Melanocitoma de região selar
1. Macro, HE e colorações especiais

 
Primeira biópsia, maio de 1999 
Há duas biópsias deste tumor, com intervalo de 5 anos. 
A primeira biópsia  mostrava neoplasia de aspecto benigno, riquíssima em pigmento melânico.  As células tinham limites nítidos, arranjadas de forma compacta ou ao longo de eixos conjuntivo-vasculares, lembrando epitélio cilíndrico simples. Em locais menos melanizados, os núcleos mostravam-se regulares, com nucléolo evidente, sem atipias ou mitoses. Não foram observadas áreas de necrose. Havia numerosos macrófagos com citoplasma abarrotado de pigmento (melanófagos), principalmente em localização perivascular.  O diagnóstico na época foi de melanocitoma,  excluindo-se um adenoma de hipófise. A possibilidade de um melanoma metastático foi considerada improvável devido às feições histológicas benignas. Estudos imunohistoquímicos foram superponíveis aos da segunda biópsia e serão apresentados conjuntamente em outra página, juntamente com a microscopia eletrônica
Área menos melanizada. Nesta região era possível visualizar melhor as características celulares, pela menor quantidade de grânulos de melanina no citoplasma das células neoplásicas. Células eram cúbicas ou cilíndricas, freqüentemente em monocamada. Núcleos eram regulares com nucléolo evidente. Ausência de atipias e mitoses. Macrófagos destacavam-se pelo contorno arredondado e pela grande concentração de pigmento no citoplasma. 



 
 
Segunda biópsia, agosto de 2004 
ESPÉCIME  CIRÚRGICO.  A amostra, enviada a fresco sobre um retalho de luva, chamava atenção pela cor negra.  O restante do material, recebido já em formol, consistia de vários fragmentos também negros, friáveis, que, ao corte, mostravam uma aparente cápsula e traves fibrosas. 

 
Lâmina escaneada. 

Uma das lâminas de HE está reproduzida em aumento fraco para demonstrar a arquitetura geral do tumor. O tecido neoplásico formava lóbulos separados por traves de tecido fibroso denso. Em trechos, parecia haver uma cápsula limitante externa. 

O tumor neste segundo espécime era menos rico em melanina que a amostra de 5 anos atrás (acima). Persistia o caráter epitelial em arranjo sólido. Traves fibrosas eram proeminentes e, freqüentemente, continham aglomerados de macrófagos com abundante pigmento marrom (parte melanina, parte hemossiderina, ver Perls).
Células  neoplásicas.  Em  parte tinham forma poligonal e arranjo sólido, e em áreas formavam epitélio cilíndrico regular em camada única sobre eixos conjuntivo-vasculares. A quantidade de grânulos de melanina variava, desde quase ausente até abundante a ponto de obscurecer o núcleo. Os grânulos eram pequenos, redondos e uniformes. Os núcleos eram regulares, com cromatina grosseira e nucléolo evidente. Não havia atipias, multinucleação ou figuras de mitose, sugerindo tumor de lento crescimento. 
Macrófagos. Formavam aglomerados, mais proeminentes nas traves fibrosas em focos. Eram mais densamente pigmentados que as células neoplásicas. 

 
COLORAÇÕES  ESPECIAIS
Fontana-Masson.   Técnica de impregnação argêntica para demonstrar melanina, tornando negros os grânulos marrons.  A coloração de fundo (vermelho neutro) cora principalmente os núcleos. 
Perls. A reação histoquímica do ferrocianeto férrico ou Azul da Prússia demonstra grupos Fe+++ em azul escuro. É habitualmente usada para revelar hemossiderina. Os grânulos de hemossiderina também são marrons e, embora mais grosseiros e refringentes,  podem ser indistinguíveis da melanina, especialmente quando ambas estão associadas. Aqui, a reação mostra que todo o pigmento no citoplasma das células neoplásicas é melanina, mas os macrófagos contêm melanina e hemossiderina. A hemossiderina é um complexo de proteínas e ferro de valência +++ e, no caso, deriva das hemorragias freqüentes neste tumor. 

 
Para mais imagens deste caso:  TC e RM,  evolução de 6 anos Imunohistoquímica, microscopia eletrônica
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