Astrocitoma misto (pilocítico e difuso) de quiasma óptico e IIIº ventrículo

 
Este tumor 
nos pareceu de particular interesse por apresentar o que parecem ser dois componentes histológicos independentes mas com transições entre si, ou seja, áreas pilocíticas clássicas com fibras de Rosenthal e áreas de astrocitoma difuso do tipo fibrilar, inclusive com astrócitos gemistocíticos. 
ASTROCITOMA PILOCÍTICO ASTROCITOMA  DIFUSO
Componente de astrocitoma  pilocítico.   Nas áreas de astrocitoma pilocítico, a celularidade (concentração de núcleos) era baixa. Os prolongamentos celulares, dependendo do plano de corte, eram retilíneos e em arranjo paralelo, lembrando uma cabeleira.  Fibras de Rosenthal eram numerosas, com sua forma característica em cenoura ou contas de rosário. Gotículas hialinas esparsas no tecido são conhecidas como corpos hialinos ou corpos hialinos granulosos (em parte podem ser fibras de Rosenthal em corte transversal ou oblíquo). 
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Componente de astrocitoma  difuso.   Já as áreas de astrocitoma difuso eram bem mais celulares, ricas em núcleos.  As células tinham contorno estrelado, com prolongamentos em várias direções, que formavam uma rede frouxa, tomando o chamado padrão fibrilar.  Várias células tinham citoplasma abundante e núcleo excêntrico, com o aspecto clássico de astrócitos gemistocíticos.  Nestas áreas, fibras de Rosenthal ou corpos hialinos granulosos eram raros ou ausentes.  Não foi encontrado o padrão protoplasmático com degeneração microcística, que é um dos componentes habituais do astrocitoma pilocítico. 

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
GFAP - Área pilocítica. Havia alta densidade de prolongamentos celulares GFAP positivos. Estes formavam uma trama fechada ou assumiam disposição em paralelo, dependendo do plano de corte. Entre eles, observavam-se fibras de Rosenthal, como estruturas alongadas e revestidas externamente de uma fina camada mais escura, que é constituída por GFAP (o núcleo da fibra de Rosenthal é formado pela proteína a-B cristalina). 
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GFAP - Área de astrocitoma difuso fibrilar.  Aqui, as células eram estreladas, com prolongamentos em várias direções, sem arranjo em paralelo e sem fibras de Rosenthal. Vários astrócitos tinham citoplasma abundante e núcleo excêntrico, assumindo a forma gemistocítica.  Astrócitos gemistocíticos são próprios de astrocitomas difusos, não de astrocitomas pilocíticos. 
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GFAP
Astrocitoma pilocítico Astrocitoma difuso fibrilar
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VIM - Área pilocítica. Com vimentina, aspectos semelhantes aos já demonstrados com GFAP. Os prolongamentos celulares nas áreas pilocíticas pareciam mais delgados e lisos que com GFAP.
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VIM - Área de astrocitoma difuso fibrilar.  Também lembrava o aspecto com GFAP.
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VIM
Astrocitoma pilocítico Astrocitoma difuso fibrilar
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Ki-67. O marcador de proliferação celular Ki-67 ou MIB1 foi positivo em raros núcleos na área pilocítica e em uma proporção muito maior, aproximando-se de 10% na área fibrilar. Isto indica que este componente estaria em proliferação ativa. 
Astrocitoma pilocítico Astrocitoma difuso fibrilar
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Obs.  Há discussão na literatura sobre uma possível variante difusa do astrocitoma pilocítico. Embora astrocitomas em crianças sejam usualmente classificados em fibrilares (i.e. difusos) ou pilocíticos, na realidade há vários casos que não se enquadram exatamente em nenhuma das duas categorias. Quanto menor o tamanho da biópsia, maiores as dificuldades diagnósticas.  No cerebelo, há casos incomuns de tumor infiltrativo cujas feições morfológicas imitam com muita proximidade um astrocitoma difuso. Geralmente, se há feições pilocíticas típicas em alguma área do tumor, como áreas pilocíticas com fibras de Rosenthal, elementos microcísticos e corpos hialinos granulosos, estes tumores devem ser classificados como pilocíticos e provavelmente evoluirão como tal. 
Ver Kleihues P  & Cavenee WK (eds). Tumours of the Nervous System. Pathology and Genetics. WHO Classification of Tumours. IARC Press, Lyon, 2000. p. 48. 

Agradecimento.  Caso do Hospital da Santa Casa de Limeira, gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas, Marcelo Senna Xavier de Lima e Paulo Roland Kaleff.

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dos astrocitomas  pilocíticos
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