Linfomas  malignos  (texto de apoio)
Prof.  Dr.  José  Vassallo

 
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LINFOMAS MALIGNOS

Definição: neoplasias do sistema linfóide que ocorrem primariamente nos linfonodos, mas podem ter início em outros órgãos extra-nodais.

Histórico: 

  • 1832 – o cirurgião inglês Thomas Hodgkin descreveu processos que acometiam linfonodos, os quais aumentavam muito de volume e levavam o paciente à morte; havia comprometimento de mediastino e baço
  • 1858 – Virchow usa pela primeira vez o termo “linfoma” para designar aumento dos linfonodos (LN)
  • 1863 – Virchow usa o termo “linfossarcoma” para designar neoplasia de células linfóides. Atualmente, para distinguir as neoplasias linfóides da DH, elas são também denominados linfomas não-Hodgkin
  • 1865 – Wilks descreveu mais casos como os descritos por Hodgkin e deu o nome ao processo de Doença de Hodgkin (DH) ou linfoma de Hodgkin
  • 1899 – Sternberg (Áustria) e 1902 – Dorothy Reed (EUA) descreveram na histologia da DH uma célula característica, que ficou conhecida como célula de Reed-Sternberg (RS)

 
 
 

DIFERENÇAS  ENTRE  OS  LINFOMAS  DE  HODGKIN  E  NÃO-HODGKIN

LINFOMA  DE  HODGKIN
LINFOMAS  NÃO- HODGKIN
Progressão da doença Início mais freqüente em linfonodos cervicais, progredindo topograficamente no organismo por contigüidade. A progressão da doença não se faz necessariamente por contigüidade, sendo mais freqüentes os casos com acometimento sistêmico ao diagnóstico, inclusive com leucemização.
Localização do tumor primário É praticamente sempre nos linfonodos. Acometimentos extra-nodais significam tumor secundário. Não é infreqüente o acometimento primário de órgãos extra-nodais, o que ocorre em até 40% dos casos. Os sítios extra-nodais mais freqüentes são o estômago, o anel de Waldeyer e a pele.
Estádio ao diagnóstico Mais freqüentemente I e II. Depende do tipo histológico: nos linfomas indolentes e altamente agressivos, geralmente estádio IV. Nos agressivos, geralmente I, II ou III.
Biologia da célula neoplásica O tipo predominância linfocitária nodular é de origem linfóide B. Nos demais tipos as células neoplásicas (Hodgkin e Reed-Sternberg) são, segundo novas evidências,  de origem linfóide B (98%) ou raramente T (2%). São originados em células B (maioria no mundo ocidental, cerca de 80-90%), T (cerca de 10 a 20%) ou NK (natural killer, raros). Poucos exemplos de fenótipo null (não B-não T)
Histologia As células neoplásicas são a minoria (< 1%) em um fundo de células reativas (linfócitos, plasmócitos, eosinófilos), na maioria dos casos. As células neoplásicas distribuem-se por todo o tecido acometido, com poucas células inflamatórias reativas, na maioria dos casos.
Distribuição etária  Bimodal, com pico de acometimento em crianças e adultos jovens e um pico menor nas faixas etárias mais avançadas. Distribuem-se por todas as faixas etárias, com predomínio de diferentes subtipos histológicos nas diversas idades.

 
Classificação dos Linfomas não Hodgkin (LNH):
Baseia-se no tipo celular e no fenótipo B e T
Na classificação de Kiel – (1970-1988) os LNH de células B e T são subdivididos em de baixo e alto graus de malignidade:
-baixo grau de malignidade = constituídos por células linfóides pequenas e maduras, com pequena atividade mitótica;
- alto grau de malignidade = constituídos por células linfóides imaturas, médias ou grandes, com alta taxa de mitoses.
Nas classificações mais recentesREAL (Americana-Européia, 1994) e OMS (Organização Mundial da Saúde, 1998), os LNH são divididos em B e T e subdivididos em:
- linfomas de células precursoras (linfoma/leucemia linfoblástica)
- linfomas de células periféricas (pós maturação na medula óssea)

 
 

PATOGÊNESE

Valem as mesmas observações que nas leucemias. Devemos destacar o papel do vírus de Epstein-Barr na patogênese dos linfomas.

- EBV presente em 100% dos carcinomas indiferenciados de nasofaringe
- EBV associado em próximo de 100% dos casos de linfomas descritos por Burkitt, endêmico na África; o mesmo linfoma nos países industrializados apresenta expressão de EBV em cerca de 30%; no Brasil a associação do linfoma de Burkitt com o EBV é intermediária entre esses dois grupos
- EBV associado a cerca de 20% dos casos de linfoma de Hodgkin esclerose nodular e 80% de LH celularidade mista (média 50%);
- EBV presente em perto de 100% dos linfomas B de grandes células e LH dos indivíduos portadores do HIV;
- EBV presente em perto de 100% dos casos de LNH de células T/NK nasofarígeo.
- Pacientes portadores de doenças auto-imunes (por ex. síndrome de Sjögren) e de imunodeficiências (congênitas ou adquiridas) têm maior chance de desenvolver linfomas.
 


 
ESTADIAMENTO  DOS  LINFOMAS

I+ II= doença mais localizada; 
III+ IV= doença mais disseminada


 
CLASSIFICAÇÃO   DOS    LNH   SEGUNDO   ASPECTOS   CLÍNICOS

Os linfomas não Hodgkin apresentam características clínicas e biológicas que dependem do seu subtipo histológico. De forma geral, estas características podem ser divididas em três grupos:
 

Linfomas indolentes

• Geralmente acometem indivíduos idosos, sendo raros em jovens e praticamente inexistentes em crianças;
• O curso clínico é arrastado, podendo terminar em uma fase mais rápida, correspondendo histologicamente à progressão para um linfoma de grandes células agressivo;
• Geralmente estão disseminados ao diagnóstico, com alta freqüência de acometimento da medula óssea; são por vezes leucemizados;
• Não apresentam boa resposta terapêutica, pela baixa taxa de proliferação celular; pode-se cogitar em conduta expectante, dependendo da idade do paciente e da quantidade de massa tumoral existente; a curva de sobrevida não apresenta um platô de estabilização dos óbitos;
• A doença progride lentamente, com inexorável êxito letal ao fim de muitos anos, apesar do tratamento. Exceção constitui o linfoma de células do manto, que, além de não responder à terapia, leva maioria dos pacientes ao óbito em até cerca de 5 anos;
• Exemplos deste grupo: linfoma linfocítico/leucemia linfocítica crônica; linfoma folicular; linfoma esplênico; linfoma MALT; micose fungóide/síndrome de Sézary; linfoma de células do manto (este é o mais agressivo deste grupo).
 

Linfomas agressivos

• Ocorrem mais freqüentemente em adultos, porém podem incidir em qualquer idade;
• Têm curso clínico agressivo e necessitam tratamento, pois, caso contrário, levarão o paciente ao óbito em pouco tempo;
• Não é comum apresentarem medula óssea acometida ao diagnóstico, nem leucemização;
• Respondem à quimioterapia agressiva e a curva de sobrevida após tratamento apresenta platô de cura ao redor dos 40-50% dos pacientes; o transplante de medula óssea é opção terapêutica;
• Exemplos deste grupo: linfoma difuso de grandes células B (variedades centroblástica e imunoblástica), linfoma anaplásico de grandes células CD30+, de fenótipo T/Null; maioria dos linfomas de células de células T periféricas pertencem a este grupo, porém têm recidivas precoces e pior prognóstico que os B.
 

Linfomas altamente agressivos

• Acometem principalmente a faixa pediátrica;
• Têm curso clínico altamente agressivo, extremamente rápido, podendo levar à morte em poucas semanas ou meses se não for instituído tratamento adequado;
• A medula óssea está freqüentemente positiva ao diagnóstico, havendo freqüente leucemização;
• Há acometimento do sistema nervoso central, devendo ser feita terapêutica profilática neste sítio;
• Responde a terapêutica altamente agressiva, mostrando curva de sobrevida com platô por volta dos 50% de pacientes curados; transplante de medula óssea é opção terapêutica;
• Exemplos deste grupo: linfoma ou leucemia linfoblástica B ou T; linfoma de Burkitt.
 


 
 

FREQÜÊNCIA  DOS  LINFOMAS POR FAIXA ETÁRIA

0-5 anos 5-20 anos 20-30 anos 30-40 anos > 40 anos
LINFOMA DE HODGKIN  
+
+++
++++
++
+
LINFOMA
NÃO-HODGKIN
INDOLENTE
-
- raro
+/-
+
++++
AGRESSIVO
+/-
+
++
+++
++++
ALTAMENTE 
AGRESSIVO
++++
++++
+
+/-
+/-

 
QUADRO COMPARATIVO
DAS LÂMINAS DE LINFONODO
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