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5. Quarta amostra - microscopia eletrônica |
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Masc. 21
a. Para página de resumo, clique.
Microscopia eletrônica. O material aqui apresentado foi obtido a partir da peça fixada em formol (veja aspecto macro). Pequenos fragmentos retirados da periferia do tumor (onde, supõe-se, o fixador penetrou melhor) foram refixados em líquido de Karnovsky e processados para microscopia eletrônica. A qualidade aceitável dos preparados permitiu correlação com a microscopia óptica, para melhor compreensão da estrutura fina da neoplasia. |
Células
neoplásicas.
As células apresentavam núcleo volumoso, com cromatina bem distribuída e nucléolos proeminentes, circundado por citoplasma relativamente escasso, que, em setores, era restrito a fina orla. O citoplasma formava um ou mais prolongamentos delicados, partindo geralmente de um ou ambos polos do núcleo. Nestes prolongamentos era observada a maior parte das organelas. |
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As células estavam isoladas e dispersas em abundante matriz extracelular amorfa, contendo fibrilas colágenas. Praticamente não foram vistos contatos entre as células neoplásicas. |
Célula
tumoral
com dois prolongamentos citoplasmáticos. Um prolongamento astrocitário rico em filamentos intermediários é visto em íntimo contato logo abaixo do núcleo (seta). Para mais imagens de astrócitos, clique. |
A abundância de filamentos intermediários e ausência de outras organelas nesta estrutura (seta amarela) leva a crer que não seja parte da célula mostrada neste corte e, sim, prolongamento de um astrócito. Para detalhes de outro astrócito, clique. |
Organelas.
O citoplasma das células neoplásicas é denso e repleto de organelas. Ao lado, um par de centríolos, em sua característica disposição perpendicular. Os centríolos são as organelas que organizam os microtúbulos do fuso mitótico, durante a divisão celular. Porém, a organela mais comumente observada aqui foi o retículo endoplasmático rugoso (abaixo). |
O retículo endoplasmático rugoso (RER) é constituído por uma rede de espaços alongados e achatados, chamados cisternas, com ribossomos alinhados ao longo da face citosólica. Os ribossomos lêem as moléculas de RNA mensageiro provenientes do núcleo, e o traduzem em proteínas, que são secretadas para o interior das cisternas do RER. Tais proteínas são transportadas através de vesículas ao aparelho de Golgi, onde são modificadas pela introdução de grupos açúcar (glicosiladas) ou sulfato (sulfatadas). Posteriormente, são secretadas para o meio externo. O colágeno e a substância fundamental do tecido conjuntivo (ácido hialurônico, proteoglicanas), tão abundantes neste tumor, são produzidos desta forma. |
Muitas cisternas do RER são dilatadas, e podem corresponder ao aspecto microvacuolado do citoplasma visto em microscopia óptica. O aspecto geral destas células lembra o de fibroblastos, e sugere ativa síntese proteica. |
Interstício.
É amorfo, constituído por proteoglicanas, glicosaminoglicanas e ácido hialurônico, moléculas que retêm abundante água devido à natureza hidrófila dos açúcares que as formam. Isto é responsável pelo hipossinal em T1 e hipersinal em T2 demonstrado pelo tumor nos exames de RM . Em meio à substância fundamental há feixes delgados de fibrilas colágenas orientados em múltiplas direções. |
Em microscopia óptica, fibras colágenas são preferencialmente demonstradas com tricrômico de Masson, que as cora em azul. |
Fibrilas
colágenas exibem
a característica estriação transversal com periodicidade
de 67 nm, devido ao arranjo escalonado das moléculas da proteína
colágeno.
Para um caso de gliossarcoma com estudo ao ME, e mais detalhes sobre a ultraestrutura do colágeno, clique. |
Vasos são encontrados em número moderado. Capilares e vênulas são formados por monocamada de células endoteliais unidas por junções e apoiadas sobre membrana basal. |
Apesar da delgadez de seu citoplasma, células endoteliais são metabolicamente muito ativas, com organelas de síntese proteica (ribossomos livres e no retículo endoplasmático rugoso - RER), e filamentos intermediários para dar resistência física à célula. Pelo menos parte destes são constituídos por vimentina. |
Axônios.
O encontro de axônios mielínicos isolados no meio da substância fundamental do tumor é evidência conclusiva do caráter infiltrativo do mesmo. Isto já tinha sido notado com os astrócitos incorporados pelo tumor, demonstrados por GFAP e também abaixo, com microscopia eletrônica. |
Apesar da topografia anômala, os axônios tinham estrutura interna e baínhas de mielina preservadas. |
Astrócitos.
Astrócitos reacionais pré-existentes eram observados de forma esparsa no interstício tumoral, como já demonstrado em HE e com GFAP. Aqui, examinamos sua estrutura interna, rica em filamentos intermediários, e suas relações de proximidade e contato com células tumorais. O núcleo deste astrócito não está visível neste plano de corte. |
Nota-se contato íntimo
entre o astrócito e as células neoplásicas, com aposição
das duas membranas celulares sem deixar espaço extracelular (linha
azul).
Não foram observados complexos juncionais entre as células. |
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O citoplasma do astrócito é rico em filamentos intermediários, que se continuam nos prolongamentos. O citoplasma da célula neoplásica é rico em retículo endoplasmático rugoso (RER), que secreta as proteínas constituintes da substância fundamental. | |
A lipofuscina é encontrada só nos astrócitos, na forma de grânulos eletrodensos (negros). É um pigmento de desgaste que se acumula em células permanentes - sugere que o astrócito neste caso é uma célula pré-existente antiga, que não se divide mais. Lembrar que o Ki-67 (marcador de divisão celular) foi negativo nos núcleos dos astrócitos. |
O principal componente do citoplasma do astrócito são os filamentos intermediários do citoesqueleto, que aparecem como uma densa trama de filamentos, formando finos feixes que se entrecruzam em todas as direções. Com imunohistoquímica, estes são positivos para GFAP e vimentina. Há também ribossomos livres ou formando rosetas, mitocôndrias, cisternas do retículo endoplasmático liso e rugoso, e lisossomos. |
Os prolongamentos do citoplasma do astrócito são também lotados de filamentos intermediários em arranjo paralelo. |
Para mais imagens e página de resumo deste caso: | ||||
Lesão inicial parietal esquerda | Lesão inicial parietal esquerda após 2 meses e meio | Primeira recidiva temporal E após 6 meses | Segunda recidiva, parietal E (em outro local) após 3 anos | Terceira recidiva, frontal E após 4 anos |
Primeira amostra, HE, IH | Terceira amostra, Macro, HE | Quarta amostra, Macro, HE | Idem, tricrômico de Masson | Idem, IH |
Textos complementares: | Sarcomas cerebrais | Fibrossarcoma | Mixofibrossarcoma | Diferencial: gliossarcoma |
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