Fibroma condromixóide  em  osso  occipital. 
5. Microscopia eletrônica. 
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Masc. 19 a.  Clique para história clínica, radiografias simples, tomografia computadorizada, ressonância magnética, angiografia digital,  biópsia : macro, destaques; HE, tricrômico de Masson, reticulina, reticulina + safranina, imunohistoquímica (destaques) para VIM, 1A4, HHF-35, CD56, S-100, CD34, Ki-67, p53, microscopia eletrônica. Textos sobre  fibroma condromixóide, fibronectina, integrinas
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Material para microscopia eletrônica foi obtido da reserva em formol cerca de 3 meses após. Mesmo sem fixação ideal, a preservação da ultraestrutura foi considerada satisfatória. Na nossa experiência, a rapidez da fixação inicial é mais crítica que o tipo de fixador, se líquido de Karnovsky ou formol a 10% não tamponado (que foi o caso aqui). 
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Destaques  da  microscopia eletrônica. 
Aspecto geral.  Caráter mesenquimal, mixóide, células estreladas ou poligonais em meio a abundante matriz intersticial Contatos intercelulares, junções do tipo adherens Matriz extracelular e suas relações com as células. Fibrilas atribuídas a colágeno do tipo II. Textos - fibronectina, integrinas
Citoplasma.  Grande riqueza em organelas Núcleo. Indentações da membrana nuclear, nucléolo, cromatina bem distribuída.  Pseudoinclusões. 
Destaques  da  microscopia óptica e imunohistoquímica
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Aspecto geral do tumor. A ultraestrutura deste fibroma condromixóide recapitula aspectos já apresentados em HE, tricrômico de Masson e imunohistoquímica para vimentina.  As células neoplásicas são altamente polimórficas, com citoplasma abundante, contorno poligonal e limites nítidos, ricas em prolongamentos que se afilam nas extremidades. Há freqüentes contatos entre células vizinhas, alguns com junções do tipo adherens. Geralmente se observa um ou dois núcleos no plano de corte, que podem ser arredondados ou irregulares, com indentações e pseudoinclusões.  As células estão dispersas em abundante matriz hidratada eletrolucente, com fibrilas frouxamente arranjadas em feixes multidirecionados. Não há membrana basal circundando as células neoplásicas. 
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Relações intercelulares, junções. 

As células  deste fibroma condromixóide estavam, na maioria, completamente circundadas por matriz extracelular (pelo menos no plano de corte em estudo). Contudo, observaram-se contatos entre muitas células, geralmente através de seus prolongamentos.  Não raro, foram encontradas densidades nas membranas em contato, consideradas junções do tipo adherens.  Para mais sobre junções intercelulares, clique

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Três prolongamentos celulares 

em contato, possivelmente pertencentes a três células. 

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Contatos entre corpos celulares. 

As duas células ao lado apresentam contatos em seqüência, intercalados por espaços. Nas áreas de contato não se observam densidades de membrana sugestivas de junções. 

No exemplo abaixo, há extensa área de contato entre as membranas, com densidades pontuais envolvendo ambas, que provavelmente correspondem a junções do tipo adherens

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Matriz extracelular. 

As células tumorais estavam dispersas em substância fundamental amorfa altamente hidratada e eletrolucente, em que se observavam finas fibrilas orientadas ao acaso, mas às vezes dispostas frouxamente em feixes. Estas não mostravam as características estriações das fibrilas de colágeno tipo I. Como o tumor é considerado de linhagem condróide, presumimos que as fibrilas sejam de colágeno tipo II, encontrado em matriz cartilaginosa. Prolongamentos celulares de diferentes diâmetros e cortados em diversos ângulos estavam sempre presentes. 

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Relações entre fibrilas intersticiais e a superfície celular. 

As delicadas fibrilas da matriz fundamental fazem freqüentemente contato com a membrana plasmática dos prolongamentos celulares e parecem inserir-se na mesma. 

A adesão das células à matriz extracelular é mediada por proteínas como fibronectina e integrinas. Para breve texto e esquema, clique. 
 

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Adesão de fibrilas extracelulares à superfície celular.  Dependendo do plano de corte, pode simular continuidade entre filamentos intra- e extracelulares. Evidentemente, a continuidade é só aparente, pois são proteínas diferentes em compartimentos separados pela membrana plasmática. A adesão das fibrilas extracelulares (provavelmente colágeno fibrilar do tipo II) à membrana celular se dá por proteínas especializadas para este tipo de ancoragem, como a fibronectina, que se ligam a proteínas transmembrana da família das integrinas
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Fibronectina 

Fibronectina é uma proteína extracelular que ajuda células a ligar-se à matriz intersticial. 

A matriz extracelular contém várias proteínas não colágenas que, tipicamente, têm múltiplos domínios, cada um com sítios específicos de ligação a outras macromoléculas matriciais e a receptores na superfície celular. Estas proteínas contribuem para organizar a matriz e ajudam células a aderir a ela. 

A primeira destas a ser caracterizada foi a fibronectina, uma grande glicoproteína encontrada em todos os vertebrados.  Fibronectina é um dímero, composto por duas subunidades de cadeia peptídica muito longa, e que estão unidas por pontes dissulfeto em uma das extremidades. Cada subunidade está dobrada em uma série de domínios (ou regiões) funcionalmente distintos, separados por trechos de cadeia polipeptídica flexível.  Todas as formas de fibronectina são produzidas por um único gene com cerca de 50 exons de tamanho semelhante. A transcrição produz uma grande molécula de mRNA que pode ser recombinada de várias maneiras para produzir as múltiplas isoformas de fibronectina. 

Os domínios da fibronectina ligam-se a diferentes moléculas, como colágeno, heparina, e a receptores específicos na superfície de vários tipos de células. O principal módulo, chamado repetição tipo III da fibronectina, liga-se às integrinas. Tem cerca de 90 aminoácidos de comprimento e ocorre pelo menos 15 vezes em cada subunidade. 

As proteínas transmembrana da família das integrinas funcionam na adesão das células à matriz extracelular. Pela extremidade extracelular, ligam-se a um componente da matriz (por exemplo, a fibronectina).  Pelo domínio intracelular, ligam-se indiretamente à actina através de proteínas de ancoragem como a talina, filamina, vinculina e a–actinina. 
 

Integrinas 

A ancoragem de células animais à matriz extracelular requer proteínas transmembrana que agem como receptores de proteínas da matriz (colágeno, fibronectina, laminina) e as conectam a proteínas do citoesqueleto.  A principal família destas proteínas de conexão é a das integrinas. Elas exercem não só a função de adesão, mas informam às células o caráter da matriz extracelular à qual estão aderidas. 

Uma molécula de integrina é composta por um heterodímero de duas subunidades glicoproteicas (a e b), associadas não covalentemente, que atravessam a membrana plasmática. As subunidades variam em diferentes tipos celulares e podem ter diferentes especificidades de adesão aos ligantes. A ligação depende de íons divalentes, cálcio ou magnésio. São conhecidas pelo menos 24 tipos de subunidades a  e 9 de b.  Diferentes combinações entre elas garantem ampla variedade de integrinas. 

Proteínas matriciais são reconhecidas por múltiplas integrinas. Pelo menos 8 integrinas se ligam a fibronectina e 5 à laminina. Por exemplo, a5b1 é um receptor para fibronectina e a6b1 é um receptor para laminina. A importância das b1 integrinas é demonstrada pelo fato de que camundongos mutantes que não as produzem sequer se implantam no útero. Os que não sintetizam a subunidade a7 desenvolvem distrofia muscular. 

As integrinas funcionam como integradores entre proteínas do citoesqueleto e da matriz extracelular.  Intracelularmente, a maioria das integrinas liga-se a filamentos de actina. A integrina a6b4, encontrada em hemidesmossomos, é uma exceção, pois se liga a filamentos intermediários, com interposição da proteína plectina.   Depois que a extremidade extracelular da integrina reconhece proteínas da matriz, a cauda citoplasmática da subunidade b liga-se a várias proteínas de ancoragem, incluindo talina, filamina e a–actinina. Estas se ligam à actina, diretamente ou através de outras proteínas, como a vinculina. Desta forma, a integrina é fixada aos feixes de actina logo abaixo da membrana celular. Estas ligações podem levar a agrupamentos das moléculas de integrina e formação de adesões focais entre a célula e a matriz extracelular. 

Fonte:  Alberts B et al (Eds) Molecular Biology of the Cell. 4th Ed, Garland Science, New York, 2002. pp 1103-5 e 1113-5.  Figuras abaixo redesenhadas a mão livre e adaptadas da mesma obra. 

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Células neoplásicas - citoplasma. 

As células eram grandes, com citoplasma abundante, compactamente preenchido por vários tipos de organelas, como retículo endoplasmático rugoso, ribossomos livres ou em rosetas (polirribossomos ou polissomos), mitocôndrias, complexo de Golgi, e elementos do citoesqueleto. 

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Células neoplásicas - núcleo. 

As células continham geralmente um ou dois núcleos no plano de corte. A membrana nuclear era lisa em trechos e altamente irregular em outros, produzindo profundas dobras e indentações, que não raro originavam pseudoinclusões intranucleares (abaixo). A cromatina era frouxa e bem distribuída, com  maior concentração na periferia do núcleo. Em algumas células havia nucléolo. 

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Nesta pseudoinclusão,  observam-se ribossomos e um pequeno segmento de retículo endoplasmático rugoso, típicas organelas citoplasmáticas, indicando que se trata, efetivamente, de uma lingüeta de citoplasma insinuando-se em uma dobra da membrana nuclear. 
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Pseudoinclusões. 

As pseudoinclusões resultam de dobras profundas da membrana nuclear (ou carioteca) que, em virtude do plano de corte, parecem encontrar-se totalmente no interior do núcleo. Na verdade, fora daquele plano há comunicação com o citoplasma.  Na pseudoinclusão é possível observar-se componentes do citoplasma, inclusive vários tipos de organelas. Nem sempre a textura ou distribuição destas é semelhante à do citoplasma vizinho, pois a estreiteza da comunicação pode criar um gargalo com efeito de válvula. 

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Agradecimentos. Caso gentilmente contribuído pelos Drs. Antonio Augusto Roth Vargas,  Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff e Marcel Ramos Olivatto, Hospital Santa Casa de Limeira, Limeira, SP.   Estudado conjuntamente com a Profa. Dra. Eliane Maria Ingrid Amstalden, especialista em Patologia Óssea e de Partes Moles do Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP.  Preparações de microscopia eletrônica pelas técnicas Marilúcia Ruggiero Martins e Mayara Rodrigues Linares Silva.  Depto de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP. 
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 Para mais imagens deste caso, e textos : fibroma condromixóidefibronectina, integrinas TC / RM HE
Colorações especiais IH - VIM, 1A4, HHF-35 IH - CD56,  S100,  CD34,  Ki67,  p53 ME
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