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Material arquivado de caso antigo de neurocitoma central (ano 2000), refotografado em 2014 para apresentação no site. Página original. Outro caso, de 2002 : página original, microscopia eletrônica. |
Destaques da microscopia eletrônica. | ||
Aspecto geral. Células regulares, núcleos redondos, citoplasma claro | Pseudorrosetas de Homer Wright. Corpos celulares circundam centro preenchido por prolongamentos das próprias células | Células neoplásicas. Limites nítidos, contorno arredondado, citoplasma claro, núcleo com grumos dispersos de cromatina, alguns com nucléolo pequeno |
Limites celulares. Membranas encaixam-se como quebra-cabeça, espaço extracelular virtualmente ausente | Organelas citoplasmáticas. - retículo endoplasmático liso e rugoso, ribossomos livres, mitocôndrias | Complexo de Golgi. Observado em algumas células, com cisternas empilhadas e vesículas associadas |
Centro das pseudorrosetas. Prolongamentos celulares de variados aspectos, seccionados em diversos planos, em ajuste preciso sem espaço extracelular. Mais rosetas | Terminais axonais. Perfis arredondados, preenchidos por vesículas de neurotransmissor, densas ou claras | Dendritos. Perfis eletrolucentes com microtúbulos esparsos, alguns com retículo endoplasmático rugoso, liso, mitocôndrias |
Sinapses. Raros contatos axo-dendríticos com vesículas de neurotransmissor e densidade sináptica (seta) | Contatos axo-dendríticos. Na maioria, desprovidos de densidade sináptica no plano de corte | Contatos axo-somáticos. Entre axônio e corpo celular, todos observados eram desprovidos de densidade sináptica |
Aspecto
geral do tumor.
O neurocitoma central é composto por células regulares, cujos
pericários* têm limites poligonais em contato íntimo,
encaixando-se como peças de quebra-cabeça e deixando mínimo
espaço extracelular. As células lançam prolongamentos
finos que se entrelaçam como em um novelo de lã em um centro
circundado pelos corpos celulares. O conjunto é chamado de
pseudorroseta de Homer Wright.
A ultraestrutura do tumor é homogênea, recapitulando a monotonia
que o caracteriza na microscopia óptica.
* pericário é a parte principal do corpo celular mais próxima do núcleo, e não inclui os prolongamentos do citoplasma, como dendritos, axônios e prolongamentos das células gliais ou tumorais (peri - em torno; karios - núcleo). |
Pseudorrosetas
de Homer Wright.
Estas estruturas são extremamente comuns na análise ultraestrutural e ajudam a caracterizar o tumor como de linhagem neuronal. Em HE (1) (2), o centro das rosetas é róseo e homogêneo, sem núcleos, estes arranjados na periferia. Em imunohistoquímica, o centro das rosetas é positivo para marcadores neuronais, especialmente sinaptofisina (SNF). Clique para exemplos (1) (2) (3). A alta complexidade do centro das pseudorrosetas é análoga à do neurópilo da substância cinzenta normal, como do córtex cerebral. Para imagens deste, clique. Para mais detalhes do centro das pseudorrosetas, clique. |
Células
neoplásicas.
As células do neurocitoma têm núcleo redondo, regular, com cromatina bem distribuída, mais condensada junto à membrana nuclear. Em várias, o nucléolo é evidente. O citoplasma é bem delimitado por membrana plasmática com tendência a segmentos retilíneos, as células se arranjando lado a lado como ladrilhos. Complexos juncionais são excepcionais. |
Limites
celulares.
São nítidos, com encaixes precisos, praticamente sem líquido extracelular. Complexos juncionais são raros, e os poucos encontrados rudimentares. |
Organelas
citoplasmáticas.
O citoplasma fundamental das células neoplásicas é claro, e as organelas mais observadas são mitocôndrias e cisternas do retículo endoplasmático decoradas por ribossomos. Há também ribossomos livres ou em rosetas, cisternas dilatadas do retículo endoplasmático liso, complexo de Golgi e microtúbulos (abaixo). |
Complexo
de Golgi.
Nesta organela ocorre o processamento pós-translacional das proteínas sintetizadas no retículo endoplasmático rugoso. As estruturas características da organela, como cisternas empilhadas à maneira de panquecas e vesículas associadas, foram encontradas em algumas células neoplásicas. Para complexo de Golgi em neurônios normais do córtex cerebral, clique. |
Centro
das pseudorrosetas.
O centro das pseudorrosetas, que aparece róseo e homogêneo em HE, revela excepcional complexidade em microscopia eletrônica. Há uma multiplicidade de perfis celulares seccionados em vários planos, que se encaixam sem deixar espaço extracelular e sem complexos juncionais. É em geral difícil discernir a natureza de cada elemento. Destacam-se prolongamentos citoplasmáticos ricos em vesículas de neurotransmissor, lembrando terminais axonais, e outros ricos em microtúbulos, lembrando dendritos. Há notável semelhança com o neurópilo da substância cinzenta normal, como a do córtex cerebral. Algumas sinapses, com contato entre dendrito e axônio e densidade sináptica, foram observadas, sem bem que muito raras. Para sinapses normais do córtex cerebral humano, clique. Para mais imagens do centro de pseudorrosetas, clique. |
A
semelhança com neurópilo cerebral
é corroborada pela positividade do centro das rosetas, e também do citoplasma das células neoplásicas, para proteínas associadas a vesículas de neurotransmissores, como a sinaptofisina, e embasa a origem do tumor em células neuroblásticas primitivas da matriz subependimária. Para sinaptofisina em pseudorrosetas (1) (2) (3) e no citoplasma de células neoplásicas (1) (2), clique. |
Terminais
axonais com vesículas.
Estas estruturas contêm vesículas de tamanho e eletrodensidade variáveis, associadas a armazenagem de neurotransmissores. A inferência se faz por comparação com terminais axonais normais do córtex cerebral humano, para detalhes, clique. Há vesículas pequenas e eletrolucentes, outras maiores com centro denso. Os terminais fazem contato com múltiplas estruturas, inclusive pericários das células neoplásicas e, por vezes, perfis sugestivos de dendritos. Porém, densidades sinápticas são raras. |
Terminais
axonais com vesículas.
As vesículas de neurotransmissor são de variados volumes, arredondadas, ovaladas ou alongadas, limitadas por membrana única. Além das vesículas, a única organela distinguível nos terminais são mitocôndrias. Como em terminais axonais do tecido normal, não há retículo endoplasmático rugoso nem ribossomos livres, que podem porém ser encontrados em terminais dendríticos (espinhas). O encontro de ribossomos virtualmente exclui a possibilidade de um terminal ser axonal. |
Perfis
dendríticos com microtúbulos, ribossomos ou retículo
endoplasmático.
Prolongamentos dendríticos em neurônios normais são caracterizados por expressiva população de microtúbulos, e geralmente contêm também retículo endoplasmático rugoso e ribossomos livres. Neste tumor, por analogia, perfis contendo estes elementos foram considerados de natureza dendrítica. Microtúbulos, parte do citoesqueleto, correspondem a tubinhos ocos formados pela polimerização da proteína tubulina, com diâmetro de cerca de 20 nm. Para outro caso, clique. |
Perfil
complexo interpretado como dendrítico.
Esta estrutura curiosa chama a atenção pelo volume e riqueza em organelas. A mais chamativa é o retículo endoplasmático rugoso, em cisternas achatadas e paralelas, decoradas por ribossomos em só uma das faces de cada membrana. Entre elas, observam-se mitocôndrias enfileiradas e elementos dilatados do retículo endoplasmático liso. Faz contato com perfil rico em vesículas (à direita, embaixo), sem intervenção de densidade sináptica. |
Sinapses.
Junções axo-dendríticas com densidade focal nas membranas em contato são sumamente raras no presente espécime. Só encontramos três, nos múltiplos campos examinados. Morfologicamente, são suficientemente semelhantes às sinapses do tecido nervoso normal para merecerem este nome, embora não haja nenhuma evidência que funcionem como tal. |
Contatos
axo-dendríticos sem densidade sináptica.
Estes são muito mais comuns que as 'sinapses verdadeiras' isto é com densidade nas membranas em contato. Abaixo há vários exemplos. O terminal axonal é caracterizado pelas vesículas, sem microtúbulos, retículo endoplasmático rugoso ou ribossomos. Os dendritos, pela presença destes elementos, sem vesículas. Mitocôndrias podem ser encontradas em ambos. |
Contatos
axo-somáticos sem densidade sináptica.
Também destes foram encontrados múltiplos exemplos. O terminal axonal é freqüentemente globoso e causa indentação no contorno do corpo celular adjacente. O mesmo terminal pode fazer contato com dois pericários. |
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Agradecimentos. Preparações de microscopia eletrônica pela técnica Mayara Rodrigues Linares Silva. Departamento de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP, Campinas, SP. |
Para mais imagens: | TC, RM | HE, IH | ME
(de outro caso) |
Textos sobre neurocitoma central: (1) (2) | Mais casos de neurocitoma central:
Imagem, Patologia |
Casos com microscopia eletrônica (1) (2) |
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