Tumor  glioneuronal  complexo - xantoastrocitoma-ganglioglioma-ependimoma 3.  Componente de ependimoma

 
Nesta página está demonstrada a parte do tumor que tinha o aspecto clássico de um ependimoma.  Em outras páginas, veja tomografia computadorizada, macroscopia da peça cirúrgica, imagens escaneadas das lâminas e resumo da microscopia, e detalhes dos componentes de xantoastrocitoma e ganglioglioma
Estes pequenos fragmentos, de uma das extremidades da peça, eram firmes ao corte e consistiam praticamente só de tecido com aspecto de ependimoma, com áreas de tecido fibroso contendo adipócitos. 
Com imunohistoquímica, o tecido tumoral reagiu maximamente para vimentina, irregularmente para GFAP e S100, e foi praticamente negativo para NSE e NF.  Os resultados são superponíveis à área de ependimoma de outro fragmento, em que havia coexistência com xantoastrocitoma. 
Fragmento com xantoastrocitoma e ependimoma. A superfície cortical está para cima, mas é pouco representada, melhor notada pela positividade para NSE e NF (marcadores de neurônios). O componente de ependimoma está na profundidade e forma um nódulo mais compacto e esbranquiçado, de limites nítidos com o xantoastrocitoma. Neste fragmento, tanto as áreas de ependimoma como as de xantoastrocitoma continham neurônios em meio às células neoplásicas, melhor demonstrados por sinaptofisina (SNF), demonstrando que o tumor é misto, com componentes de ganglioglioma, ependimoma e xantoastrocitoma. 
No NF é possível visualizar axônios no meio do xantoastrocitoma (para detalhes, clique). A área de ependimoma é pobre em antígenos gliais (GFAP, S100), fortemente expressados na área de xantoastrocitoma. 

 
HE
Aspecto geral. Esta área apresenta feições clássicas de um ependimoma celular, como pseudorosetas perivasculares, rosetas e canais ependimários. 
Para exemplos de ependimoma clássico, clique.
Pseudorosetas perivasculares.  As células neoplásicas dispõem-se de forma radiada em volta de vasos, aos quais lançam prolongamentos. 
Rosetas verdadeiras ou ependimárias.  As células neoplásicas arranjam-se em torno de pequenas luzes lembrando estrutura glandular. Este tipo de roseta é também conhecido como rosetas de Flexner ou de Flexner-Wintersteiner. Aqui, as luzes das rosetas são preenchidas por material basófilo espumoso. 
Canais ependimários  Análogos às rosetas ependimárias. As células que revestem a luz podem imitar epêndima. 
Associação com tecido fibroso e adiposo. 
Na área de ependimoma havia focos de tecido fibroso denso com adipócitos maduros dispostos em ninhos, um achado inusitado e que reforça a natureza disontogenética (malformativa) da neoplasia, pois gliomas geralmente não mostram associação com tecido conjuntivo. 
Área com neurônios.  Na área com aspecto de ependimoma foram observadas células com núcleo lembrando os de neurônios - cromatina frouxa e nucléolo evidente. O citoplasma, contudo, era escasso e eosinófilo.  As células só foram consideradas como diferenciação neuronal após imunohistoquímica para SNF, que as destacava fortemente.  Este achado, mais a presença de neurônios nas áreas de xantoastrocitoma, apoiam o diagnóstico de tumor glioneuronal complexo
Positividade para sinaptofisina (figuras acima) é forte indício de diferenciação neuronal. 
Atividade mitótica. Algumas figuras de mitose foram observadas na área onde havia células com diferenciação neuronal. 

 
COLORAÇÕES  ESPECIAIS
Verhoeff. Foi usado para demonstrar as áreas ricas em fibras colágenas e adipócitos, já notadas em HE. O colágeno cora-se em vermelho. 
Tricrômico de Masson.  Como o Verhoeff, usado para salientar as fibras colágenas, aqui em azul. 
Reticulina. A impregnação argêntica mostrou abundante rede de fibras reticulínicas entre as células neoplásicas, separando-as individualmente, como observado em neoplasias de linhagem mesenquimal. A rede reticulínica exuberante é descrita no xantoastrocitoma, e correlaciona-se com a maior firmeza do tumor à palpação e corte. Contudo, no presente caso, só foi observada em áreas de ependimoma, e não nas de xantoastrocitoma. 
COMPARAÇÃO ENTRE HE E RETICULINA EM ÁREAS PRÓXIMAS.
X
20
X
40

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
GFAP. Positivo de forma irregular em áreas de ependimoma. Células fortemente positivas eram mais encontradas em volta de vasos e de canais ependimários. 
Células GFAP-positivas em distribuição perivascular. 
Células GFAP-positivas em torno de canais ependimários.
VIM. Positividade forte e difusa. 
S100. Positividade semelhante à do GFAP, mais intensa nas pseudorosetas perivasculares e em torno de canais ependimários. 
NSE. Em certas áreas da região com padrão de ependimoma, observavam-se células isoladas positivas, algumas com feições morfológicas de neurônios. 
SNF. Achados semelhantes aos com NSE, acima. Em certas áreas, células com padrão morfológico de neurônios, fortemente positivas para SNF, indicando diferenciação neuronal. 
SNF. Em outras áreas, positividade citoplasmática, notadamente em pseudorosetas perivasculares e em torno de canais ependimários. 
CGR. Positividade citoplasmática em raras células. 
CD34. Como já discutido no componente de xantoastrocitoma , CD34 é positivo em células endoteliais, e também, em áreas, em células de xantoastrocitomas. Aqui é positivo nas células da área com aspecto de ependimoma, denotando, uma vez mais, o caráter híbrido do tumor no presente caso. 
CD-34. Positividade nas células neoplásicas. Adota padrão membrana, e lembra a distribuição da rede reticulínica entre as células neoplásicas.
KI-67. Positividade variável, mas abundante (> 10% dos núcleos em várias regiões) na parte com aspecto de ependimoma. Ver, porém, a área com aspecto de xantoastrocitoma, onde positividade era rara.  Figuras de mitose, embora infreqüentes, só foram observadas na área de ependimoma e nunca na de xantoastrocitoma. 
p53. Positivo difuso fraco a moderado na grande maioria dos núcleos, como na área de xantoastrocitoma. 

 
Para mais imagens deste caso: 
TC Resumo da Patologia Componente de Xantoastrocitoma Componente de Ganglioglioma
Características de imagem dos xantoastrocitomas Sobre o xantoastrocitoma pleomórfico
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