Cisto  ósseo  aneurismático
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Aspecto geral. 
Lâmina escaneada de espécime curetado de cisto ósseo aneurismático, constituído por septos conjuntivos tortuosos delimitando cavidades  com sangue (que aparece roxo nesta foto). 
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Septos fibrosos e cavidades contendo sangue. 
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Os septos são constituídos por fibroblastos com núcleos ovalados, regulares, e limites citoplasmáticos imprecisos. A celularidade é muito variável, desde áreas pobres em núcleos a áreas muito densas em células.  Entre os fibroblastos há também células gigantes do tipo osteoclasto, grânulos de hemossiderina resultantes das hemorragias, e neoformação óssea do tipo reticular, ou 'woven bone'. 
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Células gigantes tipo osteoclasto. Acompanham vários tipos de tumores ósseos e lesões não neoplásicas. Se numerosas, podem sugerir diagnóstico diferencial com o tumor de células gigantes
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Septo vascularizado. 

O alto grau de vascularização dos septos é responsável pelas hemorragias nas cavidades do cisto ósseo aneurismático. 

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Segmento de cartilagem.  Adjacente a tecido com as características de cisto ósseo aneurismático, provavelmente representa a periferia da lesão. 
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Neoformação óssea.  É constituída por osso reticular ou 'woven bone' (literalmente, osso tecido). Os osteoblastos depositam entre si fibras colágenas e matriz osteóide de forma desorganizada. 
Osteoblastos. Só em algumas áreas vêem-se osteoblastos na periferia das trabéculas ósseas neoformadas, sem formar uma rima contínua. 
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Hemossiderina.  Grânulos de hemossiderina e infiltrado inflamatório crônico inespecífico são comuns no cisto ósseo aneurismático. A hemossiderina resulta das  freqüentes hemorragias. 

Cistos ósseos aneurismáticos. 

Definição.  Cistos ósseos aneurismáticos são lesões com certa agressividade local, mas tradicionalmente consideradas não neoplásicas. Podem ser primários (cerca de 70% dos casos), ou complicar outras lesões ósseas benignas ou malignas que sofreram transformação cística e hemorrágica. As principais são tumor de células gigantes (1) (2), osteoblastoma, condroblastoma e displasia fibrosa.

Incidência. A maioria ocorre até os 20 anos de idade (idade mediana 13 anos), com discreto predomínio no sexo feminino ou sem preferência por sexo. 

Localização.  A maior parte das lesões acomete as metáfises de ossos longos, mas cerca de 15% ocorre nas vértebras, aí afetando mais os elementos posteriores. 

A clínica geralmente é de dor e aumento de volume localizados. Raramente, os sintomas se devem a uma fratura patológica. Nas vértebras, pode causar sintomas por compressão radicular. 

Radiologicamente, a lesão é puramente lítica, situada na metáfise de um osso longo, excêntrica, com aspecto insuflante e estendendo-se aos tecidos moles adjacentes. As margens podem ser circunscritas ou parecer infiltrativas (permeativas). Na periferia da lesão, no limite com os tecidos moles, há uma fina orla de osso neoformado subperiostal.  Em TC e RM podem ser notadas cavidades com níveis líquidos, devidos à sedimentação dos elementos mais densos, como hemácias. 

Macroscopicamente, a lesão mostra cavidades cheias de sangue ou líquido seroso e separadas por septos. Como a lesão é removida geralmente por curetagem, os elementos podem aparecer comprimidos no exame histológico. 

Microscopicamente, os septos são compostos por tecido moderada- ou densamente celular, constituído por fibroblastos, células gigantes multinucleadas do tipo osteoclasto, vasos proliferados e osso neoformado imaturo, do tipo reticular ou  ‘woven bone’. Este pode continuar-se com trabéculas ósseas com rima de osteoblastos.  Não há atipia citológica.  Pode haver atividade mitótica, inclusive acentuada, mas sem mitoses atípicas. 

Tratamento e Prognóstico. Os cistos ósseos aneurismáticos são benignos e a curetagem é curativa em 20 a 70% dos casos. O tratamento deve ser conservador, mas ter como objetivo remoção completa. Há, porém, casos de aumento rápido, chegando a grandes tamanhos, e raros casos de malignização. 

No diagnóstico diferencial do cisto ósseo aneurismático estão o tumor de células gigantes e o osteossarcoma.  Em relação ao tumor de células gigantes, ambos têm células gigantes, mas estas são mais abundantes no TCG.  No COA as células são mais fusiformes que ovaladas (caso do TCG) e há fibrose no tecido de fundo. O TCG afeta idade mais adiantada (pacientes adultos), já o COA acomete pacientes mais jovens. Quando o TCG ocorre na coluna, envolve o corpo vertebral, enquanto o COA afeta mais os elementos dorsais da vértebra (pedículos, lâminas, apófises). 

Patogênese.  A origem do cisto ósseo aneurismático é enigmática. Têm-se relatado rearranjos e translocações do braço curto do cromossomo 17, o que sugere que muitos são proliferações clonais causadas por ativação de um oncogene no cromossomo 17p.

Fontes – 

  • Unni KK, Inwards CY.  Tumors of the osteoarticular system.  in Fletcher CDM (ed). Diagnostic Histopathology of Tumors. 2nd Ed. Churchill Livingstone, Edinburgh, 2000. pp. 1586-7
  • Rosenberg AE, Nielson JP, Fletcher JA.  Aneurysmal bone cyst.  in Pathology and Genetics of Tumours of Soft Tissue and Bone. WHO Classification of Tumours. Fletcher CDM, Unni KK, Mertens F (eds). IARC Press, Lyon, 2002.  pp. 338-9 
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Caso  gentilmente contribuído pelo Dr. Hoyama da Costa Pereira, Limeira, SP. 
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