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Fem. 54 a. Clique para história clínica, ressonância magnética e imunohistoquímica. |
Destaques da microscopia. Texto : Sarcoidose em geral e do SNC | ||
HE. Granulomas de células epitelióides e gigantes, com halo linfocitário | Células epitelióides | Células gigantes |
Infiltrado inflamatório crônico inespecífico | Necrose coagulativa (escassa) | Masson. Granulomas de células epitelióides |
Granulomas de células gigantes. | Fibrose perigranulomatosa e entre os granulomas | CD68. Positivo em células de linhagem macrofágica (inclusive células epitelióides e gigantes) |
HAM 56. Idem | CD3. Positivo em linfócitos T (numerosos nos granulomas) | CD20. Positivo em linfócitos B (escassos ou ausentes nos granulomas) |
CD34. Demonstra caráter avascular dos granulomas | VIM. Positiva em todas as células participantes dos granulomas, negativa no colágeno intersticial | EMA. Positiva em células meningoteliais hiperplásicas, envolvidas no processo |
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Aspecto
geral, granulomas.
O material submetido constava de poucos pequenos fragmentos da parte mais superficial da lesão grande, em placa, na convexidade cerebral direita, que, supunha-se, fosse um meningioma. A biópsia revelou numerosos granulomas de células epitelióides e gigantes, tanto do tipo Langhans como do tipo corpo estranho, não raro com halo linfocitário e fibrose em torno. |
Granulomas. Os granulomas eram de modo geral compactos e bem delimitados. Predominavam as células epitelióides, havendo vários granulomas sem gigantócitos. Necrose caseosa central era observada em poucos, e nunca envolvia extensamente o granuloma, nem confluia com a necrose de granulomas vizinhos, como seria de se esperar se a etiologia fosse tuberculosa. A pesquisa cuidadosa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) em cortes seriados (método de Ziehl-Neelsen) foi sistematicamente negativa, assim como a de fungos (Grocott, PAS). | |
Células epitelióides. Células epitelióides são macrófagos modificados pelas linfocinas secretadas por linfócitos T helper (CD4+). São elas que definem o granuloma. Morfologicamente, caracterizam-se pelo núcleo alongado, lembrando o de um fibroblasto, com cromatina frouxa e bem distribuída. O citoplasma é abundante e róseo, com limites imprecisos. Nisto diferem dos fibroblastos, que têm citoplasma muito escasso. A natureza macrofágica das células epitelióides é comprovada por imunohistoquímica para macrófagos, como CD68 e HAM 56. As células epitelióides são as principais constituintes do granuloma, mas acompanham-se de população variada de outras células inflamatórias, como linfócitos T e B, plasmócitos, e células gigantes, estas também macrófagos modificados. Para inflamações na parte de Patologia Geral do site, clique. | |
Células
gigantes.
Ou gigantócitos, são células multinucleadas, com citoplasma abundante e róseo, originadas da fusão de macrófagos individuais ou da multiplicação dos núcleos sem divisão do citoplasma. Sua natureza macrofágica pode ser comprovada pela positividade para os marcadores imunohistoquímicos CD68 e HAM 56. |
Células gigantes. Podem ser classificados em duas formas conforme a distribuição dos núcleos: células gigantes de Langhans, que têm os núcleos distribuídos ao longo da periferia do citoplasma, como um colar de contas; ou células gigantes de corpo estranho, em que os núcleos são vistos ao acaso por todo o citoplasma. As de Langhans ocorrem caracteristicamente também na tuberculose. Pode haver formas de transição entre os dois tipos. | |
Infiltrado
inflamatório crônico inespecífico.
Além dos granulomas bem formados, há áreas de constituídas por linfócitos, plasmócitos e macrófagos não transformados em células epitelióides ou gigantes. Por imunohistoquímica, reconhece-se que a população predominante é de linfócitos T, positivos para CD3. Os macrófagos comuns têm núcleo redondo, ao contrário das células epitelióides, onde é alongado. |
Granulomas
com necrose.
É uma característica da sarcoidose que os granulomas não sofrem necrose caseosa (não caseificantes), mas uma pequena quantidade de necrose é compatível com o diagnóstico (ver texto, abaixo). Na tuberculose, o principal diagnóstico diferencial, as áreas de necrose tendem a ser mais extensas e confluentes. No presente caso, as áreas de necrose eram pequenas e restritas a poucos granulomas. Abaixo, os melhores campos. |
A necrose caseosa é um exemplo clássico de necrose coagulativa. Para mais sobre tipos de necrose na parte de Patologia Geral do site, clique. |
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Tricrômico
de Masson.
Esta tradicional coloração para tecido conjuntivo produziu bons resultados no presente material, pois ajuda a separar o componente celular (que se cora predominantemente em vermelho) das fibras colágenas do interstício (que se coram em azul). É particularmente útil para mostrar a fibrose em torno dos granulomas, que forma anéis concêntricos de fibras colágenas. Estas vão se tornando mais abundantes e espessas à medida que o granuloma envelhece. |
Masson.
Granulomas com células epitelióides. |
Masson.
Granulomas com células gigantes. |
Masson.
Fibrose peri- e intragranulomatosa. |
Obs.
Pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (técnica
de Ziehl-Neelsen) e fungos (Grocott,
PAS)
negativa.
Tricrômico de Masson pelo técnico de colorações especiais do Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP, Sr. Sérgio Roberto Cardoso. |
Sarcoidose.
Definição. Sarcoidose é uma doença sistêmica de causa desconhecida, caracterizada por granulomas não caseosos em vários órgãos. Pode ter vários padrões clínicos. Linfadenopatia hilar ou envolvimento pulmonar estão presentes em 90% dos casos. Seguem-se em freqüência lesões cutâneas e oculares. O diagnóstico de sarcoidose é de exclusão, após outras doenças granulomatosas, como tuberculose, micoses profundas e beriliose, terem sido descartadas. A prevalência é variável em diferentes populações e países. Nos Estados Unidos é 10 vezes mais comum em negros. A doença é rara em chineses e no sudeste asiático. Etiologia. É desconhecida. Até o momento não há evidência inequívoca de que sarcoidose seja causada por um agente infeccioso. Há várias linhas de evidência a favor de uma desordem da regulação imune em indivíduos geneticamente predispostos, e em resposta a certos agentes ambientais. Os granulomas da sarcoidose seriam uma resposta de imunidade celular a antígenos não identificados, e envolveria linfócitos T helper CD4+, cujo número está aumentado nos tecidos inflamados. Isto eleva o nível de citocinas produzidas por estes linfócitos, como interleucina-2 (IL-2) e intérferon gama, o que por sua vez resulta em expansão da população de células T e ativação macrofágica, respectivamente. Os pacientes de sarcoidose mostram anergia a testes cutâneos, inclusive PPD (usado na reação de Mantoux). Microscopia. Em todos tecidos envolvidos desenvolvem-se os clássicos granulomas não caseificantes, constituídos por células epitelióides densamente arranjadas, associadas a células gigantes de Langhans e/ou células gigantes de corpo estranho. Geralmente, as lesões na sarcoidose são mais nodulares e ricas em células epitelióides, que se congregam em tubérculos bem individualizados. Necrose central é incomum. Contudo, pequenos focos de necrose dentro de granulomas individuais são inteiramente consistentes com o diagnóstico de sarcoidose. O que fala a favor de tuberculose são áreas extensas de necrose geográfica atingindo vários granulomas e estruturas entre eles. Com a cronicidade, os granulomas vão ficando envolvidos em cápsulas fibrosas e, eventualmente, podem ser totalmente substituídos por cicatrizes. Distribuição das lesões. Os pulmões são o local mais comum de lesões, que se distribuem ao longo dos linfáticos, brônquios e vasos sanguíneos. Há também lesões alveolares. A alta freqüência de lesões na submucosa dos brônquios colabora na eficiência das biópsias broncoscópicas para o diagnóstico. Linfonodos são envolvidos em quase todos os casos, especialmente os hilares e mediastinais. Há lesões nas amígdalas em ¼ dos casos. O baço é afetado microscopicamente em ¾ dos casos. Há envolvimento freqüente também do fígado e medula óssea. Há lesões cutâneas em 1/3 a ½ dos casos, com vários padrões macroscópicos; lesões das mucosas da cavidade oral, laringe, faringe e trato respiratório superior, olhos, glândulas lacrimais e salivares. Acometimento do sistema nervoso central ocorreria em 5% dos casos. Clínica. Devido ao acometimento de múltiplos locais, o diagnóstico de sarcoidose é freqüentemente difícil. Na grande maioria dos casos, o quadro se inaugura com dificuldades respiratórias progressivas – falta de ar, tosse, dor torácica, hemoptise. Pode haver sintomas gerais, como febre, fadiga, perda de peso, anorexia. O curso é variável e imprevisível, podendo haver remissões, espontâneas ou induzidas por corticoterapia. Cerca de 65 a 70% dos pacientes recuperam-se sem seqüelas. Em 20% há perda parcial permanente de função pulmonar ou lesões oculares. Cerca de 10 a 15% morrem de disfunção respiratória progressiva devido a fibrose pulmonar crônica. Uma pequena percentagem sucumbe a doença no sistema nervoso central ou coração. Fonte.
A sarcoidose intracraniana compartilha com a tuberculose a preferência pela base do cérebro, particularmente a região hipotalâmica e o quiasma óptico. Pode tomar a forma de leptomeningite crônica ou massa baseada na dura. Alguns casos ocorrem na vigência de sarcoidose sistêmica, mas muitos não se associam a doença extracraniana reconhecida. Clínica. As conseqüências são obstrução do fluxo liquórico e hipertensão intracraniana, déficits de nervos cranianos, lesões de tratos longos, disfunção autonômica e do eixo hipotálamo-hipofisário. As meninges são o sítio predominante de envolvimento, mas há comumente extensão ao parênquima adjacente. O processo pode envolver difusamente o espaço subaracnóideo, inclusive níveis espinais. Macro. Usualmente espessamentos meníngeos pequenos e nodulares, mas pode haver grandes massas globulares que simulam meningiomas. Algumas lesões espessam a bainha do nervo óptico. Micro. Semelhante ao acometimento sistêmico. Tratamento é baseado em corticoterapia, que pode levar à regressão das lesões tumorais. Fonte.
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