímica (CD68, HAM-56, CD3, CD20, GFAP, NF) e microscopia eletrônica. Texto sobre histoplasmose
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Há poucos relatos da ultraestrutura do Histoplasma capsulatum na literatura.  No presente material cerebral de autópsia, a fixação foi em formol a 10%, como habitual. Amostras com 1 mm no menor diâmetro foram obtidas do material de reserva cerca de 3 meses após, em áreas que haviam mostrado muitos parasitas na microscopia óptica, e processadas para microscopia eletrônica. Apesar da fixação não ter sido ideal (imediata, em líquido de Karnovsy), a preservação  da ultraestrutura foi satisfatória. 
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Destaques  da  microscopia eletrônica. 
Histoplasmas em fagossomos de macrófagos Variações morfológicas Ultraestrutura dos histoplasmas
Divisão celular  Fungos degenerados  Astrócitos gemistocíticos
Para destaques da HEcolorações especiais  e  imunohistoquímica,  clique.
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Histoplasmas em fagossomos de macrófagos. 

Comparação de microscopia óptica e eletrônica de macrófagos abarrotados de fungos. 

Em ME, os fungos estão dispersos em uma matriz amorfa e eletrolucente e mostram variação de tamanho e aspectos ultraestruturais. Para mais imagens de HE, clique.

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Fungos em fagossomos - detalhes. 

Os histoplasmas parecem 'flutuar' no fagossomo, que tem textura finamente granular ou filamentosa em diferentes células.  Na maioria, os parasitas foram considerados viáveis (vivos antes da fixação), sendo possível identificar núcleo e citoplasma com organelas, como mitocôndrias com cristas, ribossomos e um vacúolo de conteúdo claro. 

Há variações no tamanho e na morfologia dos parasitas.  Alguns adotavam forma em cuia, possivelmente por colapso do vacúolo.  Não ficou claro quanto destas alterações poderiam ser vitais ou resultado de necrose ou autólise da célula fúngica.  Para fungos claramente degenerados,  clique

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Ultraestrutura dos fungos.    O fungo é um organismo eucariótico, isto é, dotado de núcleo. A membrana nuclear (carioteca) é dupla e separa a cromatina do citoplasma. Em alguns fungos observa-se nucléolo. A eletrodensidade do núcleo e do citoplasma são semelhantes. O principal constituinte do citoplasma são os ribossomos, que aparecem como partículas eletrodensas uniformemente dispersas. Não foi observado retículo endoplasmático rugoso nem liso. Há, porém, uma ou mais mitocôndrias, com cristas nítidas e ocasionais depósitos eletrodensos na matriz.  Em muitas células, observa-se um vacúolo eletrolucente que ocupa boa parte do citoplasma, aparentemente não delimitado por membrana. Este vacuólo já era evidente em microscopia óptica (HE).
A célula fúngica é limitada externamente por uma membrana plasmática trilaminar (formada por uma bicamada de lípides, como as membranas biológicas em geral). Por fora desta, há a parede celular, constituída por carboidratos complexos, que é o que se impregna pela prata no Grocott. Em microscopia eletrônica, aparece como camada de material  eletrolucente bem claro e sem detalhes estruturais. 
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Fungo em divisão.    Apesar do enorme número de parasitas,  imagens de divisão celular convincente foram raras, mesmo em microscopia óptica. A documentada abaixo foi a única que conseguimos em microscopia eletrônica. 
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Fungos viáveis vs fungos necróticos.     Em um mesmo fagossomo, havia coexistência de fungos cuja ultraestrutura indicava atividade vital (organelas identificáveis), com outros desestruturados, que provavelmente representavam parasitas degenerados ou mortos. O diferencial estava no encontro de núcleo, mitocôndrias e ribossomos. Os fungos 'vivos' mostravam-se eletrodensos, devido à concentração de ribossomos, enquanto que os degenerados tendiam a ser eletrolucentes. Em alguns havia flocos grosseiros de material eletrodenso sem estruturas reconhecíveis. 
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Fungos em neutrófilos. 

Neutrófilos eram identificáveis pelo núcleo multilobado e pela abundância de  grânulos citoplasmáticos, ao que tudo indica, associados à atividade lítica da célula.  No exemplo ao lado, os fungos na célula à direita encontravam-se no interior de fagossomos e pareciam degenerados, com aspecto homogêneo eletrolucente, sem organelas reconhecíveis.  Comparar com os vários exemplos de fungos viáveis nos quadros acima. 

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Astrócito  gemistocítico.  Alguns astrócitos reacionais podiam ser distintos entre as células inflamatórias.  Caracterizavam-se pelo amplo citoplasma, que continha feixes de filamentos intermediários. Estes seriam positivos para GFAP em imunohistoquímica. Como já comentado naquela página, nenhum fungo foi observado no citoplasma dos astrócitos em microscopia eletrônica. É digna de nota a boa preservação da ultraestrutura destes astrócitos, apesar da fixação não ter sido ideal. 
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Outro astrócito  gemistocítico 

com feições semelhantes ao anterior. Aqui é possível notar dois prolongamentos citoplasmáticos. No que aparece embaixo na foto, há filamentos intermediários em continuidade com os do corpo celular. 

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Literatura consultada para esta página. 
  • Arnold WN, Pringle AT, Garrison RG. Amphotericin B-induced changes in K+ content, viability, and ultrastructure of yeast-phase Histoplasma capsulatum. J Bacteriol. 141 : 350-8, 1980. 
  • Dumont A, Piché C. Electron microscopic study of human histoplasmosis.  Arch Pathol. 87: 168-78, 1969. 
  • Dumont A, Robert A. Electron microscopic study of phagocytosis of Histoplasma capsulatum by hamster peritoneal macrophages.  Lab Invest. 23: 278-86, 1970. 
  • Edwards GA, Edwards MR, Hazen AL.  Electron microscopic study of Histoplasma in mouse spleen. J Bacteriol. 77: 429-38, 1959. 
  • Eissenberg LG, Moser SA, Goldman WE.  Alterations to the cell wall of Histoplasma capsulatum yeasts during infection of macrophages or epithelial cells.  J Infect Dis. 175: 1538–44, 1997. 
  • Garrison RG, Boyd KS.  Electron microscopy of yeastlike cell development from the microconidium of Histoplasma capsulatum. J Bacteriol. 133: 345-53, 1978. 
  • Maresca B, Kobayashi GS.  Dimorphism in Histoplasma capsulatum : a model for the study of cell differentiation in pathogenic fungi.  Microbiol Rev. 53: 186-209, 1989. 
  • Tomita T, Chiga M. Disseminated histoplasmosis in acquired immunodeficiency syndrome: light and electron microscopic observations.  Hum Pathol. 19: 438-41, 1988. 
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Preparações de microscopia eletrônica pelas técnicas, Sras. Marilúcia Ruggiero Martins e Geralda Domiciana de Pádua. Depto de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP. 
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Página de resumo do caso

Texto sobre histoplasmose

Mais imagens deste caso:

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RM 26/9/2011 RM 29/3/2012 TC  30/3/2012
Macro HE, lesões no III ventrículo HE, lesão gliótica / fibrótica na comissura anterior HE, nódulo necrótico no corno anterior do ventrículo lateral D. HE, lesões no IV ventrículo
Tricrômico de Masson,  meninges da base Grocott + HE, Grocott + verde luz, PAS CD68, HAM-56, CD3, CD20 GFAP, NF Microscopia eletrônica
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