PATOGÊNESE
DA DISSECÇÃO DA AORTA
Hipertensão arterial crônica. O
principal fator etiológico das dissecções da aorta
é a hipertensão arterial crônica. Esta enfraquece
a camada média, causando pequenos focos conhecidos como medionecrose
idiopática cística. Estes aparecem como pequenas fendas
ou cistos entre as lamelas elásticas da média, constituindo
pontos fracos que podem ceder ao impacto do pulso sanguíneo sistólico
(como papel rasga-se mais facilmente em uma área picotada). Uma
vez ocorrida a ruptura inicial, há pouca resistência à
progressão do hematoma intramural, que está em comunicação
com a luz da aorta. Estes pacientes encontram-se geralmente na sexta ou
sétima décadas da vida.
Síndrome de Marfan. Uma pequena parcela dos
aneurismas dissecantes ocorre em indivíduos jovens, portadores da
síndrome
de Marfan, de herança autossômica dominante (além
de casos esporádicos). A doença é causada por mutações
no gene da fibrilina, uma proteína componente do tecido elástico,
portanto abundante em artérias como a aorta, mas também em
ligamentos articulares e no globo ocular (nos ligamentos que prendem o
cristalino ao corpo ciliar). São pacientes excessivamente
altos, com articulações frouxas e hiperextensíveis,
e tendência a subluxação do cristalino (ectopia
lentis). Porém, as alterações mais perigosas são
o prolapso da valva mitral e a dilatação da aorta ascendente
devida à medionecrose cística. Morfologicamente, esta é
muito semelhante à observada nos pacientes idosos hipertensos e,
como nestes, propicia à dissecção da aorta, mas em
idade jovem.