Infarto cerebral recente
(exemplo de uma necrose liqüefativa)
Lam. A. 349

 
            Se o infarto do miocárdio e a necrose caseosa representam bons exemplos de necrose coagulativa, o exemplo clássico da chamada necrose liqüefativa é o infarto cerebral
            Na necrose liqüefativa, ao contrário da coagulativa, a eliminação do material necrótico é rápida, levando de algumas horas a poucos dias.  No cérebro, a eliminação se dá por ação de macrófagos (chamados células grânulo-adiposas e já vistas na lâmina de infarto cerebral antigo, A. 350), que afluem à área infartada já nas primeiras 24 horas após a morte tecidual. Isto é favorecido porque, devido a peculiaridades do tecido nervoso, não há interrupção completa da circulação, mesmo em infartos extensos,  permitindo a chegada de macrófagos do sangue.  Admite-se também que a riqueza de lípides do tecido nervoso favoreça o caráter liqüefativo, isto é, o rápido amolecimento do material necrótico. 
            Aqui exemplificamos a necrose liqüefativa em um infarto cerebral. Maiores detalhes sobre esta lâmina no módulo Neuropatologia

 
            A lâmina mostra a maior parte de um giro cerebral. O córtex está delimitado pela linha verde. Grande parte dele está necrótico e esta é a região para observar os neurônios em degeneração. Ainda existem áreas normais onde se podem ver neurônios viáveis para comparar. O infarto atinge também quase toda a  substância branca. Em certas regiões esta mostra edema, que aparece com tonalidade mais clara. Esta é o melhor lugar para ver células grânulo-adiposas. Notar que o edema não corresponde exatamente à necrose (esta é mais extensa). 

 
 
CÓRTEX  CEREBRAL  COM  INFARTO  RECENTE  -   NEURÔNIOS  NECRÓTICOS
O córtex infartado mostra maior celularidade (concentração de núcleos por unidade de área) que o normal. Isto se deve à tumefação e proliferação das células endoteliais, que é uma resposta do tecido à anóxia. Detalhes abaixo.
Neurônios necróticos perdem a basofilia normal do citoplasma, que se torna eosinófilo. O citoplasma normal é basófilo (roxo) porque contém substância de Nissl, formada por ribossomos (ativos na síntese proteica). Com  a necrose, o RNA citoplasmático se desintegra. O núcleo torna-se escuro e denso (picnótico) e pode sofrer cariolise (empalidece até desaparecer). As alterações  começam a ficar evidentes na microscopia óptica (necrofanerose)  cerca de 6 horas após a necrose. Os neurônios necróticos são fagocitados por células grânulo-adiposas e desaparecem em cerca de 4 dias. 

 
 
CÓRTEX  CEREBRAL  COM  INFARTO  RECENTE  - 
CÉLULAS  GRÂNULO-ADIPOSAS  E  PROLIFERAÇÃO  ENDOTELIAL
Células grânulo-adiposas surgem na área de infarto em cerca de 24 horas. São macrófagos com citoplasma espumoso, que fagocitam restos necróticos. Sua origem é cerca de um terço na   micróglia (pré-existente), e o restante em monócitos do sangue. Estão presentes tanto no córtex como na substância branca. 
A tumefação e proliferação das células endoteliais dos capilares cerebrais, muito evidente neste caso de infarto, é uma resposta do tecido à anóxia. Admite-se que isto ocorra porque no tecido submetido à anóxia as células liberem fatores angioproliferativos, como o VEGF (vascular endothelium growth factor).

 
CÓRTEX  CEREBRAL  NORMAL  -  NEURÔNIOS

 
COMPARAÇÃO: 
INFARTO
CÓRTEX NORMAL

 
SUBSTÂNCIA  BRANCA  NECRÓTICA  COM   EDEMA  FOCAL
Na substância branca, focos de edema são vistos como áreas mais claras. Aí é fácil observar as células grânulo-adiposas, cujo citoplasma espumoso contém  restos dos axônios mielínicos necróticos. O grande e rápido afluxo das células grânulo-adiposas à area necrótica é o elemento principal para a liqüefação da necrose.

 
Peça deste assunto
Peças - lista
Peças - minis
Banco de imagens
Outros módulos
Índice alfabético
Lâminas - lista
Texto de apoio
Lâminas - minis