Astrocitoma difuso de baixo grau
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Caso 1 da caixa didática dos residentes. 
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Imagem escaneada da lâmina.  Toda a área do corte contém tecido neoplásico. 
A maior parte é constituída por áreas fibrilares. Estão indicados o córtex cerebral infiltrado pelas
células neoplásicas e a área onde  predominam astrócitos  gemistocíticos
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Aspecto geral. 
Neoplasia glial de baixa celularidade, constituída por astrócitos fibrilares.  Os núcleos são pequenos, com escassas atipias, e os prolongamentos celulares se entrelaçam, formando o fundo fibrilar característico dos gliomas em geral. 
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As principais células constituintes são astrócitos fibrilares. Há discretas atipias, notadas como variação do  tamanho dos núcleos, sendo que diversos apresentam nucléolo  (astrócitos normais não mostram nucléolo proeminente). Em algumas células, nota-se o citoplasma e seus prolongamentos, em outras não. As atipias celulares são um dos critérios para graduação dos astrocitomas, segundo a classificação da OMS. Os astrocitomas difusos ditos de baixo grau (low grade) quase sempre contêm atipias, mesmo discretas como neste caso. Por isso, preenchem um critério (dos quatro em que se baseia a classificação) e são classificados como grau II (que é a graduação mais baixa para astrocitomas difusos). Os outros critérios são mitoses, proliferação vascular e necrose.  Para a tabela da classificação da OMS, clique aqui.
Binucleação é freqüente em astrócitos gemistocíticos reativos (isto é, não neoplásicos). Porém, em astrócitos reativos, o citoplasma é amplo e com aspecto em vidro fosco. Nos astrócitos neoplásicos, é comum a perda da relação núcleo-citoplasma, ou seja, o tamanho do núcleo é desproporcionalmente grande, sendo o citoplasma escasso. Este é um critério de valor para diferenciar entre gliose reacional e astrocitoma de baixo grau, especialmente em biópsias pequenas ou na congelação.  Para astrócitos gemistocíticos reativos, ver lâmina de infarto cerebral antigo, A. 350, na coleção didática da graduação.
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Vasos do tumor.  Nos astrocitomas difusos de baixo grau os capilares são delicados, constituídos por células endoteliais em monocamada, com núcleos espaçados entre si.  Não há, portanto, proliferação endotelial, um dos critérios de malignidade na classificação da OMS
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Área gemistocítica. Os astrocitomas difusos geralmente variam de aspecto conforme a área.  A que foi apresentada acima é basicamente de astrócitos fibrilares, com pouco citoplasma. Em outra parte do corte, predominam astrócitos com citoplasma mais abundante, que imitam os astrócitos gemistocíticos reativos. Contudo, apresentam atipias nucleares e perda da relação núcleo-citoplasma. Freqüentemente, também, a celularidade é maior que a observada em gliose reacional.
A presença de áreas gemistocíticas, ou se a maior parte do tumor é constituída por astrócitos gemistocíticos, são considerados sinais de mau prognóstico. Astrocitomas gemistocíticos grau II têm maior tendência a progredir a graus mais altos com o tempo.  Porém, na classificação atual da OMS, áreas gemistocíticas por si sós não são consideradas um critério de malignidade e  não aumentam o grau histológico da neoplasia. 
Para recordar o aspecto dos astrócitos gemistocíticos reativos, ver lâmina de infarto cerebral antigo, A. 350, na coleção didática da graduação. 
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Infiltração do córtex Uma importante característica dos astrocitomas difusos, independente do grau histológico,  é a infiltração insidiosa do tecido nervoso limítrofe, as células neoplásicas misturando-se sutilmente às sadias.  É muito difícil ou impossível definir o limite do tumor. Aqui, a infiltração do córtex cerebral é denotada apenas pela maior celularidade (maior quantidade de núcleos gliais entre os neurônios). 
Devem levantar suspeita de infiltração: maior celularidade, variação no tamanho e cromatismo dos núcleos gliais, núcleos muito próximos entre si, ou encostados em neurônios (este último aspecto conhecido como satelitose), e astrócitos gemistocíticos com perda da relação núcleo-citoplasma. 
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Padrões histológicos dos astrocitomas. 

Os astrocitomas classicamente variam de aspecto conforme a área examinada, o que obriga examinar muitas amostras de tecido para se chegar ao diagnóstico mais acurado. 

O padrão histológico diz respeito ao aspecto morfológico dos astrócitos constituintes, não à graduação.  Os principais tipos morfológicos de astrócitos são os fibrilares (mais comuns), gemistocíticos, protoplasmáticos e pilocíticos.  Os dois primeiros foram apresentados acima. Os astrócitos protoplasmáticos têm citoplasma escasso com prolongamentos curtos, e o espaço entre eles é geralmente muito rico em água, chegando a formar pequenos cistos. A isso se chama padrão protoplasmático com degeneração microcística. 
Os astrócitos pilocíticos têm prolongamentos poucos mas longos, arranjados de forma mais ou menos paralela em feixes que lembram uma cabeleira, daí o nome. 
Estes dois tipos são mais vistos nos astrocitomas pilocíticos, que são uma entidade nosológica, diferente dos astrocitomas difusos. Os astrocitomas pilocíticos são mais benignos, com pouca ou nenhuma tendência infiltrativa, e prognóstico melhor que o dos astrocitomas difusos, por isso são considerados grau I na classificação da OMS

No laudo de biópsia, costuma-se dar primeiro o tipo de astrocitoma (difuso ou pilocítico), a graduação segundo a OMS, e em seguida, facultativamente, o padrão histológico predominante ou exclusivo.  Por exemplo, o caso desta página seria classificado como astrocitoma difuso de baixo grau (grau II da OMS), com padrões histológicos fibrilar e gemistocítico. 

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