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Fem. 27 a. A lesão documentada na ressonância deu aos cirurgiões a impressão de uma metástase, e foi retirada in toto. A existência de plano de clivagem com o tecido nervoso reforçou aquela hipótese. |
Espécime. Fragmento aproximadamente esférico, esbranquiçado, superfície externa irregular, com cerca de 2,5 cm de diâmetro, consistência firme e elástica. Uma das faces apresentava um sulco que dividia o espécime em duas metades aproximadamente iguais, mas não o atravessava completamente. Em cortes perpendiculares, ficou claro que se tratava de um sulco entre dois giros cerebrais. |
Ao corte,
observavam-se dois giros contíguos e o sulco entre eles. A distinção entre substância cinzenta e branca estava borrada. A substância branca na profundidade do sulco estava fortemente hiperemiada e com pontos hemorrágicos. Parecia haver plano de clivagem com o tecido cerebral limítrofe. |
Lâminas
escaneadas
dos fragmentos acima confirmaram a impressão macroscópica de dois giros e um sulco, o qual continha vasos da leptomeninge. Vasos perfurantes oriundos da meninge penetravam em ângulo reto no córtex cerebral. Praticamente todo o fragmento mostrava necrose coagulativa, exceto na margem externa, onde foram encontrados pequenos vasos com intensa vasculite e pseudocistos de Toxoplasma gondii em meio ao infiltrado inflamatório crônico. |
Outro bloco,
com alterações semelhantes. |
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Pseudocisto. Já nesta rápida preparação, feita por esmagamento de 1 mm3 de tecido a fresco entre duas lâminas, com deslizamento de uma sobre a outra, foi encontrado um pseudocisto, constituído por microrganismos nucleados e individualizados por membrana. O aspecto era altamente sugestivo de bradizoítos de Toxoplasma gondii. | |
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Vasculite.
Os cortes de congelação em criostato foram realizados em uma orla de tecido retirada da periferia da lesão no ato cirúrgico. Como as alterações significativas estavam justamente na margem, foi possível fechar o diagnóstico de toxoplasmose durante o ato operatório. Os cortes de parafina confirmaram os achados a posteriori. Dois elementos foram fundamentais - a vasculite e o encontro dos parasitas. |
Congelação. - Vasculite. A vasculite era o elemento histológico mais proeminente, e praticamente todos pequenos vasos das meninges e córtex estavam afetados. Em alguns, notava-se forte espessamento da parede vascular por células inflamatórias crônicas, levando à perda da arquitetura e impossibilidade do diagnóstico do tipo de vaso original. Havia também correspondente redução ou obliteração da luz, o que levou à extensa necrose coagulativa notada na maior parte do tecido examinado. No vaso mostrado logo abaixo foi encontrado um pequeno grupo de taquizoítos (parasitas livres), mas isto era excepcional. Na grande maioria os microrganismos estavam em pseudocistos. | |
Vasos com necrose. A riquíssima patologia vascular na toxoplasmose se deve ao tropismo dos toxoplasmas pelas células endoteliais, levando à necrose destas, trombose, infiltração das paredes vasculares por fibrina, e atração de grande contingente de células inflamatórias crônicas. A obliteração disseminada de pequenos vasos é que produz a necrose do tipo coagulativo, pois impede a chegada de células do sangue responsáveis pela fagocitose (monócitos, macrófagos). Comparar com a necrose liqüefativa vista comumente nos infartos cerebrais, recentes e antigos. | |
Infiltrado inflamatório perivascular. Constituído por células inflamatórias crônicas (linfócitos, plasmócitos, macrófagos). Um curioso vaso com 4 luzes foi atribuído a trombose recanalizada. | |
Congelação.
- Pseudocistos.
Os pseudocistos originam-se em células que foram parasitadas por toxoplasmas e morreram, transformando-se em bolsas com grande conteúdo de parasitas na forma de bradizoítos. A ruptura destes pseudocistos libera os microrganismos no tecido como taquizoítos, que vão procurar novas células a invadir e parasitar. |
Pseudocistos. Em alguns pseudocistos favoráveis, os parasitas estavam melhor individualizados, permitindo distinguir núcleo e citoplasma, este alongado e, por vezes, levemente recurvado, o que originou o nome do gênero (toxon = arco). Também é notada a ausência de blefaroplasto, pois os organismos não são ciliados ou flagelados. Comparar com as leishmânias do Trypanosoma cruzi. | |
Congelação. - Neurônios necróticos. Em alguns campos ainda era possível observar neurônios necróticos, notados pela picnose nuclear e eosinofilia do citoplasma, em meio ao infiltrado inflamatório. | |
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Parafina
- Aspecto geral.
A parte interna do espécime era dominada por extensa necrose coagulativa, que envolvia todos os elementos do tecido nervoso, inclusive vasos. Na periferia eram observados pequenos vasos com espessamento da parede e infiltrado inflamatório crônico exuberante. Entre eles foram encontrados vários pseudocistos de toxoplasma. |
Parafina. Vasculite. As alterações em vasos se caracterizavam por infiltrado inflamatório crônico, tanto perivascular como infiltrando a parede, que se tornava espessa, levando a restrição acentuada ou obliteração da luz (endarterite obliterante). Em outros, havia necrose da parede. O tecido nervoso em volta estava profundamente afetado pela infiltração inflamatória e alterações reacionais nos astrócitos. | |
Vasos na necrose. Na área de necrose coagulativa, até grandes vasos mostravam-se totalmente necróticos, com alteração fibrinóide da parede e obliteração da luz. No tecido em volta não se notam mais células. O fenômeno de necrose coagulativa deve-se à ausência total de circulação no tecido pela obstrução da microcirculação. | |
Parafina. Pseudocistos. Foram observados vários, já discutidos nos cortes de congelação acima. Trata-se de parasitas (bradizoítos) encistados em células que sofreram invasão e necrose. Não é possível saber que tipo de célula lhes deu origem, mas, entre as possibilidades, estão macrófagos e astrócitos. | |
Agradecimentos. Caso estudado conjuntamente com o residente de 3º. ano do Departamento de Anatomia Patológica da FCM-UNICAMP, Dr. Luiz Gustavo Ferreira Côrtes. Preparações histológicas de congelação pelo técnico Guaracy da Silva Ribeiro. Preparações histológicas de parafina pelos técnicos Aparecido Paulo de Moraes e Viviane Ubiali. |
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