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Fem. 67 a. Para RMs de abril e outubro de 2014, clique. Desta paciente foram obtidas duas amostras para estudo histopatológico em ocasiões diferentes, uma do seio maxilar esquerdo, outra da cavidade orbitária esquerda. Em ambas o aspecto é superponível. Mostram intensa reação inflamatória crônica inespecífica, à custa principalmente de neutrófilos, linfócitos e plasmócitos, com fibrose e extensa necrose coagulativa. Glândulas do seio maxilar estavam englobadas no processo inflamatório. Fungos, na forma de hifas basófilas septadas e ramificadas, com morfologia compatível com gênero Aspergillus sp., eram restritos às áreas de necrose. Nas áreas de tecido viável não havia parasitas. Os fungos eram vistos facilmente em HE, e também demonstráveis por PAS e Grocott. Ver também breve texto sobre aspergilose. |
HE, aspecto geral. Inflamação crônica inespecífica, fibrose, áreas de necrose coagulativa onde fungos com morfologia característica do gênero Aspergillus são facilmente encontrados. |
Reação inflamatória. A resposta tecidual aos parasitas era composta por células da inflamação crônica inespecífica, com forte participação de plasmócitos. Não foi observada reação granulomatosa de células epitelióides e gigantes. Glândulas do seio maxilar eram circundadas pelas células inflamatórias. | |
Hifas de Aspergillus sp. As hifas do fungo chamam a atenção pela sua coloração basófila e interior claro, parecendo pequenos túbulos de diâmetro regular. O interior é levemente róseo, correspondendo ao protoplasma (parte viva) do parasita. O que se cora em roxo é a parede celular, composta por carboidratos complexos, que dão a reação do PAS. As hifas dividem-se por ramificação dicotômica em ângulo agudo e podem apresentar dilatações localizadas. Somente são encontradas em meio ao material necrótico. Nas áreas viáveis limítrofes, com reação inflamatória intensa, não há fungos, sugerindo que a reação do hospedeiro coíbe o crescimento parasitário. | |
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PAS.
As hifas de Aspergillus destacam-se em cor magenta contra o róseo pálido do tecido necrótico. Para procedimento técnico, clique. |
Grocott. Mostra as hifas de diâmetro regular, com septações (cada septo é o limite entre duas células fúngicas) em ramificações dicotômicas, freqüentemente em ângulo agudo. Para procedimento técnico, clique. Para outros exemplos de aspergilose, clique (1)(2)(3). | |
Aspergilose.
Aspergillus é um fungo ubiquitário que pode causar desde alergias respiratórias em pessoas sadias a sinusite grave, pneumonia e fungemia em pacientes imunodeprimidos. Os principais fatores predisponentes a infecções sistêmicas são neutropenia e corticosteróides. O gênero Aspergillus abriga centenas de espécies encontradas mundialmente em vários climas. Foi primeiro catalogado pelo padre e biólogo italiano Pier Antonio Micheli em 1729. No microscópio, comparou a forma do fungo com um aspersor de água benta (aspergillum, do latim spargere, borrifar). O termo aspergillum é hoje aplicado ao órgão que origina e dispersa os esporos assexuados. Pelo menos um terço das espécies têm também reprodução sexuada. O fungo é saprófita, presente no solo, poeira, esterco, feno e grãos, como milho, e se reproduz por esporos assexuados (conídios) veiculados no ar. Membros do gênero são aeróbicos, sendo encontrados em locais com alta concentração de oxigênio, e têm capacidade de desenvolver-se em meios com forte concentração osmótica. Crescem como bolores em superfícies ricas em carboidratos, sendo contaminantes comuns de alimentos ricos em amido como pão e batatas, e crescem também em muitas plantas e árvores. Causam doenças em vegetais produtores de grãos, como o milho. A espécie A. flavus é o maior produtor de aflatoxinas carcinogênicas. A espécie mais comumente isolada de doentes imunodeprimidos é Aspergillus fumigatus, mas há várias outras que podem ser patogênicas, como A. flavus e A. lentulus. A principal porta de entrada é o pulmão. O pequeno tamanho dos esporos (2 a 3 mm) facilita sua chegada aos alvéolos. Normalmente, macrófagos alveolares fagocitam e matam os esporos e iniciam resposta imune mediada por linfócitos T. Aspergiloma (uma forma de micetoma) é o nome dado a colônias de Aspergillus que se formam em cavidades pré-existentes no pulmão, como cavernas tuberculosas, bronquiectasias, abscessos ou infartos antigos e podem acompanhar-se de hemoptises recorrentes. São massas pardacentas de fungos livres na cavidade, com invasão tecidual mínima ou ausente. A reação inflamatória em torno é escassa. Aspergilose invasiva é uma infecção oportunista só observada em imunodeprimidos. As lesões iniciais ocorrem no pulmão, a partir do qual ocorre disseminação hematogênica a valvas cardíacas, rins e cérebro. Microscopicamente, há pneumonia necrosante, onde fungos são facilmente identificados como hifas septadas com espessura de 5 a 10 mm, que se ramificam em ângulo agudo (40º), com propensão a invasão de vasos, levando à trombose. Áreas hemorrágicas e infartadas acompanham as lesões inflamatórias (clique para exemplo). A aspergilose rino-cerebral, em que sinusite fúngica se propaga à órbita e ao cérebro, é análoga à mucormicose. Para exemplo desta, clique. Fontes: Chapter 8 – Infectious diseases. AJ McAdam, AH Sharpe. in Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease. 7th. Ed. Kumar V, Abbas AK, Fausto N (editors). Elsevier, Saunders, 2005. pp. 399-400. Artigo na Wikipedia. https://en.wikipedia.org/wiki/Aspergillus. |
Agradecimentos. Preparações histológicas pelo pessoal do Laboratório de Rotina - Mariagina de Jesus Gonçalves, Maria José Tibúrcio, Guaracy da Silva Ribeiro, Fernando Wagner dos Santos Cardoso, Viviane Ubiali, Fernanda das Chagas Riul e Vanessa Natielle Pereira de Oliveira. Colorações especiais - Tayna Takahashi Santos. Departamento de Anatomia Patológica, FCM-UNICAMP, Campinas, SP. |
Para RM desta paciente, clique » |
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