Hamartoma  hipotalâmico.   2. Imunohistoquímica.
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Destaques  da  imunohistoquímica. 
GFAP.   Positivo nos astrócitos, negativo nos oligodendrócitos e neurônios. VIM. Positivo nos astrócitos e vasos. NF.  Positivo em neurônios e axônios, denota a variabilidade morfológica destas células na lesão. 
SNF.  Positivo em neurônios e axônios. Evidencia neurônios anômalos, raramente binucleados (foto). NSE. Positivo em neurônios.  Ki-67. Positividade em << 1% dos núcleos das células gliais participantes. Sempre negativo em neurônios.
Texto - Hamartomas hipotalâmicos
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GFAP. 

A reação imunohistoquímica para GFAP demonstra os corpos celulares dos astrócitos e sua rica rede de prolongamentos que permeia toda a lesão. Outras células, como oligodendrócitos e neurônios, e os vasos,  destacam-se em negativo.

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GFAP - Astrócitos. 

Os astrócitos são marcados no citoplasma para GFAP, um filamento intermediário do citoesqueleto próprio destas células. Com isso, a morfologia do corpo celular e dos prolongamentos fica evidente. O aspecto é análogo ao da substância branca normal. 

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GFAP - Oligodendrócitos. 

Estas células normalmente não expressam GFAP, e aparecem pelo seu núcleo redondo e pequeno, e citoplasma claro, fazendo contraste com os prolongamentos astrocitários marcados. 

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GFAP - Neurônios. 

Os neurônios, como os oligodendrócitos, não se marcam por GFAP, destacando-se por sua negatividade.  Distinguem-se dos oligodendrócitos pelo núcleo maior, com nucléolo, e citoplasma abundante, que por vezes se continua em prolongamentos. 

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VIM. 

Vimentina é expressada pelos astrócitos e pelas células endoteliais dos vasos.  Curiosamente, a trama de processos astrocitários demonstrada por este marcador é muito menos proeminente que com GFAP.  Isto sugere que os astrócitos da lesão expressam VIM só no corpo celular e por uma curta distância em seus prolongamentos.  Como com GFAP (acima), oligodendrócitos e neurônios não se marcam. 

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VIM - Astrócitos. Astrócitos participantes da lesão ficam bem individualizados com vimentina. Os feixes deste filamento intermediário passam de um prolongamento a outro tangenciando o corpo celular. Muitos prolongamentos vão dar a vasos (quadro abaixo). 
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VIM - Astrócitos, relação com vasos.  Astrócitos normais e neoplásicos estabelecem quase sempre relação com vasos através de seus prolongamentos. Esses contatos eram antigamente chamados 'pés sugadores', termo hoje em desuso, pois a idéia de que os astrócitos 'sugariam' nutrientes não é mais aceita. Os contatos induzem modificações morfofuncionais nas células endoteliais, fundamentais para a barreira hemoencefálica.  Aqui, em um hamartoma hipotalâmico, as relações astrócito-vaso são de freqüente observação. 
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VIM - Oligodendrócitos. 

Os oligodendrócitos não se marcam, aparecendo como núcleos circundados por halo claro, no característico aspecto 'em ovo frito'. 

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VIM - Neurônios. Os neurônios, como os oligodendrócitos, são negativos para vimentina. 
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NF.  Neurônios.  Neurofilamento, um filamento intermediário próprio de neurônios, marca tais células neste hamartoma hipotalâmico. É notável a variedade de forma e tamanho dos neurônios, com predomínio de células fusiformes ou bipolares. Alguns são muito pequenos, com nucléolo pouco proeminente e poderiam ser confundidos com oligodendrócitos, não fosse pela marcação citoplasmática. 
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NF - Axônios.  Axônios transitando pela lesão também se marcam por NF. Alguns são de diâmetro regular, outros exibem o aspecto 'em contas de rosário', sugestivo de perturbações do fluxo axonal. 
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SNF - Neurônios.  Neurônios deste hamartoma hipotalâmico marcam-se no citoplasma para sinaptofisina, uma proteína associada a vesículas sinápticas. A marcação destaca células de variados tamanhos e formas, o que é compatível com a natureza malformativa da lesão. O encontro de um neurônio binucleado, excepcional em tecido normal, apóia esta idéia.
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SNF - Axônios e neurópilo.  SNF também marca axônios maiores, como NF, acima, e uma densa rede de finos axônios difusamente distribuídos pela lesão, que participam de um neurópilo, juntamente com os prolongamentos gliais demonstrados por GFAP e VIM. Para neurópilo em HE, clique. 
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NSE.  Enolase neurônio-específica mostrou-se útil para demonstração dos neurônios da lesão, enfatizando a variação morfológica destes. 
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Ki-67.  Observou-se marcação de raros núcleos isolados (<<1%), pertencentes apenas a células gliais. 

Hamartoma  hipotalâmico. 

Origem da palavra: do grego hamartia, defeito, pecado.   Hamartoma é definido no dicionário médico Dorland como 'nódulo benigno semelhante a tumor, composto por crescimento excessivo de células e tecidos maduros, que normalmente ocorrem na parte afetada, mas freqüentemente com predomínio de um dos elementos'. 

Sinônimo – hamartoma do tuber cinéreo. 

Definição.  Massa congênita de tecido nervoso não neoplásico, situada em continuidade com a porção inferior do hipotálamo, entre o tuber cinéreo e os corpos mamilares, ou nas proximidades do hipotálamo, na região supraselar ou fossa interpeduncular.  Lesões pequenas são comuns, grandes são raras. Muitas são achados de exames de imagem, acompanhadas por anos sem alteração substantiva, e sem confirmação histológica. 

Clínica.  Há predomínio no sexo masculino. A queixa mais freqüente é disfunção endócrina, principalmente puberdade precoce, levando a baixa estatura. A puberdade manifesta-se geralmente antes dos 2 anos em meninos e mais tarde em meninas. Pode também haver acromegalia. O outro sintoma de apresentação comum é epilepsia. As chamadas crises gelásticas, caracterizadas por paroxismos de riso incontrolável, são clássicas, mas pouco comuns (do grego gelasma, risada; ou gelastos, risível).  Pacientes podem também apresentar crises parciais complexas, espasmos infantis, crises de ausência, crises parciais motoras e crises tônico-clônicas generalizadas.  Tanto a puberdade precoce quanto a epilepsia são mais comuns se a lesão for maior que 10 mm. Pode também haver retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e hiperatividade. 

Imagem.  O aspecto típico é de uma massa de limites bem definidos, arredondada ou ovalada, situada dentro do hipotálamo. Tipicamente envolve a região dos corpos mamilares e pode estender-se anterosuperiormente ao IIIº ventrículo. Pode ficar pendente do assoalho deste.  Tem em RM características de sinal semelhantes às da substância cinzenta em T1SE (spin echo). São hipointensas à substância cinzenta em T1IR (inversion recovery), e iso ou hiperintensas em T2.  Não se impregnam por contraste. Ocasionalmente pode haver grandes cistos associados à lesão, que se estendem à cisterna supraselar e à fossa média. O diagnóstico então baseia-se na localização, isointensidade à substância cinzenta, e ausência de impregnação na porção sólida. 

Macro. Lesões nodulares, bem delimitadas, moles, acinzentadas, de tamanho variável, que podem estar associadas ao assoalho do IIIº ventrículo ou livres nas cisternas supraselar ou interpeduncular. 

Micro. Os hamartomas assemelham-se ao tecido hipotalâmico normal (especialmente, do tuber cinéreo), e consistem de neurônios maduros de vários tamanhos dispersos casualmente em neurópilo delicado, contendo astrócitos e oligodendrócitos em proporção semelhante à do tecido nervoso normal. Há axônios mielínicos e amielinícos formando feixes, o que sugere conexões com outras partes do cérebro. Calcificação é rara. 

Diagnóstico diferencial.  A impressão inicial na biópsia é de tecido nervoso normal, se bem que um tanto desorganizado. O diagnóstico é mais difícil em material fragmentado, mas é grandemente facilitado por correlação com os estudos de imagem. Os principais diferenciais são com gangliocitoma ou ganglioglioma. Este último é afastado pela ausência, nos hamartomas, de um componente glial neoplásico (lembrando um astrocitoma). 

Tratamento. É preferencialmente clínico, através de agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (LHRH) na tentativa de controlar a puberdade precoce e o fechamento das cartilagens de crescimento.  Em casos refratários ao tratamento médico, ressecção cirúrgica do hamartoma pode ser curativa. Há evidência eletrofisiológica que as crises gelásticas originam-se no próprio hamartoma. 

Fontes. 

  • Barkovich AJ. Pediatric Neuroimaging. 4th Ed. Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, 2005.  pp 584-8.
  • Burger PC, Scheithauer BW, Vogel FS.  Surgical Pathology of the Nervous System and its Coverings.  4th Ed. Churchill Livingstone, New York, 2002.   pp 281-3. 
  • Dorland’s Illustrated Medical Dictionary. 26th Ed. 1981. WB Saunders Co, Philadelphia.
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 Para mais imagens deste caso: RM HE
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