Ganglioglioma do giro temporal E.
2 - Imunohistoquímica

 
Imagens escaneadas das lâminas de HE e imunohistoquímica.  O tumor, sendo constituído predominantemente por células gliais (astrócitos), exprime GFAP, VIM e S100 e destaca-se assim do córtex vizinho. Este, sendo rico em neurônios e neurópilo, marca-se mais fortemente por NSE que o tumor. 
Comparando as lâminas de NSE e S100, observa-se que uma é praticamente o negativo da outra. No NSE cora-se mais o córtex, no S100 o tumor.  A área tumoral está delimitada aproximadamente pela linha tracejada. Nos dois casos nota-se a boa delimitação do ganglioglioma, que ocupa principalmente a medular do giro, avançando para o córtex.
CD34, neste caso, foi fortemente positivo nas células tumorais, um achado já relatado na literatura para o xantoastrocitoma pleomórfico, e demonstrado em um caso desta coleção. Contudo, é a primeira vez que observamos esta marcação em gangliogliomas. 

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
GFAP. Positivo no citoplasma dos astrócitos, negativo nos neurônios. 
Vimentina. Como GFAP, positiva no citoplasma dos astrócitos tumorais, negativa nos neurônios. 
NSE. Enolase neurônio-específica demonstra bem os neurônios no ganglioglioma, destacando seu contorno celular contra o fundo pouco corado do componente astrocitário do tumor. Curiosamente, os neurônios normais do córtex cerebral marcam-se pouco e quase não sofrem realce contra o neurópilo.  A foto abaixo mostra o limite superior do tumor em relação às camadas remanescentes do córtex. Meninge para cima em todas as fotos. 
Os neurônios no tumor, na região que topograficamente corresponde ao córtex cerebral, conservam muito das feições morfológicas e disposição dos neurônios corticais normais, mas notam-se algumas anormalidades, como células muito próximas, eixo oblíquo, ou prolongamentos em orientação não habitual. Contudo, fica-se com a impressão que estes neurônios seriam os normais da região, envolvidos totalmente pelo tumor. Como o tumor não é infiltrativo, e seu limite externo é nítido, o conjunto todo parece mais uma malformação (um hamartoma) que uma neoplasia, e que deve ter-se constituído ainda na fase de desenvolvimento cerebral. Notar que a paciente apresentava crises convulsivas desde a idade de 3 anos.  Ver outro caso semelhante
NSE. Porção profunda, multicística do tumor. Aqui neurônios são raros, mas alguns são demonstrados por NSE. O componente astrocitário que predomina nesta região quase não se marca. 
NSE. Córtex cerebral normal. Neurônios normais coram-se pouco, no mesmo tom que o neurópilo, e o tecido toma aspecto relativamente homogêneo. 
NF. Destaca os neurônios participantes do ganglioglioma e suas anormalidades morfológicas. Alguns parecem ter o dendrito apical voltado para baixo, apontando para a substância branca (sinalizado na foto como 'polaridade invertida'). Só alguns neurônios são marcados (menos que com NSE). Meninge para cima em todas as fotos. 
NF, porção profunda do tumor. As traves de tecido gliótico que delimitam os cistos do tumor contêm axônios e alguns pequenos neurônios de contorno arredondado. 
CGR. Cromogranina marca bem os neurônios participantes do tumor, destacando-os do componente astrocitário. A marcação é citoplasmática, parecendo acentuar os corpúsculos de Nissl. A meninge está para cima em todas as fotos.  Embora muitos neurônios mantenham a forma e orientação originais, outros são anômalos, chegando a lembrar células de Purkinje. 
CD34. Os astrócitos neoplásicos marcam-se fortemente por CD34, o que já fora notado em astrócitos de um xantoastrocitoma pleomórfico. Este fato facilita a distinção entre tumor e córtex limítrofe. Os neurônios do tumor são negativos. Trabalhos recentes notaram positividade para CD34 em 74-80% dos gangliogliomas. 
  • Blumcke I et al. The CD34 epitope is expressed in neoplastic and malformative lesions associated with chronic, focal epilepsies. Acta Neuropathol. 97: 481-90, 1999. 
  • Blumcke I, Wiestler OD.  Gangliogliomas: an intriguing tumor entity associated with focal epilepsies. J Neuropathol Exp Neurol.  61: 575-84, 2002. 
CD34. Os capilares do tumor são bem demonstrados por este anticorpo, dando idéia da rica rede vascular. Apesar de abundantes, os capilares são finos, com células endoteliais delicadas, núcleos espaçados, não havendo proliferação vascular como observada em gliomas agressivos. 
Ki-67. Negativo em toda a amostra. Reforça a impressão de que se trata de um hamartoma e não de uma neoplasia. Atividade de proliferação celular igual a ou próxima de zero. 
p53. Negativo em toda a amostra. 

 
Para mais imagens deste caso:  RM Macroscopia, HE, colorações
Sobre gangliogliomas Características de imagem dos gangliogliomas Neuropatologia de outros casos de ganglioglioma
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