Embolias  cerebrais

 

Podem ser classificadas, segundo a natureza do êmbolo, em:
 a) trombo-embolias;
 b) embolias por material proveniente de ateromas;
 c) embolia gordurosa;
 d) embolia gasosa.
Nas trombo-embolias, que são as mais freqüentes, o êmbolo origina-se de um trombo, asséptico ou séptico. A fonte mais comum é o coração esquerdo, em pacientes com fibrilação atrial, infarto do miocárdio, miocardite chagásica crônica, endocardite reumatismal ou cirurgia cardíaca, sendo os êmbolos nestas condições assépticos. A endocardite bacteriana origina êmbolos sépticos. Menos freqüentemente, os êmbolos provêm de trombos sobre placas de aterosclerose nas Aa. carótidas internas (principalmente no seio carotídeo).

A localização mais freqüente das embolias é no território da A. cerebral média, por ser esta continuação direta da A. carótida interna. Como a A. cerebral anterior se origina perpendicularmente à A. carótida, embolias em seu território são raras.

A conseqüência da embolia de um grande vaso cerebral é isquemia súbita, com pouca chance de suprimento pelas anastomoses. O infarto que resulta é inicialmente anêmico, mas não raro sofre transformação parcial em infarto hemorrágico, pois o êmbolo tende a fragmentar-se ou ser dissolvido por fibrinolisinas, permitindo a passagem do sangue, que infiltra a área necrótica. Êmbolos sépticos podem originar meningites, abscessos ou aneurismas micóticos (ver abaixo).

Clinicamente, o quadro deficitário é de instalação súbita, com perda da consciência e sinais de localização (hemiplegia, afasia, hemianopsia), como já descrito nos infartos.
 

A embolia ateromatosa é causada por material proveniente de ateromas rotos.  É difícil a comprovação anatômica, pois os êmbolos atingem pequenos vasos.
 

EMBOLIA CEREBRAL GORDUROSA

É um quadro raro, com mortalidade elevada, que se segue geralmente a fraturas de ossos longos em adultos. A gordura liberada da medula óssea penetra na circulação venosa na forma de pequenos glóbulos que, na sua maior parte, são retidos pelos capilares pulmonares. Os menores chegam às artérias sistêmicas e atingem vários órgãos, inclusive o SNC.

Aspecto  macroscópico

As alterações patológicas significativas restringem-se à substância branca. Nesta há edema e hemorragias petequiais disseminadas, dando o aspecto macroscópico conhecido como púrpura cerebral.

Aspecto  microscópico

Histologicamente, as petéquias correspondem a pequenas hemorragias em forma de anel que circundam capilares da substância branca. Pode-se demonstrar os êmbolos gordurosos nos capilares tanto da substância branca como da cinzenta. Contudo, na substância cinzenta, não há petéquias nem necrose de neurônios, muito embora os capilares também contenham êmbolos.  Os êmbolos gordurosos são demonstrados em cortes de congelação corados por sudão ou escarlate R.

O motivo do acometimento seletivo da substância branca na embolia gordurosa prende-se a diferenças na vascularização desta em relação à da substância cinzenta.

  • Na substância branca os capilares são menos numerosos, mais longos, retilíneos e com menos anastomoses que na substância cinzenta.
  • A oclusão de um capilar da substância branca por um êmbolo gorduroso leva à isquemia local, alteração da permeabilidade e necrose do endotélio, com extravasamento de plasma e hemácias, daí o edema e as petéquias.
  • A lesão microvascular causa isquemia do tecido nervoso e lesão difusa de axônios, o que explicaria o coma.
  • Na substância cinzenta, como os capilares são muito numerosos e anastomosados, a oclusão de um ou vários deles é de pouca conseqüência.


Clinicamente, pacientes com embolia gordurosa não apresentam sintomas neurológicos logo após o trauma, havendo um período silencioso de três a seis dias, atribuível à retenção dos êmbolos no pulmão, de onde são gradualmente liberados para a circulação sistêmica. O quadro clínico é de lesão cerebral difusa, com cefaléia, alterações mentais e diminuição progressiva do nível de consciência até o coma profundo. Sinais de localização são incomuns. A mortalidade é estimada em 10 a 15%.

A embolia gasosa é rara. O ar pode entrar na circulação venosa durante trauma das veias do pescoço, abertura dos seios venosos durais (em intervenções neurocirúrgicas em posição sentada), ou traumatismos tóraco-pulmonares. Se a quantidade de ar é grande, haverá embolia maciça da circulação pulmonar, convulsões e morte. Se o paciente sobrevive aos primeiros minutos, os sintomas neurológicos tendem a regredir e o prognóstico é bom. As lesões cerebrais nos raros casos que vão à autópsia consistem de microinfartos esparsos.  A embolia gasosa também pode ocorrer após descompressão súbita após mergulho em águas profundas, ou em aeronaves em altitude. No caso. o nitrogênio dissolvido normalmente no sangue passa à forma gasosa, formando pequenas bolhas.


 
Mais sobre embolias em:
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