Cisto epidural
meníngeo ou cisto aracnóideo extradural.
Estas lesões
raras têm sido interpretadas e denominadas diferentemente na literatura.
Segundo
Burger
et al, que usam o termo cisto
epidural meníngeo, a
lesão corresponderia a um divertículo formado pela dura-máter
e aracnóide, que geralmente mantém alguma comunicação,
ainda que pequena, com o espaço subaracnóideo.
Situam-se na linha média, na face posterior da medula. Histologicamente
são formados por duas camadas, sendo a externa mais espessa e colageneizada,
lembrando dura-máter. A interna é mais delgada, inconstante,
com origem na aracnóide (tal conceito é apoiado pelo presente
caso).
Osborn e
outros autores denominam estas lesões de cistos
aracnóideos extradurais espinais.
Os cistos são considerados bolsas (outpouchings) de aracnóide,
preenchidas por líquor, que protruem através de um defeito
da dura-máter. Podem ser congênitos ou adquiridos. Cerca de
2/3 ocorrem na medula torácica média ou inferior, 20% na
região lombo-sacra. São incomuns na medula cervical.
O sintoma
mais típico é paraparesia ou tetraparesia flácida
ou espástica, lentamente progressiva, não associada a dor.
Inicialmente o controle esfincteriano é poupado. Pode haver cifose
e dor radicular.
Na imagem,
há uma lesão cística com características de
sinal semelhantes às do líquor, que se estende por vários
segmentos, causando compressão medular e/ou bloqueio liquórico.
Pode haver deformidades ósseas associadas, com alargamento do canal
espinal, erosão dos pedículos e dos corpos vertebrais, e
aumento da distância interpedicular.
Admite-se
origem congênita, com herniação da aracnóide
através da dura-máter, retendo uma pequena comunicação
ou pertuito do conteúdo do cisto com o espaço subaracnóideo.
Segundo este ponto de vista, a membrana herniada seria apenas a aracnóide,
não a dura, como postulado no esquema, redesenhado abaixo, do livro
de Burger et al. Em um dos casos aqui
apresentados, tal comunicação foi efetivamente observada
e corrigida pelo cirurgião.
Comentário.
O aspecto histológico, observado no presente caso e em outro,
é de uma membrana de tecido fibroso denso, com camadas colágenas
aproximadamente paralelas, mas não tão compactas quanto seria
de se esperar se o tecido fosse dura-máter. Por outro lado, é
muito espessa para corresponder à aracnóide normal. Contudo,
o encontro de estruturas lembrando ligamentos
denticulados, atravessando perpendicularmente a parede do cisto, sugere
que esta seja mesmo formada por aracnóide, pois é a aracnóide
que é penetrada pelos ligamentos denticulados na anatomia normal.
Em um deles, foi observada uma camada lembrando fibroblastos
aracnóideos na face externa. Assim, é possível
que a parede do cisto seja formada por aracnóide anômala e
espessada.
Fontes:
-
Burger PC,
Scheithauer BW, Vogel FS. Surgical Pathology of the Nervous System
and its Coverings. 4th Ed. Churchill Livingstone, New York, 2002,
p 537.
-
Osborn AG.
Diagnostic Neuroradiology. Mosby, St Louis, 1994. p 887.
Referências obtidas
em PubMed.
-
Chang IC et
al. Spinal cord compression caused by extradural arachnoid cysts. Clinical
examples and review. Pediatr Neurosurg 40:70-4; 2004
-
Charissoux
JL et al. [Extradural spinal cysts: an uncommon cause of back pain. Review
of the literature apropos of a case]. [in French] Rev Chir Orthop Reparatrice
Appar Mot 78:51-7; 1992
-
D'Haens J et
al. Thoracic spinal epidural cysts. Surg Neurol 27:264-8; 1987
-
Ersahin Y et
al. Spinal extradural arachnoid cyst. Childs Nerv Syst. 9:250-2; 1993
-
Langenbach
M et al. The value of different neuro-imaging methods in the diagnosis
of a congenital, spinal, epidural meningeal cyst. Neurosurg Rev. 12:245-9;
1989
-
Sakellaridis
N et al. Sacral epidural noncommunicating arachnoid cyst. Case report and
review of the literature. J Neurosurg Spine 6:473-8; 2007
-
Yabuki S, Kikuchi
S. Multiple extradural arachnoid cysts: report of two operated cousin cases.
Spine (Phila Pa 1976) 32:E585-8; 2007
|