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É a infecção
pelo Toxoplasma gondii, um protozoário
coccídio e parasita intracelular obrigatório. É disseminada
nas regiões tropicais e temperadas, e nos vários níveis
sócio-econômicos.
Epidemiologia.
Contato prévio com o parasita, indicado por anticorpos séricos,
pode ser constatado geralmente em mais da metade da população
adulta (p.ex. 71% dos doadores de sangue em São Paulo). A grande
maioria das infecções é assintomática.
O hospedeiro definitivo e completo do toxoplasma é o gato onde o parasita apresenta dois tipos de ciclo reprodutivo: o sexuado, nas células epiteliais da mucosa intestinal (dito ciclo enteroepitelial) e o assexuado, em outros tecidos, sem envolver gametas. No ser humano, mamíferos não felídeos, aves e répteis ocorre apenas o ciclo assexuado. O toxoplasma pode apresentar três formas de evolução: 1) Os taquizoítos (ou trofozoítos) são formas de reprodução rápida, encontrados nos tecidos durante a infecção aguda. São capazes de invadir qualquer tipo de célula (exceto hemácias) onde se reproduzem por endodigenia (brotamento interno de dois organismos) até que a célula hospedeira morra, liberando centenas de novos taquizoítos que invadem outras células. Com o aparecimento da resposta imune, os taquizoítos virtualmente desaparecem, mas persistem no interior de certas células na forma de cistos. 2) Os microrganismos contidos nos cistos são chamados bradizoítos (ou merozoítos) por serem formas de multiplicação lenta ou de repouso. Admite-se que a cápsula do cisto se desenvolva a partir da própria célula hospedeira, daí o cisto ser referido como pseudocisto. Os pseudocistos medem entre 10 e 100 mm, podem conter centenas de parasitas compactamente agrupados e persistir indefinidamente em qualquer tecido. Têm importante papel na transmissão, quando ingeridos pelo homem ou carnívoros. 3) Oocistos são formas produzidas exclusivamente nas células da mucosa intestinal do gato e eliminados nas fezes. Os gatos podem adquirir a infecção por ingestão de carne contaminada por pseudocistos ou de oocistos eliminados por outros gatos e presentes no solo. Quando se infectam pela primeira vez podem eliminar milhões de oocistos, que têm grande importância na disseminação da parasitose. Cerca de 1% dos gatos excretam oocistos nas fezes. No solo, em condições favoráveis de umidade e temperatura, os oocistos sofrem esporulação e tornam-se infectantes, permanecendo viáveis por até cerca de um ano e meio. A infecção humana pode ocorrer por: a) Ingestão de oocistos presentes em locais onde vivem gatos. Podem ser veiculados por água, verduras e insetos. b) Ingestão de carne mal-cozida contendo pseudocistos, em especial carne suína ou ovina. Estima-se que nos Estados Unidos pseudocistos estão presentes em 25% da carne suína para consumo humano. c) Por via placentária. Ocorre só quando a mãe adquire a infecção durante a gravidez. Os trofozoítos atingem a placenta por via sanguínea. É responsável pela forma congênita da toxoplasmose. Patogênese. 1) Na forma adquirida por via oral, os microrganismos liberados de oocistos ou de pseudocistos penetram na mucosa intestinal, ganham os linfáticos e são disseminados por via sanguínea a todo o organismo, onde parasitam qualquer tipo de célula. As células invadidas morrem, liberando novos parasitas. Em alguns dias, com o aparecimento da imunidade humoral e celular, os trofozoítos vão desaparecendo, mas persistem como bradizoítos em pseudocistos. Estas formas de resistência podem perdurar indefinidamente, principalmente em tecido nervoso, retina, músculo cardíaco e esquelético. Quando há queda de resistência, especialmente em imunodeprimidos, pode haver reativação da doença ou dos parasitas. 2) Em relação à forma congênita, a mãe só transmite a toxoplasmose ao feto se sofrer primo-infecção durante a gravidez. A infecção é mais comum em primigrávidas jovens. Só cerca de 10% das mulheres infectadas têm infecção sintomática (febre, mal estar, linfadenomegalia). • Mesmo quando há a infecção placentária, só menos da metade dos fetos a adquire.Ultrapassada a placenta, a infecção no feto se dissemina por via sanguínea, atingindo todos os tecidos. Há invasão das células endoteliais, especialmente de pequenos vasos, causando vasculite, trombose e necrose desses, com necrose e hemorragias nos órgãos. Há especial afinidade do toxoplasma para o SNC e olho. Os parasitas podem permanecer encistados indefinidamente e serem novamente liberados, causando outras lesões. Clínica da toxoplasmose congênita Pode ser
de gravidade muito variada.
Na grande
maioria dos casos, a doença ao nascimento é subclínica.
As seqüelas só são detectadas após dias ou semanas
e geralmente se restringem ao SNC e olhos.
As crianças que sobrevivem podem ainda apresentar graus variáveis de retardamento mental, déficits neurológicos e cegueira. Anatomia Patológica Nos casos mais graves pode haver necrose de extensas áreas ou de todo o encéfalo, transformado em papa. Mais comumente, as lesões não são tão graves. Quando há muita necrose, o volume do cérebro pode estar diminuído por reabsorção do produto necrótico, resultando em microcefalia. Porém, geralmente há leptomeningite crônica com fibrose das leptomeninges da base e da convexidade, que causa hidrocefalia (macrocefalia). A hidrocefalia também pode resultar de lesões no epêndima, principalmente do aqueduto de Sylvius. Nos casos menos graves o volume cerebral é normal. A principal alteração são lesões necróticas amareladas e calcificadas, observadas já externamente no córtex. Ao corte são bem delimitadas, com centro necrótico firme e calcificado. Podem também estar liquefeitas e císticas. Há inflamação
crônica das leptomeninges e do tecido nervoso.
As lesões
oculares podem ser congênitas ou desenvolver-se
após o nascimento. O olho pode ser o único órgão
em que a doença tenha manifestação clínica.
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