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ALTERAÇÕES
PATOLÓGICAS DOS NEURÔNIOS
A) Necrose. Praticamente todas as alterações patológicas dos neurônios são regressivas e a mais importante é a necrose. A causa mais comum é anóxia, geralmente por isquemia, daí o termo alteração celular isquêmica. O neurônio necrótico tem volume diminuído, núcleo picnótico e ovalado ou cariolítico. O citoplasma perde a basofilia normal e os corpúsculos de Nissl, passando a eosinófilo. Esses caracteres são os mesmos de qualquer outra célula necrótica. O neurônio necrótico pode sofrer lise ou, mais raramente, pode calcificar-se mantendo a silhueta do corpo celular e dos dendritos. B) Retração. A retração celular é uma alteração comum, em que o neurônio diminue de volume, o núcleo torna-se picnótico e o citoplasma mais basófilo que o normal. Esta alteração pode representar grave lesão celular, mas o mesmo aspecto pode também ser produzido por manipulação do tecido nervoso a fresco e corresponder, portanto, a artefato. Daí a cautela necessária em sua interpretação. C) Atrofia. Como outras células, o neurônio pode sofrer redução do volume celular, atingindo principalmente o citoplasma. Esse processo de atrofia simples é de evolução lenta e observado em várias doenças degenerativas do SNC, como a esclerose lateral amiotrófica. Nesta doença, de causa desconhecida, os neurônios motores do corno anterior gradualmente atrofiam e desaparecem, tendo como conseqüência atrofia muscular, paralisias e morte. Os neurônios atróficos freqüentemente contêm abundante lipofuscina, daí o termo atrofia pigmentar. D) Cromatólise central. A secção do axônio pode causar no neurônio alterações conhecidas como cromatólise central ou reação axonal: o corpo celular sofre tumefação, com desaparecimento dos corpúsculos de Nissl na porção central da célula e deslocamento do núcleo para a periferia. Estas alterações são geralmente reversíveis e interpretadas como um estado de metabolismo aumentado para favorecer a regeneração do axônio. Alteração semelhante pode ser observada em certas lesões crônicas do neurônio como, por exemplo, na pelagra. E) Armazenamento. O citoplasma do neurônio pode acumular substâncias nas doenças de armazenamento. Em um grupo destas doenças, denominadas esfingolipidoses, o material acumulado é um esfingolípide, cujo tipo varia conforme a enzima lisossômica deficitária. São exemplos a doença de Tay-Sachs ou idiotia amaurótica familial (acúmulo de gangliósides) e a doença de Niemann-Pick (esfingomielina). Seja qual for a doença, os neurônios ficam volumosos, com contornos arredondados (aspecto abalonado) e o núcleo torna-se picnótico e deslocado para a periferia. O acúmulo pode provocar disfunção crônica e morte da célula. F)
Alteração
neurofibrilar de Alzheimer.
Esta alteração patológica ocorre em muitos neurônios,
especialmente do hipocampo e córtex cerebral, na doença
de Alzheimer, uma demência progressiva de causa desconhecida
que afeta pacientes de ambos sexos, mais comumente após a 7a década.
Porém é vista, em menor número de neurônios,
como parte do processo normal de envelhecimento. Há deposição
no citoplasma dos neurônios de uma proteína fibrilar, com
características tintoriais de amilóide, que se impregna por
prata, dando ao neurônio aspecto característico em chama de
vela. O amilóide gradualmente ocupa lugar das organelas e do núcleo,
causando morte da célula.
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DAS CÉLULAS DA GLIA ASTRÓCITOS GEMISTOCÍTICOS E FIBROSOS Os astrócitos têm como uma de suas funções principais a cicatrização do tecido nervoso após lesões diversas, papel semelhante ao dos fibroblastos em outros tecidos. Para isto os astrócitos, tanto protoplasmáticos quanto fibrosos, sofrem hipertrofia e hiperplasia. O citoplasma torna-se abundante, nítido, eosinófilo e homogêneo. O núcleo desloca-se para a periferia e, freqüentemente, observa-se binucleação. Estes astrócitos volumosos são denominados astrócitos gemistocíticos e são indicação segura de lesão do tecido nervoso. (O nome deriva da palavra alemã gemästete, que significa engordado.) Os astrócitos
gemistocíticos sintetizam copiosas quantidades da proteína
específica dos astrócitos, a GFAP, que forma fibrilas
no citoplasma destes. Ao longo de alguns meses, o volume do citoplasma
diminue e as fibrilas se condensam, assumindo aspecto refringente, eosinófilo,
que caracteriza o astrócito fibroso patológico
(não confundir com o astrócito fibroso normal). Assim, um
astrócito gemistocítico gradualmente se transforma em astrócito
fibroso, cujo volume é menor, mas cujas fibrilas permanecem visíveis
em HE. Após meses ou anos, os astrócitos fibrosos podem diminuir
em número e muitos desaparecem, mas as fibrilas gliais ficam permamentemente
no tecido, agora em localização extracelular.
Denomina-se
gliose
o aumento no número e/ou volume dos astrócitos e deposição
de fibrilas gliais no tecido nervoso central. Uma área de gliose
recente contém muitos astrócitos gemistocíticos. Em
uma área de gliose antiga o tecido tem aspecto ricamente fibrilar,
sendo as fibrilas delicadas e eosinófilas. Contudo, há poucos
núcleos, pois a maioria das células desapareceu. É
o achado mais comum na vizinhança de infartos, hemorragias e abscessos,
meses ou anos após a fase aguda da lesão.
OLIGODENDRÓGLIA A
oligodendróglia sofre por anóxia a tumefação
aguda, que é a formação de um amplo vacúolo
em volta do núcleo por entrada de água na célula.
O aspecto é classicamente comparado ao de um ovo frito. A
tumefação aguda é freqüente em material de autópsia
e, neste caso, é interpretada como artefato decorrente de alterações
metabólicas agônicas.
A micróglia, derivada do mesoderma, é a representante do sistema mononuclear fagocitário (ou sistema retículo-endotelial) no SNC. Sua transformação patológica mais freqüente é a célula grânulo-adiposa, que tem as características de um macrófago com citoplasma vacuolado. É a forma fagocitária ativa da micróglia, encontrada no tecido nervoso após vários tipos de lesão como infartos e hemorragias. A micróglia, que normalmente é uma célula alongada, sofre retração de seus prolongamentos, o citoplasma distribui-se ao redor do núcleo, tomando forma arredondada e fagocitando restos celulares e baínhas de mielina degeneradas. Como o tecido nervoso é muito rico em lípides, os vacúolos coram-se em vermelho pelo escarlate R (corante para lípides). Após exercer sua função, as células grânulo-adiposas migram para os espaços perivasculares e ganham a luz de vênulas, sendo eliminadas por via sanguínea. A maioria das células grânulo-adiposas provêm de monócitos do sangue e não de células microgliais pré-existentes. Outra forma reacional da micróglia é a célula em bastonete, encontrada nas encefalites crônicas. A micróglia mantém sua forma, mas torna-se maior, com prolongamentos mais longos e retilíneos. Na HE, o que chama a atenção é o aumento do comprimento do núcleo, que assume forma em bastão, daí o nome da célula. Os prolongamentos são reconhecíveis só em impregnação pela prata. As células em bastonete são melhor observadas no córtex cerebral e no hipocampo, p.ex., na paralisia geral sifilítica. Em certas encefalites, as células microgliais ativadas podem formar pequenos aglomerados, os nódulos gliais, que, embora inespecíficos (ocorrem em encefalites por vírus, por protozoários como o Toxoplasma ou por fungos como a Candida), testemunham a natureza inflamatória do processo. Também, quando um neurônio morre acometido por um vírus (como na poliomielite), as células microgliais fagocitam ativamente os restos necróticos, formando um pequeno nódulo glial: o fenômeno é denominado neuronofagia. EPÊNDIMA Outra célula constituinte do tecido nervoso é a célula ependimária, que forma um epitélio cilíndrico simples, o epêndima, que reveste todo o sistema ventricular do encéfalo e o canal central da medula espinal. No feto, as células ependimárias são ciliadas, perdendo os cílios progressivamente na vida pós-natal. Uma vez lesadas, p.ex., por agentes inflamatórios, não se regeneram, ficando o ventrículo naquele ponto revestido somente por astrócitos fibrosos, um aspecto conhecido como ependimite granulosa. As células ependimárias podem ainda originar tumores (ependimomas). |
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mais em: Banco de imagens:
tecido patológico: neurônios, astrócitos, micróglia
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