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2. Imunohistoquímica e microscopia eletrônica |
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Das
várias reações testadas,
a única positiva foi vimentina,
um filamento intermediário ubiquitário e inespecífico.
Foi notável a negatividade para HMB-45, tido como um dos antígenos mais específicos e sensíveis para células melânicas, e para S-100, proteína habitualmente expressada por células originadas na crista neural, o que inclui os melanócitos. Essas reações foram repetidas em 3 blocos diferentes, inclusive um da primeira biópsia de 5 anos atrás, com resultados consistentemente negativos, que estão em contraste com a habitual positividade referida na literatura. Aventamos duas possibilidades: ou os melanossomos neste caso em particular são realmente negativos, ou poderiam ser positivos, com o produto da reação, que tem cor marrom, obscurecido pela melanina. Foram ainda negativas as reações para antígenos epiteliais (AE1AE3, CK7, CK20, EMA), com exceção de CEA (positivo focal), antígenos musculares (1A4, desmina), e todos hormônios hipofisários (GH, PRL, FSH, LS, TSH, ACTH). Ki67marcou raros núcleos. Abaixo, imagens escaneadas de algumas das lâminas. VIM é a única positiva. |
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Abaixo, comparar HMB-45 com AE1AE3, que funciona como controle negativo, já que as células não são de origem epitelial. Não se nota diferença. O mesmo é verdade entre S-100 e Ki-67, na segunda fileira. As áreas escuras correspondem a melanina e também são notadas na lâmina de HE (acima). | |
VIM. Positivo difuso e forte no citoplasma das células neoplásicas. A positividade é em filamentos intermediários do citoplasma, e não nos melanossomos. | |
CEA. Antígeno cárcino-embriônico, positivo focal no citoplasma das células neoplásicas. | |
HMB-45. Negativo no citoplasma das células neoplásicas. O que se observa são apenas os grânulos de melanina com sua cor normal e os núcleos celulares corados levemente por hematoxilina. | |
S-100. Mesmo resultado de HMB-45. | |
Controle interno positivo. Tecido nervoso comprimido na periferia do tumor é positivo para S-100. | |
AE1AE3. Pancitoqueratina. Negativo. | |
1A4. Actina de músculo liso. Negativo. | |
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Melanossomos.
O conceito de que a síntese de melanina ocorre em uma organela especializada dos melanócitos, chamada melanossomo, foi proposto por Seiji et al. em 1961. Atualmente é aceito que os melanossomos são originados de vesículas do complexo de Golgi e que contêm a enzima tirosinase, sintetizada no retículo endoplásmico rugoso. A tirosinase cataliza a oxidação do aminoácido incolor tirosina a DOPA (3,4-dihidroxifenilalanina). As melaninas são polímeros pigmentados destas substâncias. O melanossomo estágio I ainda não contém melanina. É uma vesícula limitada por membrana e, por sua morfologia incaracterística, não pode ser diagnosticado pela sua ultraestrutura apenas. Tem atividade tirosinásica. No estágio II, ou de pré-melanossomo, a organela assume forma ovóide e aparecem inclusões estriadas paralelas, geralmente perpendiculares ao maior eixo, com uma periodicidade de 10 nm. Pode também haver estruturas espirais ou em zigue-zague, cuja interpretação tridimensional é difícil. No estágio III começa a depositar-se pigmento melânico na forma de grânulos fortemente eletrodensos, que terminam por preencher totalmente a organela, tornando-a homogênea, sem vestígio da estrutura interna inicial (melanossomo estágio IV ou grânulo de melanina). Há variações desta morfologia, com melanossomos granulares ou lamelares. Nos estágios finais de evolução o melanossomo não tem mais atividade tirosinásica. |
Estágios
no
desenvolvimento de melanossomos.
Redesenhado a partir de um esquema por Fabrizzio Remotti em Bhuta, 1997. |
Nos melanócitos
observam-se apenas melanossomos solitários ou isolados. Nos
macrófagos que fagocitam grânulos de melanina (melanófagos)
observam-se melanossomos compostos, que são melanossomos
agregados ou aglutinados nos lisossomos do macrófago.
Além dos melanossomos, os melanócitos têm outras feições ultraestruturais dignas de nota:
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No presente caso de melanocitoma, as células tumorais têm aspecto epitelial, com contorno poligonal, e estão apostas entre si sem substância intersticial ou membrana basal. |
A quantidade de melanossomos varia muito entre as células, desde praticamente ausentes a abundantes. Os núcleos têm cromatina frouxa e, em várias, nucléolo evidente. |
Não se notam junções intercelulares, como desmossomos. Em células pobres em melanossomos, o citoplasma é claro, com vesículas, e poucas organelas. Estas imagens foram obtidas de material fixado em formol por alguns dias, sem fixação em glutaraldeído. |
Nesta célula
rica em melanossomos, quase todos estão no estágio IV, ou
seja, com saturação da organela por melanina, que é
fortemente eletrodensa.
Outros exemplos abaixo. |
Microvilosidades.
Uma feição chamativa no presente caso eram pequenas cavidades entre as células neoplásicas, preenchidas por microvilos. O aspecto lembra as rosetas verdadeiras dos ependimomas mas não foram encontrados cílios ou corpos basais, característicos daqueles tumores neuroectodérmicos. |
Neste campo,
um capilar colabado (luz não aparente) está envolto em membrana
basal entre células neoplásicas contendo melanossomos. Adjacente
ao capilar, uma cavidade preenchida por microvilos das células tumorais.
Outros exemplos de microvilos nas figuras abaixo. |
Tumores
Melânicos Primários do Sistema Nervoso Central.
Os melanócitos que ocorrem normalmente na leptomeninge (mais numerosos na base cerebral, bulbo e medula espinal cervical) podem originar tumores melânicos primários do sistema nervoso central. Estes podem ser benignos (melanocitomas) e malignos (melanomas malignos primários do SNC), observando-se raros exemplos com características intermediárias. Os tumores melanocíticos primários podem ocorrer como proliferações difusas ou massas circunscritas, da adolescência à velhice. Devem ser distintos das metástases intracranianas de melanoma maligno, que são muito mais comuns. As lesões difusas (melanomatose meníngea) afetam principalmente crianças e podem estar associadas a lesões pigmentadas da pele, participando do complexo chamado melanose neurocutânea. Podem expressar-se macroscopicamente com coloração cinza a negra das leptomeninges. As lesões circunscritas podem ocorrer em qualquer local, mas há preferência pela leptomeninge basal em adultos. São tumores solitários, bem delimitados, com pigmentação variável até negra como carvão. Melanocitomas Correspondem aos tumores histologicamente benignos, com poucas mitoses (< 1 por 10 campos de grande aumento) e baixo índice de marcação por Ki-67 (< 1-2% dos núcleos). Incidência. Ocorrem em qualquer idade (9 a 71 anos), com predomínio na 5ª. década e no sexo feminino (2:1). A localização predominante é no canal espinal e fossa posterior (locais com maior concentração de melanócitos nas leptomeninges). Na série de 17 casos de Brat et al. (1999) houve 5 casos supratentoriais, dos quais 3 envolviam o cavo de Meckel. A localização dos melanocitomas foi praticamente superponível à dos melanomas primários na mesma série de tumores melânicos primários do SNC (33 casos). Exames de imagem. Tumores fortemente pigmentados podem mostrar hipersinal em T1, causado pela própria melanina. Ver RM do presente caso. Microscopia. O aspecto histológico varia de fusocelular a epitelióide, com arquitetura difusa, lobular, em feixes que se entrecruzam e, freqüentemente, lembra os melanomas oculares. As células tendem a ter núcleos grandes e vesiculares com nucléolo proeminente. A quantidade de pigmento melânico também varia, chegando a ser tão abundante que obscurece o núcleo. Mitoses e necrose são incomuns. Imunohistoquímica. Positividade para S-100 e HMB-45, freqüentemente forte (mas foram negativas no presente caso, ver acima. São também positivos para vimentina, mas negativos para marcadores epiteliais (EMA, queratinas), GFAP e neurofilamento. Microscopia eletrônica. As células contêm melanossomos em vários estágios de maturação. Não apresentam complexos juncionais, prolongamentos interdigitantes nem membrana basal. Prognóstico. Na série de Brat et al (1999) (17 casos de melanocitomas) não houve recidivas após ressecção cirúrgica (comparado com 8 recidivas dentre 13 melanomas primários do SNC). Já na opinião de Jellinger et al (2000), melanocitomas, mesmo sem feições anaplásicas, tendem a sofrer recidiva local e podem ser localmente invasivos, especialmente para osso. Fontes
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Para mais imagens deste caso: | TC e RM, evolução de 6 anos | Macro, HE, colorações especiais |
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