Genética.
As amiotrofias espinais são um grupo de doenças autossômicas
recessivas associadas a um gene no cromossomo 5, chamado gene da sobrevivência
do motoneurônio (survival motor neuron gene ou SMN).
Há deleção deste gene em 98% dos pacientes com AE.
A deleção do gene vizinho neuronal apoptosis inhibitory
protein ou NAIP está associado com a forma clínica
mais grave (doença de Werdnig-Hoffman).
Clínica.
A intensidade varia conforme os tipos da doença. De modo geral,
há fraqueza muscular simétrica, afetando mais os membros
inferiores que os superiores, e músculos proximais mais que os distais.
Nervos cranianos tendem a ser poupados, exceto nos casos mais severos.
Ausência de alterações sensitivas ou relacionadas ao
trato piramidal.
A forma
mais comum e mais grave é a doença de Werdnig-Hoffman
ou amiotrofia espinal tipo 1. Manifesta-se já ao nascimento
ou nos primeiros meses de vida e geralmente é fatal aos 3 anos.
A paralisia no tronco, inclusive musculatura intercostal, e nos membros
é muito acentuada. A criança não consegue levantar
a cabeça nem manter-se sentada. A dificuldade respiratória
pode obrigar à instalação de ventilação
assistida. Movimentos ativos dos membros limitam-se às pernas e
pés, e antebraços e mãos. A paralisia é maior
nos membros inferiores. Ausência de reflexos ósteo-tendíneos.
A face é relativamente poupada e pode parecer normal, mas há
dificuldade na deglutição e o choro é fraco.
Essas crianças geralmente morrem nos primeiros anos de vida por
insuficiência respiratória ou infecções.
Os tipos
2 e 3 são formas menos intensas. No tipo 3, também
conhecido como doença de Kugelberg-Welander, o início
é mais tardio e chega a haver aquisição da marcha.
A fraqueza é mais intensa nos músculos proximais dos membros
inferiores.
Fisiopatologia.
A perda do gene SMN, isoladamente ou em associação com NAIP,
leva a apoptose dos motoneurônios em número maior que
o habitual, já na vida intrauterina nos casos mais graves. A deficiência
destas células nos cornos anteriores da medula ou nos núcleos
bulbares causa as amiotrofias. Lembrar que a apoptose dos motoneurônios
é em si um fenômeno normal do desenvolvimento, pois são
formados inicialmente em número maior que o necessário. Só
os motoneurônios que estabelecem conexões funcionantes com
fibras musculares sobrevivem, os demais sofrem apoptose. Na amiotrofia
espinal este 'desbaste' é excessivo. |