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(texto de apoio) |
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A distrofia muscular de Duchenne é a forma mais comum e severa de distrofia muscular, determinada pelo gem da distrofina, situado no braço menor do cromossomo X (herança ligada ao sexo). A incidência é cerca de 1 para 3500 nascidos vivos do sexo masculino. A fraqueza afeta os músculos proximais dos membros antes dos distais, e os membros inferiores antes dos superiores. O menino se queixa de dificuldade para correr, subir escadas, instabilidade na marcha e tendência a cair. O quadro é notado já quando a criança começa a andar. São características o aumento de volume das panturrilhas, escápula alada e hiperlordose. O aumento de volume das panturrilhas parece decorrer do grande esforço a que os gastrocnêmios são submetidos para compensar o déficit dos músculos antero-laterais das pernas e para auxiliar o equilíbrio na marcha digitígrada que estes pacientes apresentam. Há amiotrofias predominantemente nas cinturas pélvica e escapular. O levantar miopático é evidenciado pela manobra de Gowers (ver fig. embaixo à D). Há progressão lenta com retrações tendíneas e perda da ambulação entre 8 e 12 anos, restrição a cadeira de rodas e morte em torno da idade de 20 anos por insuficiência respiratória ou broncopneumonia. Há também afecção do miocárdio. |
Ilustração original do trabalho de Duchenne, mostrando aumento de volume das panturrilhas, escápulas aladas e hiperlordose. | Paciente
com os mesmos sinais da fig. à E.
(Obs. ilustrações gentilmente cedidas pela Profa. Anamarli Nucci, Depto de Neurologia, FCM-UNICAMP.) |
A manobra clássica de Gowers. Para levantar-se do chão o paciente usa as mãos para 'escalar' as próprias pernas. |
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No músculo
esquelético normal em corte transversal e corado por HE, as fibras
musculares se arranjam em fascículos. O tecido conjuntivo
entre os fascículos chama-se perimísio. Normalmente
é frouxo e escasso, contendo vasos e nervos.
O tecido conjuntivo entre as fibras musculares de cada fascículo chama-se endomísio. É ainda mais frouxo e escasso que o perimísio e constituído apenas por fibras reticulínicas e capilares. |
A inervação do músculo é feita principalmente por axônios mielínicos, notados como filetes roxos (basófilos). Parte inerva as fibras musculares nas placas motoras, sendo os mediadores da contração muscular. Há também axônios sensitivos que inervam fusos neuromusculares e os órgãos tendíneos de Golgi permitindo o controle do tonus. |
No músculo normal as fibras têm diâmetro regular, e acomodam-se umas às outras tomando cortorno poligonal com ângulos arredondados. Os mionúcleos são periféricos, ocupando posição subsarcolemal. |
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Placas motoras são os pontos de contato entre o terminal nervoso motor e a fibra muscular. Cada fibra é inervada na sua porção média por apenas um axônio. Aqui, o axônio motor é visto como um ponto roxo (em corte transversal) envolvido por uma capa de perinêurio. O terminal nervoso propriamente dito não é visível em HE. Podem-se, porém, observar as células de Schwann que recobrem a placa. Na parte da placa constituída pela fibra muscular há uma orla basófila de mitocôndrias, numerosas neste local para dar suporte energético à transmissão neuromuscular. |
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Numa distrofia, as fibras musculares são frágeis devido
a anormalidades genéticas em proteínas que dão suporte
estrutural ao sarcolema. Em conseqüência, as fibras sofrem
rupturas do sarcolema e, portanto, necrose, já com o uso normal
do músculo.
As fibras necróticas têm capacidade de regenerar-se. Contudo, vários ciclos de necrose e regeneração induzem fibrose entre elas, tanto no peri- como no endomísio. Ao fim de alguns anos a regeneração eficiente vai diminuindo e o músculo gradualmente é substituído por tecido fibroadiposo. Na distrofia de Duchenne isto geralmente leva à morte em torno da idade de 20 anos por insuficiência respiratória. |
Além da fibrose, nota-se irregularidade no diâmetro das fibras musculares, havendo fibras desde atróficas até hipertróficas, isto é, maiores que as normais. As atróficas são provavelmente fibras cuja regeneração não foi bem sucedida ou que ficaram desnervadas. As hipertróficas estão 'tentanto compensar' a falta das demais (hipertrofia vicariante). |
Muitas fibras numa distrofia mostram alterações ditas 'miopáticas'. Entre estas estão a presença de núcleos internos (não mais em posição subsarcolemal) e splitting ou partição da fibra em duas ou mais através de uma fenda longitudinal. Isto acontece principalmente em fibras hipertróficas. |
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Porém, não permitem classificar os vários tipos de distrofia muscular hoje conhecidos. Para isso usam-se técnicas de imunofluorescência, imunohistoquímica e genética molecular. O número de entidades nosológicas, definidas pela alteração em uma determinada proteína estrutural, continua crescendo, pois o conhecimento das proteínas da fibra muscular é ainda muito incompleto. |
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