|
lesões de zona de fronteira arterial na substância branca |
|
Masc.
18 a, cor parda. Primeiro atendimento 8/94, com 7 anos.
Anemia falciforme diagnosticada na idade de 1 ano, sem intercorrências
até a presente internação. Nunca foi transfundido.
História de febre há 1 dia, sonolência, dificuldade respiratória e apatia. Apresentou convulsão tônica (espasticidade em MSD e MID, com desvio da rima bucal para a E, seguida de hemiparesia D). Diagnosticado AVC isquêmico secundário a crise de falcização. TC crânio (8/94) – AVCi lacunares. Evoluiu com estabilidade do quadro. Passou a tomar transfusões, e apresentou níveis tóxicos de ferritina (hemossiderose), necessitando terapia com quelante de ferro (Desferal®). Antecedentes familiares – pais têm traço falcêmico. Um irmão menor sem alterações. |
|
RM 10/2005
– Hipersinal no TR longo na substância branca cerebral nas regiões
periventriculares, coroas radiadas e centros semiovais, sem impregnação.
Áreas de hiposinal em T1/hipersinal em T2 nos putâmens e cápsula
interna D (lacunas). Alargamento de espaços perivasculares nos núcleos
da base. Córtex normal. Sulcos, cisternas e ventrículos com
morfologia normal e livres.
Conclusão – áreas seqüelares de infarto em zonas de fronteira arterial e putâmens. |
MELHORES
CORTES AXIAIS. As alterações mais
nítidas são vistas em T2 e FLAIR.
Em T2 há pequenas cavidades irregulares preenchidas por líquor, e, portanto, com hipersinal em T2, na topografia dos núcleos da base, cápsula interna e substância branca profunda dos hemisférios cerebrais. São chamadas lacunas e atribuídas a microinfartos. Aparecem como hiposinal em T1 e FLAIR, sendo menos nítidas nestas seqüências. Já em FLAIR, observa-se hipersinal na substância branca profunda dos hemisférios cerebrais afetando a região periventricular, as radiações anterior e posterior do corpo caloso (fórceps menores e maiores respectivamente), e a coroa radiada, obedecendo à distribuição da zona de fronteira entre as artérias cerebrais anteriores e médias. O hipersinal em FLAIR indica aumento da quantidade de água no tecido, associada a gliose e desmielinização por conta da lesão isquêmica crônica. |
||
T1 SEM CONTRASTE | T2 | FLAIR |
CORTES AXIAIS, DETALHES, T1 SEM CONTRASTE. Pequenos focos de lesão do tecido nervoso, principalmente na região dos núcleos da base e na substância branca profunda dos hemisférios, são chamados lacunas. Ocorrem também em lesões de pequenos vasos de outras causas, como a hipertensão arterial. Têm hiposinal em T1 e hipersinal em T2, com forma e contornos irregulares. | |
T1 | T2 |
|
ALARGAMENTO DOS ESPAÇOS DE VIRCHOW-ROBIN. | |
Este aspecto decorre de atrofia do tecido nervoso com alargamento ex-vácuo dos espaços perivasculares de Virchow-Robin em volta das artérias lentículo-estriadas. Estes tomam o aspecto crivoso (état criblé em francês), e dão hipersinal em T2 por estarem preenchidos por líquor. |
FLAIR (fluid attenuated inversion recovery) é a seqüência mais usada para lesões crônicas da substância branca, que cursam com gliose e/ou desmielinização. No caso, são lesões isquêmicas crônicas em zonas de fronteira arterial, que se estendem em faixa em sentido ântero-posterior entre os territórios das Aa. cerebrais anteriores e médias. Decorrem de estenose e/ou obstrução nos troncos principais do sistema carotídeo, causadas pela anemia falciforme. | |
Para discussão sobre as lesões cerebrais na anemia falciforme e sua patogênese, clique. | |
CORTES SAGITAIS, T1 SEM CONTRASTE. Lacunas aparecem como focos de hiposinal em T1. | |
DP. Vasos tortuosos e de diâmetro irregular na região do polígono de Willis e das Aa. cerebrais posteriores. Densidade de prótons (DP) é a melhor seqüência para visualização dos vasos porque estes se destacam em preto pela ausência de sinal (vazio de fluxo ou flow void) contra o acinzentado do tecido cerebral. | |
Este corte axial em T2 pelo rombencéfalo, quase perfeitamente simétrico, enfatiza a ausência de lesões na fossa posterior (cerebelo e tronco cerebral) na anemia falciforme. |
LIPOMA DE PLACA QUADRIGEMINAL - ACHADO DE EXAME. O pequeno lipoma de placa quadrigeminal (um hamartoma) aparece com forte hipersinal em todas as seqüências (aqui exemplificado em DP e T1), denotando seu conteúdo de lípides. É assintomático e sem relação com a anemia falciforme. Hamartomas são formações de tecido ectópico ou em quantidade anormal para a região onde se encontram. Não constituem neoplasias e não têm proliferação autônoma. | |
|
CORTES AXIAIS, T1 SEM CONTRASTE | |
T2 | ||
FLAIR | ||
DP | ||
CORTES CORONAIS, FLAIR | ||
CORTES SAGITAIS, T1 SEM CONTRASTE | |
|
|
|
|
|
Angiografia digital normal | Angiorressonância arterial normal (A) (B) | Angiorressonância venosa normal (A) (B) |
Neuropatologia
- Graduação |
Neuropatologia -
Estudos de casos |
Neuroimagem
- Graduação |
Neuroimagem -
Estudos de Casos |
Roteiro
de aulas |
Textos
de apoio |
Correlação
Neuropatologia - Neuroimagem |
Índice alfabético - Neuro | Adições recentes | Banco de imagens - Neuro | Textos ilustrados | Neuromuscular | Patologia - outros aparelhos | Pages in English |
|