Astrocitoma difuso de tronco cerebral 

 
Aspecto geral do tumor. 
Tumor de moderada celularidade, constituído por células predominantemente de linhagem astrocitária que infiltram difusamente o tecido nervoso.  Há discreto aumento do número de vasos, sem caracterizar ainda proliferação vascular como vista nos gliomas mais agressivos. Não há mitoses, nem áreas de necrose. 
O aspecto é semelhante nas várias áreas da pequena amostra.  Predominam astrócitos fibrilares, cujos prolongamentos conferem uma delicada trama de fundo, característica dos gliomas.  Em certas regiões observam-se astrócitos do tipo gemistocítico. Em outras, há focos com oligodendrócitos. 
Astrócitos  gemistocíticos.  Estas células de citoplasma volumoso têm morfologia  análoga à dos astrócitos reativos encontrados em muitas situações patológicas, como lesões vasculares, traumáticas e inflamatórias.  Sua presença em gliomas de baixo grau, quando abundante, sugere que o tumor tenha tendência a maior malignidade, embora isto não altere a graduação (no caso, um astrocitoma difuso de baixo grau, ou grau II da OMS). 
Células com gotículas hialinas.  Vários astrócitos neoplásicos apresentavam no citoplasma material hialino refringente na forma de gotículas fortemente eosinófilas. Em algumas células estas estavam compactamente arranjadas, em outras mais dispersas, permitindo individualização.  Entre as células havia também gotículas esparsas e, às vezes, agrupadas, correspondendo aos chamados corpos hialinos granulosos. Estes são comuns em tumores neuroectodérmicos de baixa malignidade. 
O curioso, neste caso, é que estas gotículas reagiram fortemente com os anticorpos Ki-67 (MIB-1) e p53.  A natureza deste fenômeno não está clara, não estando afastado um artefato. 
Células com aspecto de oligodendrócitos.  Um pequeno foco com células com o aspecto clássico em ovo frito. 
Vasos com tumefação das células endoteliais.  Já em aumento fraco alguns pequenos vasos se destacam, mostrando tumefação das células endoteliais. Opinamos que não se trata ainda de proliferação vascular, no sentido de hiperplasia das células endoteliais. A proliferação vascular é um sinal de maior malignidade em um glioma e um dos critérios de graduação na classificação da OMS. Se fosse considerada presente, passaria este tumor para grau III da OMS. 

 
Tricrômico de Masson.  Destacou bem em vermelho os grânulos intracitoplasmáticos dos astrócitos neoplásicos.  Em alguns pequenos vasos, a adventícia espessada por fibrose cora-se em azul. 

 
PAS. Útil para demonstrar vasos do tumor. Reforça a impressão de proliferação vascular incipiente, também notada em HE e em imunohistoquímica (vimentina, CD34). 

 
IMUNOHISTOQUÍMICA
GFAP.  Positivo no citoplasma das células neoplásicas, como esperado em um tumor desta linhagem.  As gotículas hialinas notadas no citoplasma das células neoplásicas em HE não reagem, indicando que são de outra natureza.  Os vasos são negativos. 

 
VIM. Marca parte das células neoplásicas, especialmente os astrócitos gemistocíticos. Das células menores, algumas se marcam, sempre no citoplasma apenas.  Muitas são negativas. Vimentina também demonstra vasos, sendo positiva nas células endoteliais e musculares lisas. Dá boa idéia da rede vascular do tumor. 
VIM.  Vasos.   Alguns vasos são tortuosos, mais espessos e próximos entre si. Entretanto, as células endoteliais mantêm disposição em monocamada, não se notando empilhamento. 
NF. Mostra axônios pré-existentes entre as células tumorais, que foram separados pelo crescimento do tumor, e demonstram sua capacidade de infiltração. 
CD34. Marca células endoteliais permitindo avaliar a rede vascular do tumor. Aqui, nota-se irregularidade na distribuição dos vasos, com áreas mais, outras menos vascularizadas.  Alguns capilares são tortuosos e núcleos das células endoteliais estão tumefeitos.  Tem-se a impressão de que o processo de proliferação vascular já se anuncia, embora em fase muito inicial. Como observado com vimentina, ainda não há empilhamento dos núcleos endoteliais nem pseudoglomérulos. 
Ki-67. Há muito poucos núcleos marcados (<1%), sugerindo que poucas células estão no ciclo de divisão. 
Ki-67. Marcação de gotículas hialinas.  Um resultado inesperado da reação foi a forte positividade das gotículas intracitoplasmáticas e livres no interstício. Normalmente, o anticorpo só marca núcleos, e só das células que vão se dividir. O achado é inusitado pela intensidade e repetiu-se num segundo teste. Consideramos que os corpúsculos devem conter um epítopo que está dando reação cruzada (espúria).  Na literatura não encontramos referência a observação semelhante. Curiosamente, houve resultado superponível com p53 (abaixo).  Nos casos de astrocitoma pilocítico deste site, temos dois com abundantes corpos hialinos granulosos em que Ki-67 foi positivo só nos núcleos. Por enquanto, não temos explicação para este achado. 
p53. Também achado inusitado, com marcação citoplasmática, cuja explicação nos escapa até o momento (5/6/2005). 
Controle do p53. Lâmina de carcinoma mamário corrida no mesmo dia (19/4/05) do p53 mostrado acima, que lhe serve de controle. Marcação de quase todos os núcleos das células neoplásicas, negativo no estroma. Ausência de marcação citoplasmática comparável à observada no astrocitoma. 

 
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