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1. Macro, HE, Masson, Reticulina |
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Masc. 12 a. Clique para RM, Macro, HE, Masson, Reticulina, CD68, VIM, 1A4, CD34, Ki67, Texto (granuloma). Texto (miofibroblastos) |
Espécime
cirúrgico.
Após uma pequena biópsia que revelou a natureza da lesão,
foi executada ampla exérese com curetagem. Os fragmentos eram
irregulares, branco-amarelados a pardo-acastanhados, macios, friáveis,
e mostravam tecido finamente lobulado. Alguns necessitaram descalcificação.
Mediam em conjunto 7,5 x 5 x 2 cm.
Fotos por obséquio dos macroscopistas do Centro Infantil Boldrini, Srs. Irineu Mantovanelli Neto e Aparecido Paulo de Moraes. |
Destaques da microscopia. | ||
HE. Lesão composta de células fusiformes estromais semelhantes a fibroblastos e células gigantes multinucleadas, na maioria de padrão osteoclasto | Células gigantes multinucleadas do tipo osteoclasto | Células gigantes multinucleadas do tipo Touton (núcleos em anel, gotículas lipídicas na periferia) |
Células fusiformes estromais semelhantes a fibroblastos (na realidade, miofibroblastos, ver 1A4) | Mitoses típicas esparsas | Macrófagos xantomatosos |
Infiltração tumoral dos espaços medulares do osso temporal | Metaplasia / neoformação óssea (focos isolados) | Necrose coagulativa e cristais de colesterol |
Masson. Colágeno entre as células fusiformes estromais | Células gigantes multinucleadas | Reticulina. Abundantes fibras reticulínicas permeando entre as células estromais e gigantes |
CD68. Marcador de macrófagos, positivo nas células gigantes. | Negativo nas células fusiformes estromais | VIM. Positiva no citoplasma nos dois tipos celulares |
1A4. Anticorpo para actina de músculo liso, positivo no citoplasma das células fusiformes estromais, indica natureza miofibroblástica destas | Negativo nas células gigantes multinucleadas | CD34. Positivo nos capilares, negativo no tumor |
Ki-67. Positividade em cerca de 20% dos núcleos, | restrita às células fusiformes estromais, indicando que são o elemento proliferante da lesão | Sempre negativo nas células gigantes multinucleadas |
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Aspecto geral da lesão. Tecido de aspecto neoplásico, sólido, com dois componentes celulares distintos. A maior parte é formada por células fusiformes vagamente arranjadas em feixes, em meio às quais distribuem-se aleatoriamente células gigantes multinucleadas de padrão osteoclástico. Há grande regularidade nas diversas áreas, mas observam-se em outros campos regiões ricas em macrófagos xantomatosos, e áreas de necrose com cristais de colesterol. Os aspectos morfológicos são virtualmente indistinguíveis do tumor de células gigantes, cabendo o diagnóstico diferencial à idade e localização (ver texto). Para exemplo de TCG, clique. |
Células gigantes multinucleadas. Eram, na grande maioria, de padrão osteoclasto, com núcleos hipercromáticos, regulares, tendendo a ocupar a parte mais interna do abundante citoplasma róseo. Em alguns, os núcleos continham nucléolos proeminentes. | |
Células gigantes tipo 'Touton'. Células gigantes multinucleadas cujos núcleos dispõem-se como anel em torno de um centro róseo. Freqüentemente há também gotículas lipídicas na periferia, entre os núcleos e a membrana celular. Células de Touton são vistas em lesões ricas em lípides, mas também ocorrem em tumor de células gigantes do osso. Para exemplo, clique. | |
Para mais sobre gigantócitos de Touton. |
Células estromais fusiformes. Células estromais fusiformes constituem o elemento propriamente proliferativo da lesão, como documentado com Ki67, que é positivo apenas nelas. Os gigantócitos são sempre negativos. A linhagem mais provável das células é miofibroblástica, pois reagem positivamente para 1A4, um anticorpo que reconhece actina de músculo liso. | |
Mitoses. Poucas mitoses, todas típicas, foram encontradas apenas nas células estromais, nunca nos gigantócitos. | |
Macrófagos xantomatosos. Observados em certas áreas, sugerem riqueza em lípides na lesão. |
Infiltração óssea. Alguns fragmentos ósseos mostravam tecido neoplásico penetrando nos espaços medulares. |
Metaplasia óssea. Em alguns focos no tumor, observava-se deposição de osso novo (trabéculas ósseas neoformadas). |
Necrose coagulativa. Áreas de necrose coagulativa eram observadas esparsamente, não raro com fendas deixadas por cristais de colesterol (estes, removidos durante o processamento). |
Necrose e fendas de cristais de colesterol. Fendas de colesterol sugerem alto conteúdo lipídico do tecido antes da necrose. |
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Tricrômico de Masson. Esta coloração para tecido conjuntivo destaca fibras colágenas em azul contra os elementos celulares em vermelho. Assim, colabora para avaliar a quantidade de interstício em tumores, especialmente os do tecido conjuntivo. Em HE, isto não é possível, pois tanto as fibras intersticiais como o citoplasma das células coram-se em róseo. No presente material, cerca da metade do tecido é constituído por colágeno, claramente produzido pelas células neoplásicas ou, mais exatamente, pelas células fusiformes estromais, que são de natureza miofibroblástica, como demonstrado na reação para actina 1A4. |
Masson. Células estromais fusiformes. O Masson mostra que as células estromais são separadas umas das outras por fibras colágenas, indicando que esta proteína fibrilar intersticial é produzida por estas mesmas células. | |
Masson. Gigantócitos. As células gigantes chamam a atenção no Masson por seu citoplasma vermelho abundante e prolongamentos citoplasmáticos. | |
Reticulina. A impregnação argêntica para fibras reticulínicas revela grande abundância destas fibras do tecido conjuntivo neste granuloma reparador de células gigantes, o que não surpreende, dada a analogia entre as fibras colágenas e reticulínicas, produzidas pelas mesmas células. |
Granuloma
reparador de células gigantes.
Definição. São lesões benignas incomuns, com predileção por ossos crânio-faciais e ossos tubulares das mãos e pés. Descritos originalmente por Jaffe em 1953. Dados atuais sugerem que granulomas reparadores de células gigantes em diferentes topografias têm patogênese e fundamentos genéticos distintos. Microscopicamente têm feições superponíveis, com células gigantes multinucleadas distribuídas irregularmente num estroma fibroso com áreas de formação de osso reacional. Incidência e localização. Pico de incidência na 2ª. década. Maioria dos pacientes tem entre 10-25 anos. Localização principal na mandíbula e maxila. Na mandíbula são caracteristicamente na linha média, com alguma lateralização. No osso temporal, há vários relatos de casos isolados. Uma segunda localização é nos ossos tubulares pequenos das mãos e pés. São extremamente raros nos ossos longos e vértebras. Na grande maioria são lesões isoladas. Radiologia. Nos ossos crânio-faciais produzem área arredondada ou ovalada de radiolucência com bordas nítidas e mínima esclerose reacional. Microscopia. – Tecido estromal fibroso com fibroblastos fusocelulares, de celularidade moderada a alta e quantidade variável de colágeno. Mitoses típicas são raras. A feição chave são células gigantes multinucleadas formando agrupamentos separados por feixes de tecido estromal. Há quase sempre evidência de hemorragia recente ou antiga (hemossiderina). Essas alterações podem ser intensas a ponto de simular um cisto ósseo aneurismático. Há poucas células inflamatórias mononucleares e trabéculas de osso neoformado com rimas de osteoblastos. Microscopia eletrônica. – as células gigantes multinucleadas expressam feições de osteoclastos. As células estromais fusiformes tipicamente mostram diferenciação miofibroblástica. Citogenética. – em alguns casos demonstrou-se rearranjo clonal envolvendo vários cromossomos, o que sugere que sejam neoplasias, não proliferação reacional. Diagnóstico diferencial. – envolve o tumor marrom do hiperparatiroidismo, tumor de células gigantes, fibroma não ossificante e tenossinovite vilonodular pigmentada. A lesão é microscopicamente indistinguível do tumor marrom do hiperparatiroidismo, o que indica estudos laboratoriais de cálcio e fósforo e estudo clínico e radiológico das paratiróides. Há forte superposição também com o tumor de células gigantes, mas as diferenças em idade e topografia ajudam no diagnóstico diferencial. No tumor de células gigantes, o pico de incidência é entre 20 e 45 anos (são raros em esqueleto imaturo, mas cerca de 10% ocorrem na 2ª. década). A localização típica é nas extremidades de ossos longos, fêmur distal, tíbia proximal, rádio distal e úmero proximal. Na coluna a maioria se origina nos corpos vertebrais do sacro, seguindo-se coluna lombar, torácica e cervical em ordem decrescente de freqüência. Ossos chatos são pouco envolvidos, sendo o íleo o mais comum. Tratamento. – curetagem completa da lesão, que pode necessitar repetição em recidivas. Fontes. Czerniak B. Dorfman and Czerniak’s Bone Tumors. 2nd Ed. 2016 Elsevier Saunders, pp 742-52. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JM. Oral and Maxillofacial Pathology. 3rd Ed. 2009 Elsevier Saunders, pp 626-9. Athanasou NA, et al. Giant Cell Tumour of Bone. In WHO Classification of Tumours of Soft Tissue and Bone. Fletcher CDM, Bridge JA, Hogendoorn PCW, Mertens F (editors). 4th Ed. International Agency for Research on Cancer, Lyon, 2013. pp 321-4. |
Agradecimentos.
Caso do Centro Infantil Boldrini, Campinas, SP. Preparações
de HE pelos membros do Laboratório de Patologia - Aparecido Paulo
de Moraes, Irineu Mantovanelli Neto e Adriana Worschech.
Fotos macro, Irineu Mantovanelli Neto e Aparecido Paulo de Moraes. Colorações especiais realizadas no Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP (Sra. Tayna Takahashi Santos). |
Para mais imagens deste caso e | TC, RM | Macro, HE, Masson, Reticulina | IH - CD68, VIM, 1A4, CD34, Ki67 |
imagem, patologia |
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