Neupatimagem-UNICAMP

Tumor de células granulares da neurohipófise.
3. Microscopia eletrônica

Masc. 36 a. Clique para exames de imagem, HE, colorações especiais (tricrômico de Masson, reticulina, PAS sem e com diastase), imunohistoquímica e microscopia eletrônica. Texto.

O material para microscopia eletrônica foi obtido a partir do bloco de parafina, já que não restava reserva em formol. Trata-se de recurso extremo, pois a passagem pelos solventes e parafina quente virtualmente destrói as membranas celulares e de organelas. Estruturas mais resistentes, como núcleos, filamentos intermediários do citoesqueleto e fibras colágenas, ainda são identificáveis. Entre estas estão os lisossomos que correspondem aos grânulos citoplasmáticos PAS-positivos observados em microscopia óptica.

Para preparar o espécime, retira-se de área pré-selecionada do bloco de parafina um ou dois fragmentos de cerca de 1 mm de lado ou menos, usando a ponta de um bisturi. Os fragmentos são colhidos em xilol para remoção da parafina, rehidratados em acetona com concentrações decrescentes (aumentando a proporção de água em cada passagem) até água destilada (fala-se em 'retroceder o material'). Então entram no protocolo habitual da microscopia eletrônica, com passagens por tetróxido de ósmio, acetato de uranila, desidratação em acetona e inclusão em Araldite.

Aspecto geral. As células são reconhecíveis por seus núcleos e delimitadas por fibrilas do tecido conjuntivo (colágeno e reticulina). O citoplasma é claro devido aos artefatos de retração inevitáveis nos procedimentos descritos acima. Chamam logo a atenção os corpúsculos irregulares e eletrodensos correspondendo aos lisossomos anormais que caracterizam o tumor de células granulares. A razão para tal acúmulo lisossomal não é clara, e não encontramos explicação na literatura. Faz-nos lembrar o astrocitoma de células granulares do cérebro, do qual temos no site um exemplo, com microscopia eletrônica. Naquele tumor, as células granulares são astrócitos, do que não há evidência no tumor de células granulares da neurohipófise. No presente exemplo, GFAP resultou negativo.

Citoplasma rico em lisossomos.

Todas as células examinadas apresentavam no citoplasma abundantes corpúsculos eletrodensos irregulares, que correspondiam aos observados em microscopia óptica na HE e que se destacavam pela PAS-positividade. Na verdade, eram as únicas organelas identificáveis nos preparados, pois mitocôndrias e retículo endoplasmático ficaram irreconhecíveis.

Lisossomos complexos.

Na microscopia óptica era possível observar grânulos citoplasmáticos maiores, com aspecto de gotícula hialina. Presumimos que correspondam em microscopia eletrônica a lisossomos grandes e irregulares, com vários corpúsculos mais eletrodensos embutidos em matriz granular amorfa.

Agradecimentos. Preparações de microscopia eletrônica pelas técnicas Mayara Rodrigues Linares Silva e Marilúcia Ruggiero Martins. Departamento de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP, Campinas, SP.