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3. Microscopia eletrônica |
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Masc. 52 a. Clique para história clínica, RM, espécime macroscópico, destaques da microscopia, HE, Masson, reticulina, imunohistoquímica, microscopia eletrônica, texto. |
Aspecto geral do tumor. Como já documentado em HE, tricrômico de Masson, reticulina, e reações imunohistoquímicas, o hemangioblastoma é composto de células estromais ricas em gotículas lipídicas e abundantes capilares de paredes finas. Os vasos e as células estromais estão freqüentemente em contato, separados apenas por delicadas fibras colágenas e matriz intersticial amorfa. |
Células estromais. As células estromais acumulam gotículas lipídicas no citoplasma, particularmente abundantes no presente exemplo. As gotículas estão separadas por finas traves citoplasmáticas contendo escassos filamentos intermediários e poucas organelas. O núcleo tem contorno irregular, comprimido pelas gotículas. A cromatina é tigróide, com ilhotas de heterocromatina regularmente distribuídas, mais concentradas na periferia. A membrana plasmática das células estromais é extremamente delgada e de difícil visualização. O lípide só em visualizado em cortes de congelação e com colorações especiais, como o sudão vermelho, sudão negro, escarlate R ou Oil Red O. Para exemplos, clique (1) (2). |
Células estromais. Núcleo. |
Células
estromais - citoplasma.
Na maioria das células estromais observadas, o citoplasma é escasso, contendo filamentos intermediários (presumivelmente vimentina, pois há positividade para esta na imunohistoquímica). As poucas organelas restringem-se a ribossomos livres, perfis de retículo endoplasmático rugoso e, ocasionalmente, lisossomos. Mitocôndrias são raras. Foi observado um centríolo. |
Capilares.
São extremamente numerosos no hemangioblastoma, constituídos por camada única de células endoteliais. A espessura das mesmas é muito variável ao longo da circunferência do capilar. Geralmente o núcleo é grande, e o citoplasma a sua volta é mais abundante. Em outros segmentos, pode mostrar-se finíssimo, e apresentar poros selados por membrana única (diafragma). Vesículas pinocitóticas são raras ou ausentes. Os capilares são revestidos em toda volta por membrana basal e estão separados das células estromais por elementos do tecido conjuntivo, como fibras colágenas e matriz amorfa. A espessura do conjuntivo varia de capilar a capilar. |
Capilares circundados por colágeno espesso. Alguns capilares são envoltos por abundantes fibrilas colágenas orientadas em várias direções. Algumas são circunferenciais ao capilar, outras são longitudinais ou oblíquas. Em meio às fibrilas há material amorfo, compatível com a matriz fundamental do tecido conjuntivo. Para áreas semelhantes no tricrômico de Masson, onde o colágeno é corado em azul, clique. |
Membrana basal, poros. A membrana basal é uma camada moderadamente eletrodensa, de espessura delgada e regular, que circunda o capilar em toda sua extensão. É constituída por laminina e colágeno do tipo IV, dando suporte às células endoteliais e resistência física ao capilar. A célula endotelial neste capilar (e em outros exemplos) pode apresentar segmentos de extrema delgadez, onde pontualmente o citoplasma fica descontínuo, originando poros. Estes são selados por membrana, presumivelmente constituindo áreas onde as duas faces da membrana plasmática da célula endotelial (face voltada para o exterior e face voltada para a luz do capilar) fazem contato. Esta estrutura correlaciona-se com a permeabilidade dos capilares do hemangioblastoma ao gadolínio, contraste usado em ressonância magnética. Como o tumor em si é muitas vezes diminuto, a injeção de contraste é essencial para localizar precisamente a lesão, possibilitando retirada cirúrgica. |
Neutrófilo.
Este neutrófilo em trânsito pelo capilar é caracterizado pelo núcleo multilobado, com cromatina predominantemente densa (heterocromatina), refletindo baixo nível de síntese proteica. O citoplasma contém grânulos de variada morfologia e eletrodensidade. Os maiores e mais densos assemelham-se a lisossomos e contêm enzimas digestivas, como hidrolases ácidas, e substâncias antibacterianas e digestivas, como a mieloperoxidase. Após a fagocitose das partículas estranhas, inclusive bactérias, estas são seladas em vacúolos fagocitários, ou fagossomos. A fusão destes com os lisossomos cria os fagolisossomos, onde o material estranho é degradado por ação enzimática e radicais livres de oxigênio. |
Colágeno
intersticial.
A quantidade de material extracelular é muito variável de uma área a outra neste hemangioblastoma. Há regiões onde é mais abundante, como no campo ao lado, e como já notado no tricrômico de Masson. O interstício é rico em fibrilas colágenas orientadas em múltiplas direções, sem formar feixes compactos. Encontram-se dispersas em matriz extracelular amorfa, correspondendo à substância fundamental do tecido conjuntivo e contendo proteoglicanas e glicosaminoglicanas. |
Mastócito.
Mastócitos nos tecidos originam-se (pelo menos em parte) de basófilos do sangue. Estes são os menos comuns dos leucócitos, caracterizados por grânulos citoplasmáticos grandes, intensamente basófilos, que contêm as proteoglicanas sulfatadas heparina e condroitin sulfato, além de histamina e leucotrieno 3. Tanto os basófilos como os mastócitos têm receptores de membrana altamente específicos para o segmento Fc do IgE, produzido em resposta a alérgenos. Exposição ao alérgeno leva a rápida exocitose dos grânulos, liberando histamina e outros mediadores vasoativos, que resulta na reação de hipersensibilidade imediata, ou anafilactóide. Exemplos são a rinite alérgica (febre do feno), asma, urticária e o choque anafilático. Os mastócitos eram pouco comuns neste hemangioblastoma e só o demonstrado ao lado foi encontrado em microscopia eletrônica. Para mais exemplos, ver tricrômico de Masson. |
Grânulos de mastócitos. Os mastócitos são células alongadas ou ovóides, às vezes fusiformes, com abundantes grânulos citoplasmáticos, aqui notados em cor vermelha no tricrômico de Masson. Em microscopia eletrônica, os grânulos são arredondados e eletrodensos e sua morfologia interna é variável. Os aqui examinados contêm enovelados de membranas curvilíneas e paralelas, não raro lembrando impressões digitais, que é um dos padrões reconhecidos na literatura de língua inglesa com o termo 'scrolls'. Ver revisão detalhada em Dvorak AM. Ultrastructural Studies of Human Basophils and Mast Cells. J Histochem Cytochem 53(9): 1043–1070, 2005. |
Agradecimentos. Preparações de microscopia eletrônica pelas técnicas Mayara Rodrigues Linares Silva e Marilúcia Ruggiero Martins. Departamento de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP, Campinas, SP. |
Para mais imagens deste caso e texto: | RM | Macro, HE, colorações especiais | IH, Textos : NSE, inibina | ME |
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