Glioblastoma  multiforme 
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Nesta página, HE e colorações especiais (tricrômico de Masson e reticulina)
Na página seguinte, imunohistoquímica e nota histórica.
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Aspecto geral do tumor.  O que logo chama a atenção numa lâmina de glioblastoma é a alta celularidade (concentração de núcleos tumorais por unidade de área). As células tendem a ser pequenas, alongadas, com limites indefinidos, seus prolongamentos curtos formando uma delicada trama fibrilar de fundo, característica dos gliomas.  É muito comum a existência de vasos proliferados, que se destacam como estruturas mais densas, altamente ramificadas e tortuosas. Há atipias nucleares, mas células gigantes, grotescas ou multinucleadas podem não ocorrer. Geralmente não há problema em reconhecer figuras de mitose já em aumento médio. 
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Mitoses.  Numerosas, e neste espécime, quase sempre típicas. As figuras abaixo correspondem a metáfases, variando a inclinação da placa metafásica em relação ao plano do corte. 
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Proliferação vascular.  Os capilares, pouco proeminentes em tecido nervoso normal, aqui passam a chamar muito a atenção pela multiplicação das células endoteliais. Os núcleos destas tornam-se grandes, com cromatina frouxa e, ocasionalmente, nucléolos. A luz vascular é reduzida ou obliterada, levando à formação de estruturas cordonais, às vezes semelhantes a glomérulos do rim (ver CD34). 
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Trombose.  Os vasos proliferados têm anormalidades das células endoteliais que propiciam a trombose, um fenômeno particularmente comum neste caso. 
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Necrose.  A necrose coagulativa, como em outros tumores malignos, resulta da rápida taxa de proliferação celular e também das anomalias vasculares com trombose, que causam isquemia do tecido.  Curiosamente, a anóxia é também uma causa da secreção de VEGF, o hormônio que induz proliferação endotelial (abaixo), instalando um ciclo vicioso. 
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Caráter infiltrativo. 
Pequeno fragmento útil para demonstrar o caráter infiltrativo da neoplasia. No lado E a celularidade é maior que a D, formando um gradiente contínuo, devido às células neoplásicas que infiltram o córtex a partir da E. Notar que, na extremidade D onde a celularidade é baixa, mesmo assim a proliferação vascular é proeminente. 
A proliferação vascular pode ser proeminente mesmo na periferia do tumor, onde a concentração de células neoplásicas é menor. Isto ocorre porque as células endoteliais proliferam em resposta a estímulos hormonais parácrinos, isto é, à secreção de VEGF (vascular endothelial growth factor) pelas células neoplásicas. O hormônio pode atingir os capilares próximos antes de haver infiltração evidente.
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Detalhe de área de  córtex cerebral infiltrada.

A densidade celular não é muito grande e as células neoplásicas têm caráter mais estrelado e menos fusiforme, reforçando a trama fibrilar de fundo. Neurônios pré-existentes são notados em meio ao tumor. 

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COLORAÇÕES  ESPECIAIS
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Tricrômico de Masson.  Cora colágeno em azul, dando idéia da quantidade de tecido fibroso no tumor. As células neoplásicas se coram em vermelho (núcleos em roxo). Áreas de necrose também em vermelho. 
Ao lado, um campo na periferia de uma grande área de necrose coagulativa. Entre esta e o tumor viável à D, uma faixa de tecido fibroso denso, ricamente vascularizada. Trata-se de uma área de cicatrização, reacional à necrose, em tudo análoga a uma cicatrização por segunda intenção, após formação de tecido de granulação. 
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Estas áreas de fibrose cicatricial secundárias à necrose nos glioblastomas são também chamadas estruturas terciárias de Scherer, e devem ser vistas como uma reação à necrose.  [Obs.  As chamadas estruturas secundárias de Scherer correspondem a acúmulos de células neoplásicas em barreiras naturais:  pia-máter, epêndima e em volta de neurônios (satelitose) e vasos. Não estão presentes neste espécime].  Para mais sobre este assunto, clique.
Este tecido fibroso jovem, comparável a um tecido de granulação, tem numerosos capilares com núcleos endoteliais grandes e aspecto telangiectásico (dilatado, irregular), e infiltrado inflamatório crônico inespecífico em meio ao colágeno. 
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Células grânulo-adiposas.  São macrófagos, aqui situados em uma fina orla entre o tecido fibroso e a necrose coagulativa. Fagocitam restos necróticos e estão vivos pela proximidade com os vasos do tecido fibroso que, como dito acima, equivale a um tecido de granulação.  Um pouco mais adiante (à E, na foto), a falta de oxigenação é maior e nem os macrófagos sobrevivem, instalando-se a necrose do tipo coagulativo. 
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Vasos anômalos. 

Este grande vaso na margem da necrose tem parede espessa e fibrótica, e está ocluído por trombo, que adentra o ramo à E. 

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Proliferação vascular.  No tricrômico de Masson, as estruturas vasculares glomerulóides apresentam o tecido entre os vasos com cor azul, denotando fibras colágenas. 
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Reticulina. A impregnação argêntica de Gomori para fibras reticulínicas as demonstra em negro como finas linhas, mas as fibras colágenas também aparecem, em tom avermelhado e mais espessas.  Abaixo o tecido fibroso cicatricial visto acima com tricrômico de Masson. 
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Proliferação vascular. Os vasos proliferados destacam-se pelo conteúdo de fibras reticulínicas, que demonstram bem o contorno irregular e as múltiplas luzes dos pseudoglomérulos. 
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Este assunto na graduação Características de imagem dos glioblastomas
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