Hemorragia  subependimária  e intraventricular 
do  prematuro

 
Incidência.  É o achado neuropatológico mais comum em cérebros de prematuros. Sua incidência em recém-nascidos pesando até 1500 g, ou com idade gestacional de até 34 semanas, varia de 26 a 80 % em vários serviços. O risco aumenta com o grau de prematuridade. São raras em recém-nascidos a termo. A hemorragia ocorre geralmente entre 5 e 35 horas após o parto.

Clinicamente, quase sempre são crianças com Apgar baixo, cianose e crises de apnéia, muitas necessitando ressuscitamento artificial.
Quando a hemorragia é volumosa, pode traduzir-se por palidez, hipotensão, hipotermia, bradicardia e convulsões. Pode haver queda no hematócrito, se a quantidade de sangue extravasado for grande. Segue-se deterioração progressiva do estado geral, insuficiência respiratória, quadriparesia flácida, postura decerebrada e coma, com êxito letal geralmente antes das 40 horas de vida.
O diagnóstico geralmente é feito por ultrasonografia.

Macroscopicamente, a localização da hemorragia é logo abaixo do epêndima dos ventrículos laterais, próxima ao foramen de Monro, no sulco entre o núcleo caudado e o tálamo, onde corre a veia terminal.
Geralmente a hemorragia é bilateral e pode ser assimétrica. Pode ser pequena, restrita à região subpendimária, mas comumente é grande e rompe o epêndima, inundando o ventrículo lateral ou todo o sistema ventricular. Estende-se à cisterna magna e ao espaço subaracnóideo.

A patogênese das hemorragias subependimárias e intraventriculares é muito discutida, entrando em jogo fatores anatômicos e fisiológicos.

a) Um ponto importante seria a anatomia da região periventricular no prematuro. O sangramento ocorre na região da matriz germinativa subependimária, constituida por células muito imaturas que ainda estão em fase de migração para originar neurônios e glia em outros locais do SNC. Este tecido é extremamente frágil e não oferece suporte mecânico aos vasos aí situados. Estes consistem de uma única camada de células endoteliais sobre membrana basal tênue e descontínua, e sem tecido conjuntivo ou estroma de suporte.

b) Outro fator seria a anóxia, que os prematuros apresentam pelo insuficiente desenvolvimento dos alvéolos pulmonares, e pela doença da membrana hialina, também freqüente nos mesmos. A anóxia lesa células endoteliais, que são altamente dependentes de metabolismo oxidativo, como demonstrado por uma população de mitocôndrias 3-5 vêzes maior que em endotélio de outros locais.

c) Um terceiro fator seria flutuações na perfusão cerebral, causadas por instabilidades hemodinâmicas, e distúrbios da autoregulação do fluxo sanguíneo cerebral nas primeiras horas após o nascimento. Nestas crianças são comuns episódios de apnéia, bradicardia, instabilidade pressórica, hipóxia e acidose. Uma variação brusca na pressão poderia desencadear hemorragia num tecido altamente vulnerável como a matriz subependimária.


 
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