Peças
SN-103. Hidrocefalia e pioencéfalo. Neste
encéfalo de criança com intensa hidrocefalia congênita
ocorreu infecção bacteriana da cavidade ventricular. Os ventrículos
laterais, já extremamente dilatados pela obstrução
ao fluxo liquórico, ficaram preenchidos por pus, que extravasou
durante a retirada do encéfalo na autópsia. A causa da hidrocefalia
não está clara, mas comumente se deve a malformação
do aqueduto de Sylvius (ver banco
de imagens) ou à malformação de Arnold Chiari
(peças SN-102 e SN-145).
A dilatação ventricular é simétrica, afetando
porém sempre com maior intensidade as regiões posteriores
dos ventrículos laterais. Nestas áreas (lobos parietais posteriores
e occipitais), o parênquima cerebral fica reduzido a espessura de
cartolina. A lesão do parênquima é mais acentuada na
substância
branca, que praticamente desaparece. O epêndima (epitélio
de origem neuroectodérmica que reveste os ventrículos) é
muito frágil e sofre destruição completa. O córtex
fica melhor preservado, mas há rearranjo dos giros, que se tornam
menores e mais numerosos à inspeção externa (aspecto
conhecido como microgiria). A via de infecção
também não está evidente. Uma possibilidade seria
por via ascendente a partir de uma derivação liquórica
ventrículo-peritonial. O preenchimento total do sistema ventricular
por pus é conhecido como pioencéfalo. Geralmente se
acompanha de meningite purulenta, mas aqui esta ou não ocorreu ou
é discreta. A extrema fragilidade do tecido tornou inevitável
a fragmentação do lobo occipital durante a manipulação
do cérebro. |