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As outras
substituições são no carbono 3.
As esfingomielinas resultam quando no carbono 3 do ceramido há um ácido fosfórico e colina (fosforilcolina). |
Estes lípides complicados são constituintes essenciais de membranas, colaborando nas suas propriedades físico-químicas. Como todos os constituintes celulares, os esfingolípides são continuamente sintetizados e degradados. Tanto a via de síntese como a de degradação contêm séries de enzimas, o resultante de uma reação sendo o substrato da próxima. Se uma das enzimas falta, a molécula não é sintetizada, é imperfeita, ou não é degradada. |
As esfingolipidoses são doenças de armazenamento em que há acúmulo de material intracitoplasmático em vários tipos de células por deficiência de enzimas lisossômicas. Normalmente as enzimas degradam esses lípides complexos (os esfingolípides) numa seqüência de reações de hidrólise, em que o produto de uma reação é substrato da enzima seguinte. Quando uma das enzimas falta (geralmente por um defeito autossômico recessivo), toda a cadeia é interrompida, e há acúmulo do substrato da enzima deficiente. Entre os exemplos mais comuns estão as doenças de Niemann-Pick e Gaucher, e a forma infantil da idiotia amaurótica familial, ou doença de Tay-Sachs. Doença de Tay-Sachs (Idiotia amaurótica familial infantil ou gangliosidose GM2). Nesta doença autossômica recessiva, a deficiência de hexosaminidase A leva a acúmulo de gangliosídeo GM2 em neurônios de todo o SNC, inclusive os da retina. As células ficam abalonadas e vão degenerando progressivamente. Na retina, a região da mácula, que tem menor número de corpos celulares, destaca-se ao exame do fundo de olho como área mais vermelha (Sinal de Tay, ou da mácula em cereja). A doença cursa com amaurose (cegueira) precoce e severo retardamento mental. É percebida já no primeiro ano de vida e leva à morte em 1 a 2 anos. Por quê a mácula fica com aspecto em cereja? A mácula lútea é a parte da retina onde se produz a visão de alta definição (centro do campo visual). Nesta região há apenas uma das camadas da retina, a de cones e bastonetes. As outras camadas só aparecem na periferia da mácula. Portanto, a mácula é mais fina que o resto da retina. Como há acúmulo de gangliosídeos nos neurônios de todas as camadas retinianas, a retina fica espessa e mais pálida ao exame oftalmoscópico. Normalmente a cor vermelha que se vê no fundo do olho é dada pela coróide, a camada altamente vascularizada que nutre a retina. Na gangliosidose há espessamento de toda a retina, menos da mácula, onde há poucas células. Por isso, a mácula continua vermelha e contrasta com o aspecto mais pálido da periferia da retina.
A mácula em cereja não é patognomônica
da doença de Tay-Sachs, podendo ser observada em outras doenças
de armazenamento como a de Niemann-Pick (acúmulo de esfingomielina
por deficiência de esfingomielinase, outra enzima lisossômica).
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Em microscopia óptica, o material acumulado (gangliosídeo) distende acentuadamente os corpos celulares dos neurônios, dando-lhes aspecto abalonado. O núcleo é deslocado para a periferia da célula. O gangliosídeo não se cora em HE (fica róseo bem pálido) mas cora-se com PAS devido à presença de grupos açúcar na molécula. Isto ajuda no diagnóstico histológico. | |
Microscopia eletrônica: o material armazenado é composto por corpúsculos constituidos por membranas em vários arranjos. Na fig. da E. têm aspecto concêntrico, em bulbo de cebola. À D., têm arranjo paralelo, sendo chamados de 'zebra bodies'. Seja qual for a morfologia, os corpúsculos são originados em lisossomos, que não conseguem direrir o material armazenado (no caso um gangliosídeo), por falta congênita e geneticamente determinada de uma enzima (no caso a hexosaminidase A). |
Ceroido-lipofuscinose, outro
exemplo
de doença de armazenamento
no SNC.
Atrofia cerebral na ceroido-lipofuscinose à direita, comparada com um cérebro normal de paciente da mesma idade. |
Atrofia de giros no lobo frontal |
Em corte: alargamento dos sulcos e hidrocefalia 'ex-vacuo'. |
Atrofia do córtex cerebelar. |
Córtex cerebelar: redução da espessura por perda de células e das fibras de mielina (estas, em azul). |
NEURÔNIOS DO CÓRTEX CEREBRAL | |
Córtex cerebral : neurônios têm corpúsculos de material armazenado no citoplasma, corados em azul. |
Idem, detalhe. Material incluído em plástico. Corte de 1 mícron de espessura, corado por azul de toluidina. |
O material corado em azul escuro está armazenado no citoplasma do corpo celular e de axônios (por isso aparece alongado). |
Idem, detalhe. Corte corado pelo metodo do luxol fast blue, que cora mielina em azul. Além disso, corou também o produto de armazenamento. |
Os pontos brilhantes são neurônios do córtex cerebral contendo lípide que fluoresce em verde na luz ultravioleta. |
Idem, detalhe. Corte de parafina com 6 micra de espessura, examinado sem coloração diretamente em luz ultravioleta. |
Idem, detalhe. Notar imagem negativa dos núcleos, que aparecem em escuro porque o material autofluorescente está presente no citoplasma apenas. | Em microscopia eletrônica, os corpúsculos intracitoplasmáticos são densos e de contorno irregular. |
Vários corpúsculos têm um vacúolo mais claro delimitado por uma membrana única. | O aspecto morfológico do material armazenado é muito semelhante ao da lipofuscina. |
NEURÔNIOS MOTORES DO CORNO ANTERIOR DA MEDULA ESPINAL | |
Neurônios motores do corno anterior da medula espinal contendo lípide (área clara no citoplasma). Método de Nissl em corte de parafina. |
Neurônios motores contendo lípide (área escura no citoplasma). Coloração para lípide pelo sudão black em corte de congelação. |
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Lípide no interior de dendritos de células de Purkinje toma forma de fusos ou torpedos. Corte de congelação corado por PAS. |
Atrofia intensa da retina, devida ao desaparecimento das células sensitivas. destruidas pelo acúmulo de lípide. Corte de parafina corado por HE. |
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